Notícias / Mato Grosso

10/02/2022 - 11:52

Federação dos Pescadores divulga manigfesto contra a construção de um porto em Cáceres

Por Lázaro Thor Borges

Ilustração

 (Crédito: Ilustração)
Pescadores profissionais e artesanais de Mato Grosso vão realizar uma série de mobilizações nesta quinta-feira (10) contra medidas que consideram prejudiciais a atividade pesqueira e ao meio ambiente. 

Uma das primeiras mobilizações será a entrega de um manifesto durante reunião do Conselho Estadual de Pesca (Cepesca), que ocorre às 8 horas de forma virtual. Depois os pescadores e vão se reunir com o deputado Wilson Santos (PSDB) para discutir políticas públicas para o setor. 

As ações são organizadas pela Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado de Mato Grosso (Fepesc-MT), pelo o Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (Fonasc), por colônias de pescadores do estado e demais organizações não governamentais. 

“Indagamos e queremos respostas sobre os impactos socioambientais negativos decorrentes  da proposição de construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs no rio Cuiabá e demais rios da Bacia do Alto Paraguai; fechamento de trechos de rios para os pescadores artesanais profissionais, como no caso da tentativa de impedir a pesca no rio Cuiabazinho e Manso”, diz trecho do manifesto assinado pelos pescadores e suas organizações parceiras. 

O manifesto também critica a proposta de construção de um porto em Cáceres, chamado porto do Barranco Vermelho. A proposta foi aprovada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema). Segundo os pescadores, essa é uma forma de tentar viabilizar a hidrovia no rio Paraguai, que já foi “proibida por duas vezes” pelo governo federal. 

“Não podemos nos calar frente às evidentes ações concretas e muitas tentativas para inviabilizar a pesca amadora e artesanal profissional, sustento e lazer de milhares de famílias mato-grossenses”, diz outro trecho do manifesto. “Há uma crise em curso, disputa voraz pelos recursos naturais como água e peixe, e também está clara a necessidade de exigirmos nossos direitos constitucionais de acesso aos recursos água e peixe, que são bens públicos”, completa o manifesto. 

Leia o manifesto completo
 
MANIFESTO DOS PESCADORES E PESCADORAS PROFISSIONAIS – ARTESANAIS DE MATO GROSSO

Fevereiro/2022

Na atual conjuntura de dois anos de pandemia, a ausência de políticas públicas de incentivo ao setor pesqueiro em Mato Grosso e no Brasil, demonstram tratamentos diferenciados em relação a outros setores econômicos, desrespeitos e injustiças aos povos e comunidades tradicionais  dadas pelo hidronegócio, aquicultura e empresários de turismo que promovem a exclusão dos pescadores profissionais e amadores (pesca difusa), com total apoio  dos poderes legislativo e executivo. 

 No último dia 02 de fevereiro celebrou-se o Dia Mundial das Áreas Úmidas, uma data emblemática para os que lutam e sonham com a conservação do Pantanal uma das maiores áreas úmidas do mundo, que conta com determinação constitucional para sua conservação para as gerações atuais e futuras. Todavia angústia e indignação são os sentimentos que fundamentam a escrita deste manifesto. 

Na semana do dia 02 de fevereiro algumas atrocidades estão sendo impetradas contra o segmento da pesca e elas evidenciam qual o lugar ocupado pelos Povos e Comunidades Tradicionais e pela Biodiversidade, no atual governo do estado de Mato Grosso. Lugar este apenas compreendido como de obstáculo à efetivação dos desmandos de alguns, inclusive de agentes públicos.  

Nós, a Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado de Mato Grosso – FEPESC/MT, o Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas - FONASC, colônias de pescadores, organizações não governamentais e demais parceiros, indagamos e queremos respostas sobre os impactos socioambientais negativos decorrentes  da proposição de construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs no rio Cuiabá e demais rios da Bacia do Alto Paraguai; fechamento de trechos de rios para os pescadores artesanais profissionais, como no caso da tentativa de impedir a pesca no rio Cuiabazinho e Manso; proposta indecorosa de proibição da pesca amadora que sustenta e serve como ótimo lazer para milhares de famílias no estado de Mato Grosso, a ser avaliada no próximo dia 10/fevereiro no Conselho Estadual de Pesca - CEPESCA; o licenciamento para a construção de um porto no rio Paraguai retomando o velho e requentado projeto de Hidrovia, JÁ PROIBIDO POR DUAS VEZES pelo governo federal (1996 e 2000) e com determinação recente do Superior Tribunal de Justiça – STJ da NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE ESTUDOS DENOMINADOS AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA; o Decreto N° 796, de 22 de janeiro último,  diminui  o número de ONGs no Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CEHIDRO, além do mesmo nunca ter garantido a participação da FEPESC/MT neste colegiado; e por fim, a total ausência de fomento financeiro ao setor da pesca artesanal profissional por parte do governo.

Não podemos nos calar frente às evidentes ações concretas e muitas tentativas para INVIABILIZAR A PESCA AMADORA e ARTESANAL PROFISSIONAL, sustento e lazer de milhares de famílias mato-grossenses. Há uma crise em curso, disputa voraz pelos recursos naturais como água e peixe, e também está clara a necessidade de EXIGIRMOS NOSSOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE ACESSO AOS RECURSOS ÁGUA E PEIXE, QUE SÃO BENS PÚBLICOS!!!

Comentários

inserir comentário
4 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

  • por Otacílio Borges, em 11.02.2022 às 15:11

    Quem mais devasta o rio são os pescadores profissionais e artesanais. A maioria não respeita a piracema e captura peixes de qualquer tamanho. Isto ninguém vê, ou melhor, só não vê quem não quer. Basta viajar de barco pelo rio para ver isto. São um bando de hipócritas fingindo de santos.

  • por Cáceres, em 11.02.2022 às 07:52

    Sobre os 3 residenciais que está surgindo em Cáceres proximo ao rio, estão tendo esta vigilância? Sobre o residencial Dom Máximo tiveram? Todos os dejetos serão lançados no rio sem o mínimo tratamento, e a vigilância? As cidades são os maiores destruidores dos rios. E tem um agravante, a coleta de água fornecida na cidade está abaixo dos esgotos e que irá aumentar.

  • por Amélia Alves Almeida, em 10.02.2022 às 13:35

    Todos ignóbeis esquerdistas usa esse mantra : São bens públicos desde que só eles possa usar... Quando outros que não pertence a suas ideologias da socialização da miséria faz uso desse mesmo bem público, todos são contra. Seu idiota isso não é bem público!

  • por Professor aposentado, em 10.02.2022 às 13:28

    Noventa e nove por cento desse povo que diz ser da federação só conhece o Rio em Barco de luxo cheio de acompanhante igualmente de luxo e aí vem com esse papo de defender pescadores artesanais. Estão defendendo mesmo é quem financia suas vidas boas às custas dos miseráveis .

 
Sitevip Internet