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22/12/2009 - 00:00

Quase 63 mil esperam em MT esperam por consulta médica

Por Jornal Oeste

Edilson Almeida Redação 24 Horas News Que Deus tenha misericórdia! E ore para o que próximo não seja você. Porque é só mesmo apelando para a entidade divina para resistir e manter a esperança de que um dia uma “alma santa” apareça e coloque fim da agonia, a angústia e a dor de quase 63 mil pessoas em Mato Grosso que se encontram na “fila de espera” do Sistema Único de Saúde (SUS) aguardando a vez de realizar uma mísera consulta médica. E não é para dor de cabeça. São pessoas que enfrentam algum tipo de enfermidade classificada como de média e alta complexidade, isto é, que exige cuidados especiais, que trás elevado nível de preocupação com a vida. O número de gente esperando por uma consulta, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pela Comissão Parlamentar de Inquérito criada pela Assembléia Legislativa com a finalidade de investigar para onde vai o dinheiro do contribuinte endereçado para cuidar da saúde do cidadão, é de exatos 62.867. Se tudo correr como vem demonstrando, chega ao 31 de dezembro com esses pouco mais de 100 que faltam para completar a marca de 63 mil. É muita vida na completa amargura. Os dados da miséria humana mal tratada pelo Estado não para nisso. A CPI já mostrou que 4 mil estão cadastrados esperando a vez de se submeter a uma cirurgia. Os doutores chamam de “cirurgia eletiva”, aquela que não se reveste das características de urgência ou emergência, ou seja, quando ele não está sob o risco de vida imediato ou sofrimento intenso, podendo ser efetuada em data uma escolhida por ele ou pelo médico, desde que esta data não comprometa a eficácia do tratamento. Exemplo: o sujeito quebrou o braço, mas na recuperação ficou torto e precisa de uma correção. Nesse caso, se quiser, espere ou pague um particular se tiver dinheiro. O Sistema Único de Saúde revela ainda alguns dados que podem ser classificados como crueldade. Por exemplo: 117 pessoas faleceram sem chegar a um centro cirúrgico, segundo o deputado estadual Sérgio Ricardo (PR), presidente da CPI, que se mostra indignado com os números e os dados do sistema. Por mais que o SUS apresente o outro lado da moeda, ato muito comum usado pelos gestores para mostrar que o sistema é bom, deixar 117 morrerem a espera de uma cirurgia soa de forma sombria. Que fosse um já seria demais. Na semana passada, 15 nomes apareceram com a chancela de óbito porque não conseguirem fazer cateterismo. E o cidadão que estiver indignado com tamanho disparate, relaxe: a solução não vem a curto prazo. Por mais que a proposta do presidente da CPI seja de “zerar” a fila – que pode ser chamada tanto de “fila em busca da vida” como “fila da morte” que dá no mesmo – a questão parece ser complexa do ponto de vista da execução. Pelo menos foi o que ficou demonstrado nesta segunda-feira na reunião da CPI com os secretários Agostinho Moro, do Estado, e Maurélio Ribeiro, de Cuiabá. O apelo do político foi dramático, quase melodramático: “Não podemos mais aceitar esta situação caótica. E a CPI da Saúde quer uma solução. Fomos eleitos para defender a sociedade mato-grossense e é isso que estamos fazendo” - enfatizou. Ele sugeriu ainda a compra do Hospital das Clínicas e uma nova contratação do Hospital Geral Universitário (HGU) como alternativas para ampliar os leitos em UTIs e de centros cirúrgicos e consequentemente, zerar as filas de cirurgias. Agostinho Moro e Maurélio Menezes, a rigor, se conheceram na reunião da CPI. Até então, sabiam da existência um do outro apenas pelo noticiário. Mais tarimbado com o Legislativo e experiente no campo pelo tempo de militância Mouro, comentou que está avaliando e irá discutir com Maurélio Ribeiro a questão das cirurgias e da contratação de serviços dos hospitais filantrópicos. “Precisamos verificar não só a compra de um hospital, mas o custeio dele. Por isso vamos dialogar e chegar a uma solução. A partir de agora vamos trabalhar juntos sem intervenções políticas porque nosso partido é o SUS” – prometeu. Maurélio, que recém assumiu a vaga no lugar de Luís Soares, disse que está se interando agora. “Sabemos que existem leitos, vagas para exames e cirurgias, mas não temos recursos suficientes para pagar pelos serviços” - explicou, admitindo que os números são, de fato, alarmantes.
 
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