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20/12/2021 - 05:55

José Wenceslau: impostos em média de 45% e políticos olhando para o próprio umbigo

Por Rafaela Maximiano

Assessoria

 (Crédito: Assessoria)
“O que esperamos é o que todo brasileiro espera dos políticos: que sejam bons políticos. Infelizmente o que temos visto nesses últimos anos é uma política olhando para o próprio umbigo de cada candidato”, dispara o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac/IPF-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, quando questionado sobre o que esperar dos candidatos ao pleito eleitoral de 2022.  

Wenceslau também defende renovação no quadro político brasileiro, o que ele chama de “oxigenar a política brasileira com renovação” e critica a polarização política atual da sociedade “independente da pessoa ser de direita ou de esquerda, na vida é necessário ter equilíbrio e principalmente na política”, pondera.  

Entre os assuntos abordados na Entrevista da Semana, o presidente da Fecomércio faz uma análise do setor comercial e projeções para 2022; fala sobre o passaporte da vacina; carga tributária; redução de impostos; ano eleitoral; além de uma breve prestação de contas da gestão.  

Mineiro, natural da cidade Patrocínio, José Wenceslau de Souza Júnior, é empresário do segmento de ferragens e materiais para construção, foi fundador e presidente da Acomac/MT; por dois mandatos, assumiu a presidência do Sindcomac-MT.  

“Temos que respeitar a liberdade de escolha, mas a pessoa que tem a opção de não se vacinar, o valor dela, a opção dela, não pode ser maior do que da população. A pessoa que não quer se vacinar tem a obrigação de apresentar o certificado do PCR (teste) de que ela não tem covid”, pontua Wenceslau.   

Boa Leitura!  
Presidente qual sua avaliação do ano de 2021 para o setor comercial do Estado? 
 

Dois mil e vinte e um foi um ano de recuperação econômica de grande parte do comércio se comparado com 2020 que foi um ano de grande retração. Este ano, o público que estava reprimido de compras, que ficou confinado em casa, ele veio com sede às compras, então boa parte do comércio reagiu muito bem. Alguns comércios como o setor de eventos que foi o último a começar essa recuperação, mas também já está quase normalizado. Comercialmente falando o ano de 2021 foi muito melhor que 2020.    

Os motivos da atual retração são o dólar alto, os juros que estão subindo, e, infelizmente no Brasil nós temos uma indústria sucateada, velha, quando o mercado cresce um pouco a indústria não consegue atender.    

Em termos de economia, as pesquisas apontam uma “recessão” no país, mesmo no Estado serem menos graves os reflexos... o senhor aposta em evolução para o próximo ano?    

Eu vejo que 2021 cresceu acima das expectativas, justamente por causa desse mercado reprimido. Para 2022 os números estão indicando um crescimento entre 1.4 e 1.6, para uma economia que está saindo de uma pandemia, eu considero um crescimento até razoável. Dentro da América do Sul nós estamos em 3º e 4º crescimento projetado. Os motivos da atual retração são o dólar alto, os juros que estão subindo, e, infelizmente no Brasil nós temos uma indústria sucateada, velha, quando o mercado cresce um pouco a indústria não consegue atender.  
  
As indústrias também ficaram muito dependentes da importação, especificamente da China, o nosso parque industrial não teve renovação nos últimos anos. Ficou mais fácil fazer a importação da China do que renovar o parque industrial. Isso porque o custo Brasil é muito alto, a carga tributária é muito alta, uma renovação de um parque industrial requer muitos milhões de investimentos e nós não tivemos por parte dos bancos privados uma taxa especial para esse investimento, então ficou melhor importar.    

Não só o Brasil, mas o mundo todo ficou dependente da China. E, com esse dólar alto a expectativa é de que ele continue aumentando em 2022 o nosso custo Brasil vai continuar alto e esse mercado que ficou aquecido em 2021, esse consumidor que estava sedento e que ficou reprimido em casa, já comprou o que tinha de comprar. A economia está voltando ao normal.    

Qual sua leitura sobre o quadro de redução impostos a cargo do Governo de Mato Grosso para o comércio?     

