Jornal Oeste

Assessoria/PMC “A dengue só vai acabar se houver a conscientização da população”. A declaração marcou a palestra da Infectologista da Secretaria Estadual de Saúde, Silbene Maria Neves Barbosa Lotufo Muller, que esteve em Cáceres na ultima sexta-feira, 11, a convite da prefeitura para alertar médicos e profissionais de saúde para a necessidade da realização rápida e precisa do diagnostico para detecção dos vários tipos da dengue, especialmente a provocada pelo Sorotipo 2, que causa a dengue hemorrágica. “O esforço do município, que pelo meu conhecimento tem feito um trabalho exemplar na prevenção a dengue, só surtirá efeito se a população tomar as medidas básicas. O melhor remédio para evitar a doença é a eliminação de criadouros do mosquito causador da dengue”, alertou. Durante três horas, no auditório do Hospital Regional, a médica falou a uma platéia composta por aproximadamente 100 profissionais, sobre os métodos mais eficazes para diagnosticar o Sorotipo 2. Além de sintomas típicos da dengue clássica, o vírus da dengue hemorrágica, segundo a Infectologista, provoca sangramentos que em muitos casos requer uma observação minuciosa para serem constatados. Ela apresentou fotos de vitimas de dengue hemorrágica, que não apresentavam sinais visíveis de sangramento. Em uma delas, a médica apontou sinais de hemorragia que aparecem em forma de um pequeno hematoma sobre a pele. “Aparentemente é uma simples luxação provocada por uma lesão típica, mas na verdade é uma hemorragia. Neste caso, se o diagnostico não for preciso, o paciente corre o risco de sofrer um choque e ir a óbito”, exemplificou. Com relação aos procedimentos que devem ser adotados no momento em que os pacientes chegam às unidades de saúde, a médica afirmou que as principais são a hidratação (soro), o exame para detecção do tipo da doença e a manutenção do paciente sob observação, em caso de suspeita de dengue hemorrágica. De acordo com a Infectologista, a característica letal do Sorotipo 2, exige um diagnostico rápido e preciso, particularmente porque a doença evolui muito rapidamente. “Diferente da dengue clássica, o paciente com dengue hemorrágica, dependendo da resistência do seu organismo, pode entrar estado grave em questão de minutos”, explica. A agressividade da doença impressiona e preocupa médicos experientes como Marisol Viegas e Catarina Dalbem, que assistiram atentamente à palestra. De acordo com Marisol, os casos de dengue hemorrágica têm exigido uma dedicação extra, especialmente no momento do diagnostico. Já Catarina Dalbem, acostumada a lidar com enfermidades letais, disse que em toda a sua carreira ainda não havia experimentado tanto stress ao lidar com uma doença grave. A evolução da dengue hemorrágica também impressiona o veterano medico intensivista José Dárcio. Ele concordou com os alertas lançados pela medica da Secretaria de Saúde e elogiou a iniciativa da prefeitura em promover a palestra, especialmente porque reuniu um grande número de profissionais. A participação expressiva dos profissionais, também deixou satisfeito o médico Alexandre Steffens, Diretor Clínico do Pronto Atendimento Municipal (PAM). Steffens ficou ainda mais contente em constatar durante o evento que os procedimentos adotados pelo município para diagnosticar e tratar à dengue estão corretos. Com relação ao atendimento, o medico neurologista, Emerson Martins de Oliveira, explica que no momento em que as vitimas chegam às unidades de saúde do município, elas são avaliadas e hidratadas. Constatada a gravidade do quadro clínico, elas são submetidas a exames para identificação do tipo de doença. Se o quadro exigir internação, o nome do paciente e repassado imediatamente a Central de Regulação de Vagas do Sistema Único de Saúde (SUS), para que seja encaminhado para internação no Hospital São Luiz ou no Regional, conforme a disponibilidade de vagas. “Infelizmente, em função da limitação de leitos e da quantidade de doentes, os pacientes são obrigados a esperar até três dias. Enquanto isso, nós os mantemos no PAM com uma hidratação vigorosa e todos os cuidados que o caso requer”, explica. O médico disse que o município tem feito um esforço gigantesco para atender os casos de dengue e centenas de outros que surgem a todo o momento no PAM. Ele revela que num intervalo de 24 horas, as duas equipes de plantão atendem em média 450 pacientes. “Tem gente que não precisaria ir ao PAM e acaba provocando uma sobrecarga. As pessoas precisam se conscientizar e procurar o atendimento em casos realmente graves”, apelou. De acordo com secretário de Saúde, Luiz Landim, Cáceres hoje conta com 25 médicos e cerca de 300 profissionais de saúde que atendem no PAM, nos 11 Postos de Saúde da Família (PSFs) e no Ambulatório Especialidades. Ele elogiou os profissionais e médicos presentes a palestra, que demonstraram estar comprometidos com a saúde do município. A presença da Infectologista Silbene Lotufo em Cáceres é mais uma das dezenas de ações que o município vem realizando desde o inicio do ano para prevenir e combater a dengue. Diariamente, desde janeiro, equipes da Vigilância Epidemiológica, que recentemente ganharam o reforço de militares do Exército e do Corpo de Bombeiros, estão percorrendo os bairros da cidade, identificando criadouros de mosquito, distribuindo panfletos e sacos de lixo. O resultado da ação é que trabalhadores da Secretaria de Obras já recolheram até o momento cerca de 90 toneladas do chamado lixo da dengue. Alem destas medidas, a Vigilância, sob a coordenação da Bióloga, Arlene Alcântara vem realizando palestras em escolas e igrejas pregando a conscientização da população na eliminação de potenciais criadouros do mosquito causador da dengue. Todas as ações vêm sendo coordenadas diretamente pelo prefeito Túlio Fontes que inclusive elaborou um dos panfletos que estão sendo distribuídos, alertando para os cuidados com a doença. O prefeito também é responsável pela mobilização de representantes da sociedade organizada que estão participando de uma campanha que vem sendo veiculada nas emissoras de radio da cidade convocando a população para adotar medidas de prevenção a dengue. Túlio Fontes também agiu como muita habilidade para que Cáceres fosse à segunda cidade do Estado, a ser atendida com nebulização espacial (fumacê) que é controlado pela Secretaria Estadual de Saúde. “Infelizmente, com a antecipação do período das chuvas, saímos da condição de exemplo para o Estado no combate e dengue para uma situação alarmante. Mas, com muito esforço e determinação e lançando mão de todos os meios possíveis, estamos vencendo esta batalha”, declarou o prefeito lembrando que este é apenas mais um dos vários desafios que vem enfrentando no primeiro ano da sua segunda gestão.