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24/09/2021 - 08:31

Apesar das queimadas, a Mangava resiste

Por João Arruda

João Arruda

 (Crédito: João Arruda)
O nome científico é hancornia speviosa. No entanto,  nesta região de Cerrado e Pantanal,  é chamada de " Mangava", a sua incidência foi tamanha que acabou denominando o trecho da rodovia federal 070, nos Km 696 até o Km 700, de " Serra do Mangaval ", neste início de primavera , suas árvores de tipo médio com no máximo 15 metros,  exibem os frutos, principalmente entre a Agropecuária Bom Tempo, Sinhá Douradinho, Serra da Perdiz e majestosa Serra do Mangaval. 

Os frutos são ricos ferro, manganês, zinco e ácido ascórbico vitamina C.

Quem trafega pela Cuiabá/ Cáceres ou vice versa,  passa despercebido quanto a resistência dessa planta,  tanto às queimadas,  quanto aos acêros com máquinas pesadas. Porém,  com resistência ao chamado strees hídricos,  a Mangava, é quase imune ao fogo, o exemplo é visto com abundância de frutos em trechos que ainda não irrigados com às precipitações pluviométricas neste periodo extenuante de seca prolongada que há várias décadas não se registrava em Cáceres,  como de resto em todo o Pantanal.

A fruta que dá nome a Serra, a Serra que abriga às árvores de galhos tortuosos, áspero de copas altas,  impressionaram os engenheiros,  técnicos em estradas,  em explosivos,  mecânicos,  borracheiros, soldadores,  da empresa Alcindo Vieira- Convap- oriunda da área metropolitana de Belo Horizonte MG, (Pedro Leopoldo sede da empresa) encarregada de cortar a Serra, encurtando a distância de Cáceres a Cuiabá em 32 Km, deixando de ser 242, passando a 210 km.

Ali ficaram acampados esses trabalhadores por mais de 04 anos,  entre 1981 até 1985, a obra , entretanto,  foi entregue a população  em 1982, pelo então general João Batista Figueiredo,  porém a Serra do Mangaval,  retardou por mais 36 meses. A formação rochosa,  foi aberta com dinamites, romperam a extensão de 4.200 metros. No paredão mais alto lado esquerdo da BR,  ficava o acampamento,  passados 40 anos,  ainda há vestígios da oficina,  alojamento, borracharia,  onde mineiros e cacerenses ombrearam a tarefa de fazer a Serra, ou desfazer a Serra. Esse contingente das Alterosas,  notadamente de Pedro Leopoldo, Mariana, Sabará,  Ribeirão das Neves e Belo Horizonte,  se lambuzava nas temporadas da Mangava.

Voltando a Mangava, que ocorre nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro Oeste,  indo até o Paraguai,  Bolívia, Peru e Venezuela,  exceto aqui no Pantanal,  recebe o nome de "mangaba ou mangabeira".

Os ciclistas e trilheiros, que circulam na área serrana de Cáceres,  não estranhem à árvore com folhas verdes exponenciais e cachos dessa fruta,  podem comer a vontade,  afinal a natureza oferta gratuitamente vitimas como ferro, zinco,  manganês e ácido ascórbico.

Carlos Francisco,  o popular Carlinhos da F-5, é um voraz catador dessas frutas nativas, nesta temporada aos finais de semana,  sai juntamente com a Dona Conceição,  à caça das frutas, volta com embornal até a aiapa de frutos,  que são armazenados e preparados para doces,  geléias e sucos. 

*aiapa termo do glossário pantaneiro,  que significa "cheio, repleto"

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