A gente vê com bons olhos porque quando ele reduz a carga tributária o empresário repassa essa baixa da carga tributária para o bolso do consumidor. Nesse último ano e meio nós quanto consumidores cuiabanos ou mato-grossenses, nós tivemos uma perca de poder de compra de 30% a 40%. Alta dos preços, dólar alto, carga tributária e falta de mercadorias, pois quando o mercado aquece a indústria não consegue atender. Vejo 2022 com bons olhos principalmente pela redução da carga tributária de alguns setores, uns mais outros menos, mas isso reflete no bolso do consumidor.    

Esse custo Brasil que pesa no meu bolso, no seu e de todo cidadão, a carga tributária ela é em média de 45% - num produto que você para R$ 1.000,00, R$ 450,00 são impostos.  
 
O que será preciso para alavancar o comércio em 2022?  

Nós temos conversado com os nossos deputados estaduais e também em nível de Brasília através da CNC. O que existe dentro de um projeto nosso e acredito de todos os brasileiros é o custo Brasil. O primeiro passo que devemos fazer é uma reforma tributária. Esse custo Brasil que pesa no meu bolso, no seu e de todo cidadão, a carga tributária ela é em média de 45% - num produto que você para R$ 1.000,00, R$ 450,00 são impostos.   
Ao que o nosso governador acabou de fazer agora e abaixar uma carga tributária absurda que nós temos é a primeira coisa que precisa ser feita para melhorar a rentabilidade do empresário e lembrando que tudo que pagamos menos, repassamos para o consumidor. O mercado é muito competitivo. Alguns falam: baixou o imposto, o empresário fica com esse dinheiro no bolso. Não fica! Nós queremos prestar o melhor serviço com um preço bom que atenda o consumidor.  

Aquele consumidor de antigamente que tinha a alguma empresa ou uma marca, acabou. Queremos o melhor para o bolso, então a primeira coisa é a reforma tributária. Depois teríamos que fazer uma reforma administrativa no Estado brasileiro, nós temos uma máquina muito pesada e quem paga esse custo somos nós.   

E, quanto ao empresariado, a covid-19 foi uma mudança nas nossas vidas em todas as formas. Em tecnologia nós avançamos de 10 para 15 anos. Nós viajamos muito para reuniões empresariais, por exemplo, hoje pela manhã tive três reuniões de vídeo conferência e continuei tocando os meus negócios. Isso foi um avanço muito grande e representa também economia, o que conseguimos jogar para o preço dos produtos diminuído o custo para a empresa.    

A nossa expertise é qualificar pessoas no Senac, hoje temos um desemprego muito grande, estamos falando de 14 milhões de desempregados no Brasil, mas há uma contradição muito grande também. Quando o empresário procura operadores, motoristas, vendedores, por exemplo, não achamos esses desempregados porque falta qualificação principalmente na área tecnológica. As pessoas têm que se qualificar e os empresário mudar a mente: não é só esperar que o consumidor entre na loja. Tem que criar um departamento para o mundo virtual, que é uma grande competição. Quando a gente fala em mundo virtual e carga tributária o comércio mato-grossense tem receio é que nossas lojas virem showroom. Porque o produto que eu vendo na minha empresa o consumidor compra pela internet com a diferença de até 40% no valor, que é a carga tributária que pagamos e pela internet o consumidor está isento dos impostos estaduais.    

Tenho conversado como secretário de Fazenda Rogério Gallo mostrando esse lado comercial onde o empresário muitas vezes enxuga custos e não somos competitivos com o preço da internet. O empresário está fazendo o dever de casa, mas o Estado também tem que fazer o dele e baixar a nossa carga tributária dentro do Estado que é altíssima. 

Depois teríamos que fazer uma reforma administrativa no Estado brasileiro, nós temos uma máquina muito pesada e quem paga esse custo somos nós.      

Eleições 2022: qual a posição da entidade sobre eventuais candidatos - e o que se espera dos representantes no âmbito da evolução de ações que possam alavancar a economia do setor?  
  
