Um grupo de bolsonaristas segue em vigília em frente a sede do Comando de Fronteira Jauru/ 66 Batalhão de Infantaria Motorizada na cidade de Cáceres- a 210 quilômetros a Oeste de Cuiabá-, um misto de romaria com alguns pronunciamentos, execução hino nacional, bandeiras, cartazes, um padre, pecuaristas, comerciantes e crentes pentecostais.
O quartel situado no Centro Histórico de Cáceres, ocupa uma área de aproximadamente 20 hectares com um efetivo de 1.100 homens entre oficiais e praças, permanece em silêncio sepulcral ante o clamor que murmuram os adeptos do bolsonarismo noutro lado das muralhas do Batalhão de Fronteira.
Inconformados com o resultado das urnas que elegeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstram total desconhecimento da missão constitucional das Forças Armadas do Brasil, que trazem seus regimentos disciplinares uma das principais orientações, na qual a política é tema proibido dentro da caserna, navios e submarinos.
No espaço da Praça onde os manifestantes ocupam há uma semana, tem uma equipe articulada para ofertar alimentos ( churrasco) à largura da boca, tanto que um caminhão frigorífico faz a reposição a todo instante.
O desempregado Luiz Fernando Ribeiro Filho (29), revelou que comparece duas vezes ao local- por razões óbvias- comer, ele disse que em toda sua vida nunca jamais e em tempo algum havia comido tanta carne, inclusive picanha, miolo de alcatra entre outros cortes finos ofertados gratuitamente a populares. Ribeiro Filho, confessa que chega a levar parte da "bóia" para a família. Ele revelou que torce pela persistência dos bolsonaristas ao menos até 31 de dezembro, até previu que ganharia uns quilos a mais na carcaça.
A reportagem entrou em contato com o responsável pela seção de relações públicas do Comando do Exército, sobre uma eventual nota à população, porém até o fechamento desta edição não houve retorno.
Em tempo a Organização Militar têm a frente o tenente coronel Leandro Basto Pereira, o primeiro que é natural da cidade a comandar batalhão, contudo, a exemplo seus pares em unidades país afora, segue "imunizado" aos berros além dos portões desse quartel.
A Constituição Federal define a função das Forças Armadas, e sua requisição para intervenção militar é vedada pela própria Carta Magna.
Num vídeo de grupos de WhatsApp aparece um homem esmurrando o portão que dá acesso ao pátio dos veículos de transporte e blindados do EB. Criativos e bem humorados, os pantaneiros já sugeriram cunhar o local de "muro das lamentações”, ou “murros das lamentações”.
O Exército Brasileiro em Cáceres é emblemático, cedeu homens para compor a Força Expedicionária Brasileira, (1939/1945) tendo um cacerense como herói e que dá nome ao estádio sargento Luiz Geraldo da Silva. Em julho de 1963, foi batalhão onde os generais daquela época pretendiam dar o Golpe e prender o então presidente João Belchior Marques Goulart, mas deram o bote errando, efetuando apenas a apreensão do jatinho de Jango, no aeródromo de Cáceres, a aeronave tinha capacidade de 17 passageiros, sendo 14 e mais piloto, copiloto e mecânico.
O Befron voltou a ser notícia quando foi cogitada que a prisão de Jânio Quadros seria nesse quartel de Cáceres MT, no entanto, após negociações Quadros foi mantido em cárcere no Hotel Santa Mônica em Corumbá.
Em setembro de 2000, o EB da Fronteira de Mato Grosso voltou a ser notícia na imprensa nacional.
O jornalista Bernardinho Furtado, Mineiro de Ubá, estampou na conceituada Revista Época, a Festa Junina do quartel que consumia 09 dias no mês junho, com louvor aos três Santos (Antônio, João e Pedro), o comandante era Arthur Mack da Silva, o Sultão, investigação do Alto Comando em Brasília, aboliu a festança e de lambuja descobriu que o militar tinha duas esposas, uma morava na mansão a margem da Praia do Daveron, enquanto que a outra gozava dos auspícios com honras pompas e circunstâncias no requintado Círculo Militar.