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23/12/2009 - 00:00

Dengue avança em Mato Grosso, segundo dados da SES

Por Jornal Oeste

Raquel Ferreira Da Redação Mato Grosso registrou 3.974 novas notificações de dengue em 20 dias, sendo que 1.029 casos ocorreram somente na última semana. Este ano, 48.049 pacientes foram infectados pela doença, que matou 55 pessoas. A última suspeita de vítima fatal trata-se do estudante Leonardo de Oliveira Pereira, 12, que foi enterrado ontem, em Cuiabá. Ele morava na rua Edu Gomes Monteiro, no bairro Verdão, onde já foram notificados 89 casos de dengue entre moradores, com uma morte confirmada em abril deste ano. Diante do cenário, a região foi foco de uma ação de bloqueio realizada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) na tarde de ontem. Todas as casas, em um raio de 400 metros da residência de Leonardo, receberam a visita dos agentes de saúde para verificação dos terrenos e eliminação de possíveis criadouros do mosquito. Porém, nem todos moradores são receptivos com o trabalho e muitos impedem a entrada dos funcionários da saúde nos quintais. O supervisor de campo dos agentes da dengue, Cleiton Almeida, destaca que a pessoa que proíbe a vistoria no terreno colabora com a situação epidêmica de dengue que o Estado enfrenta. Ele afirma que é impossível fazer um trabalho de campo completo sem a colaboração da população. "As visitas são rápidas, não atrapalha em nada o dia-a-dia do proprietário da residência. Além de verificarmos se existem os criadouros, fazemos também a orientação de como proceder diante dos primeiros sintomas da doença, o que deve ser feito para impedir que o mosquito nasça e colocamos veneno nas caixas de água". Segundo Cleiton, o vizinho de Leonardo se recusou a abrir o portão para os agentes, mesmo sabendo da gravidade do problema. "Atualmente, melhorou bastante a recepção, mas ainda tem quem não deixa os agentes entrarem". A bióloga Ana Paula de Campos Silva, do Centro de Controle de Zoonoses, explica que o bloqueio é feito em 2 etapas: na primeira é realizada a vistoria dos terrenos, bloqueio com larvicidas, coleta de larvas e orientação. A segunda etapa é realizada com pulverização de veneno nas casas. A bióloga garante que o trabalho é feito em toda cidade e recebe um reforço quando ocorre alguma notificação de paciente com a doença. Quando notificado algum caso, segundo Ana Paula, a família do paciente é entrevistada para saber em quais locais a vítima pode ter sido picada pelo mosquito transmissor. Em seguida, os agentes iniciam as visitas em todas as casas do quarteirão e nas quadras vizinhas, abrangendo um raio de 400 metros. "Mesmo com o quadro epidêmico tem pessoas que não permitem a entrada. Os agentes são orientados a conversarem, pois não podemos entrar sem autorização". As residências fechadas - seja por não ter ninguém em casa ou por estarem para alugar - também atrapalham o trabalho dos agentes. Cleiton afirma que muitas casas com piscina que estão para aluguel são verdadeiros focos de criadouro do mosquito. Ele lembra que a água parada é um atrativo para o mosquito depositar seus ovos e gerar novos vetores da dengue. Até mesmo uma pequena reserva de água, que parece ser inofensiva, pode ser um criadouro em potencial, como o foco encontrado da casa da aposentada Ana Benta Bispo, 77, visitada pela agente Dirce da Silva Carmim. O criadouro havia se instalado em uma roda de carro utilizada para guardar a mangueira de água. Dona Ana ficou triste ao ver as larvas em seu quintal, afirmando ter bastante cuidado para evitar a proliferação do mosquito, que também havia depositado ovos (que se transformaram em larvas) em uma lata de tintas cheia de água. A aposentada comentou ainda que ninguém da família teve a doença, que matou o menino Leonardo, por quem ela tinha bastante carinho. Bom exemplo - Com bastante receptividade, a aposentada Miguelina dos Santos Nascimento, 70, abriu a porta sorridente para a equipe de agentes, a mesma porta que possui 2 controles repletos de registros das visitas ao longo dos anos, desde 2002. A casa com quintal amplo possui caixas de água com tampas, várias plantas e dispõe ainda de um jardim de inverno, tudo devidamente limpo e sem vestígios de focos. Ela conta que tem a maior preocupação para evitar a proliferação do mosquito, mas lamenta que nem todos os vizinhos se comportem da mesma maneira. Assim como os outros moradores da rua Edu Gomes Monteiro, Miguelina lamentou a morte do menino Leonardo, com quem o neto mais velho costumava brincar. Terreno baldios - Embora as secretarias de saúde afirmem que 80% dos criadouros do mosquito estejam dentro das casas, aparentemente pouco vem sendo feito para garantir a limpeza dos 20% disponíveis em terrenos baldios de Cuiabá, onde são contabilizados mais de 35 mil lotes com donos, porém ociosos. A bióloga Ana Paula conta que os agentes de dengue recolhem apenas os materiais que ficam na beira dos terrenos, sendo que o cuidado mais amplo é de competência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Smades). Segundo o coordenador de fiscalização da Smades, José Maria de Assunção, o trabalho de identificação de proprietários, notificação para limpeza e aplicação de multa por falta de limpeza, calçada e muros é um processo demorado, feito a médio e longo prazo. Ele destaca que em 2009 foram feitas 1.852 ações nos lotes, entre notificações e multas. O número de ações representa pouco mais de 5% do total de terrenos.
 
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