O que esperamos é o que todo brasileiro espera dos políticos: que sejam bons políticos. Infelizmente o que temos visto nesses últimos anos é uma política olhando para o próprio umbigo de cada candidato ou grande parte dos políticos atuais e uma política de assistencialismo. Nos últimos anos o que temos visto tanto a nível federal quanto a nível municipal é um assistencialismo muito grande. Nós estamos alienando a população mais carente que necessita de emprego e alimentos em casa ao mundo político em troca de favores. Nós precisamos de uma remodelagem, de gente nova, de oxigenar a política brasileira com renovação.

Também que não seja tão polarizada como está, independente da pessoa ser de direita ou de esquerda, na vida é necessário ter equilíbrio e principalmente na política. Eu sou a favor de renovação, mas renovação com políticos que de fato entreguem para a sociedade o que nós precisamos, pois, a função da política é cuidar do povo e não o assistencialismo que tem acontecido nos últimos anos.  
  
Infelizmente o que temos visto nesses últimos anos é uma política olhando para o próprio umbigo de cada candidato ou grande parte dos políticos atuais e uma política de assistencialismo.

Qual sua análise sobre o passaporte da vacina no comércio?   
 
Nós já tivemos algumas reuniões, principalmente com o prefeito Emanuel Pinheiro, nós temos que pontuar isso que o prefeito sempre ouviu as entidades. Desde o início da pandemia, tivemos várias reuniões online e depois que passou a ser presencial, reuniões presenciais. Nessa última reunião, há duas semanas, nós sugerimos ao prefeito para chamar todas as entidades possíveis, não só a Fecomércio e a última decisão dele foi tomada a várias cabeças, não foi uma decisão unilateral do prefeito Emanuel Pinheiro.    

Um dos pedidos que fizemos a ele é para não chamar passaporte de vacinação, nós não gostamos desse nome. Tem que ser a carteirinha de vacinação. Nós concordamos com ela e todo o setor que esteve reunido, além de darmos várias sugestões, as quais foram todas acatadas pelo gestor.    
 
Mostramos e temos mostrado desde o início da pandemia que o empresário é o que mais cuida de seus colaboradores e do cliente que adentra nossas empresas. Desde o início da pandemia a Fecomércio fez uma cartilha obedecendo todos os protocolos da OMS e orientando todos os empresários. Nós colocamos todo o nosso pessoal de saúde do Sesc visitando as lojas e empresas da grande Cuiabá, Várzea Grande e algumas cidades polo do interior, levando essa cartilha e kit de higiene.  

Nessa reunião com o prefeito Emanuel Pinheiro, esteve presente principalmente o setor de eventos, nós acordamos com o prefeito e concordamos com ele que dinheiro público para promover réveillon e carnaval não teria mesmo. Mas que eventos de réveillon particulares seriam liberados, assim como em casa nas festas devemos ter os cuidados. Mas os eventos grandes envolvendo essas festas, a fiscalização seria por conta da empresa que promovesse. A exemplo dos jogos que ocorreram na Arena Pantanal. Quem promoveu o evento futebolístico é que fez o controle da carteirinha de vacinação e quem não tinha o exame de PCR. Esse último decreto do prefeito foi em acordo com mais de 17 sindicatos e associações representativas do comércio de uma maneira em geral.     

Que leitura o senhor faz da “liberdade de escolha de tomar ou não a vacina” em relação ao que diz a Constituição - que prevalece a segurança da coletividade...    

Nós temos que respeitar a liberdade de escolha, mas a pessoa que tem a opção de não se vacinar, o valor dela, a opção dela, não pode ser maior do que da população. A pessoa que não quer se vacinar tem a obrigação de apresentar o certificado do PCR de que ela não tem covid.  
  
O governador Mauro Mendes disse recentemente que em MT deverá ser pontuado o passaporte da vacina... qual sua avaliação sobre essa posição?     

Nós apoiamos em grandes eventos e a responsabilidade tem que ser do promotor do evento. No comércio nós já estamos obedecendo todos os protocolos de biossegurança desde o mês de abril de 2020. Onde você entra no comércio tem álcool disponível em todas as mesas, o tapete de limpeza para os pés também higienizados e todos os colaboradores usando máscaras, lavando as mãos constantemente. O comércio é quem mais cuida dos colaboradores, repito e tenho falado isso desde o início, quando falaram em lockdown. Nós cuidamos melhor desses colaboradores dentro das nossas empresas do que esses colaboradores nas ruas com o comércio fechado indo jogar bola, indo para beira de rio, indo para aglomeração, etc.    

Suas considerações finais.

A Fecomércio olhando esse empresário que não tem caixa para fazer investimento pesado em internet exatamente porque as vendas nesse período de quase dois anos explodiram, também a facilidade de escolha e de compra, nós lançamos a Feshop. Uma base de dados é como uma Magazine Luiza. Ele é para o pequeno, o médio e o grande empresário, porque para fazer uma plataforma de venda fica muito caro, lançamos o Feshop.

O ano que vem faremos uma divulgação pesada dessa plataforma de vendas acessível a todos os empresários do estado de Mato Grosso. Já temos interessados de outros estados, mas vamos primeiro fazer o dever de casa. É uma plataforma completa de vendas, de pagamento e de entrega do produto na porta da sua casa. Essa é uma contribuição a Fecomércio para nossos comerciantes do Estado de Mato Grosso.  

Também criamos aqui um instituto de pesquisa para levantar dados do comércio. Nós não trabalhamos com pesquisa política somente comercial. Fizemos o Webinar do comércio que foi para superar e crescer 2021, trouxemos grandes debatentes mostrando caminhos para empresário que passava pelo lockdown; criamos o Impostômetro aqui na frente da sede da Fecomércio nos tornando um ponto de referência para o cidadão. Além de inovar estamos nos atualizando sempre, o Impostômetro virou vacinômetro; também fizemos um VT “Valorize o comercio local” e ele foi sucesso no Brasil, sendo selecionado para um prêmio nacional e um local.  

Quero destacar o Renalegis que é uma ferramenta que possibilita à Fecomércio acompanhar todas as matérias e leis relativas ao setor que tramitam na Assembleia Legislativa e agora assinamos parceria coma Câmara de Vereadores de Cuiabá também.

Outros dois pontos que quero destacar, até como uma prestação de contas à sociedade, na nossa gestão através do Sesc nós inauguramos antes da pandemia um restaurante voltado para o comerciário, fazíamos em torno de 800 refeições por dia a uma média de R$ 4,50 por refeição e suco livre, com acompanhamento de nutricionistas.

Com a pandemia tivemos que remodelar e passamos a entregar em marmitex. Hoje atendemos por dia uma média de 1.500 marmitex ao custo de R$ 6,00, e atende não só o comerciário, mas sua família. Não tem nada próximo disso aqui no Estado. Temos esse restaurante aqui e em Rondonópolis, é um orgulho para nós. E, criamos na Joaquim Murtinho o Sesc Odonto, são 16 gabinetes odontológicos também para atender ao comerciário com preços simbólicos subsidiados pelo Sesc.  

Também posso citar o Mesa Brasil que dá assistência a famílias carentes ensinando a utilizar o alimento em sua tonalidade. Temos o Saúde Mulher que leva exames da saúde da mulher e o caminhão do Sesc Odonto nas cidades mais carentes de Mato Grosso.

Na pandemia criamos o “Ouça da Janela”, onde com um trio elétrico levamos não só para a Capital, mas cidades polo do interior, a banda da Polícia Militar tocando e animando as pessoas, foi sucesso. Agora, propusemos ao prefeito de Cuiabá lançar o projeto festa na praça, onde levamos o sucesso do Bulixo do Sesc Arsenal para as praças da cidade. Terça-feira ocorre na praça Alencastro e na quinta-feira na praça do Jardim das Américas. Agora está sendo um laboratório, a proposta é levar de segunda a sexta para todas as praças de Cuiabá, com o objetivo de fazer movimento, incentivar o turismo, e o comércio de pequenos artesãos. 

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