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10/03/2021 - 13:17

Pecuaristas de Cáceres são capa da Revista DBO de março

Por Ariosto Mesquita

Joner Campos

Ida Beatriz Machado de Miranda Sá (ao centro), presidente do Sindicato Rural de Cáceres, com as diretoras da entidade Denise Dalmas Rodrigues (à esq.) e Beatriz Ferreira Tavares (Crédito: Joner Campos)

Ida Beatriz Machado de Miranda Sá (ao centro), presidente do Sindicato Rural de Cáceres, com as diretoras da entidade Denise Dalmas Rodrigues (à esq.) e Beatriz Ferreira Tavares

“Não demorei muito a me decidir; foi o tempo de ir à igreja, pedir uma benção e encarar de frente”. Assim Ida Beatriz Machado de Miranda Sá enfrentou o desafio de se candidatar à presidência do Sindicato Rural de Cáceres, município mato-grossense com rebanho de 1,1 milhão de cabeças e uma das pecuárias mais pujantes do Brasil.

Mulheres determinadas como Ida estão ocupando cada vez mais espaço nas organizações classistas do setor. O movimento é lento, porém consistente, como na política.

Em 1986, apenas 30 mulheres ocupavam cadeiras na Câmara Federal, hoje são 77 (15% do total de 513 vagas). No Senado, o percentual é muito semelhante: 14,8% (12 de 81 vagas).

Ainda estamos bem distantes dos 30% estabelecidos como mínimos para a presença feminina nas duas casas, mas avança-se. Será necessário apertar o passo, pois o Brasil ocupa a 134ª posição, dentre 193 nações, no ranking de representatividade feminina no Parlamento, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU). O governo atual tem apenas duas ministras (Tereza Cristina, da Agricultura, e Damaris Alves, da Mulher, Família e Cidadania).

Nenhuma mulher ocupou, até hoje, a presidência da Câmara, e tivemos apenas uma mulher presidente da República, Dilma Rousseff.
 
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No universo rural, o cenário é ainda mais complicado, em função da herança patriarcal do setor. Lideranças femininas são minoria. O movimento está apenas começando.

Um levantamento inédito feito por DBO, entre os dias 20 e 23 de fevereiro, com base na lista de sindicatos de produtores rurais disponível no site da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), identificou 89 mulheres presidentes, ou seja, 4,85% do total de 1.941 sindicatos com titulares listados. Segundo a CNA, a rede sindical dos produtores rurais do País compreende 1.979 unidades, mas 30 não foram incluídas na pesquisa pela DBO, devido à falta de informações.

Movimento de base

Evidentemente, 4,85% é um percentual bem ínfimo, mas, há três décadas, ele era quase zero. Nem sequer se considerava sindicato como “coisa de mulher”. A boa notícia é que a presença feminina nas entidades classistas está crescendo a partir da base.

Não será surpresa se algumas dessas novas lideranças chegar a cargos estaduais, nos próximos anos.

Hoje, as 27 federações de agricultura (que agregam os sindicatos por Estado) são comandadas por homens. Também não há mulheres na diretoria da CNA.

Entre 2008 e 2014, a entidade foi presidida por uma pecuarista, a senadora Kátia Abreu, que, em seguida, se tornou ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mas ela não chegou a formar “sucessoras”.
 
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A superintendente técnica adjunta da CNA, Fernanda Schwantes, admite que a participação atual de produtoras no comando dos sindicatos situa-se na faixa dos 5%, mas ela diz ter certeza de que essa participação está crescendo.

“Não temos estatísticas atuais ou projeções sobre mulheres gestoras e líderes no Agro, mas é visível a movimentação delas na busca por qualificação em nível gerencial, administrativo, técnico e financeiro”, salienta.

Na Faculdade CNA, por exemplo, que oferece cursos superiores nas áreas de gestão ambiental, recursos humanos e processos, as mulheres representam 35% dos alunos matriculados. “Além dos sindicatos, a presença feminina também já aparece com destaque no comando de associações, cooperativas e instituições de crédito”, acrescenta.
 
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6 comentários

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  • por Edinho do 120, em 15.03.2021 às 06:19

    Bem que essas senhoras, podiam carnear uns e distribuir de graça. Pagar, impossível, o governo que elas apoiaram, fará em breve o povo comer grama, já falta pouco. Tem locais, onde o quilo de carne está 40 pila. Alias, esse desgoverno Boçalnaro, vai transformar isso aqui, numa Venezuela. Tanto lutaram que estão conseguindo. É um governo corrupto, miliciano e coveiro. Por sorte, o campeão voltou, Lula lá, brilha uma estrela.

  • por Pantaneiro, em 14.03.2021 às 18:53

    NA ÉPOCA DO MELHOR PRESIDENTE DO PLANETA O POBRE IA NO AÇOUGUE E COMPRAVA SÓ ALCATRA, CONTRA FILÉ OU PICANHA, AGORA COM O DESGOVERNO DO MALUCONARO O POBRE VAI NO AÇOUGUE COMPRAR OSSINHO, GALINHA QUE ACOMPANHA PATO MORRE AFOGADO.

  • por Xomano, em 12.03.2021 às 15:10

    Cáceres é um dos maiores municípios de MT em quantidade de bovinos. Porém a qualidade do gado é inferior às do Vale do Guaporé, Jauru, Araguaia e Juruena.

  • por pe de pano, em 11.03.2021 às 12:54

    Tiburcio vc sabe quanto custa montar um frigorifico? é mais fácil mandar matar aonde ja tem (Cuiabá, Mirassol, Araputanga, Barra do Bugres, Pontes e Lacerda) Na época que precisava investir em ruas asfaltadas no antigo frigorifico o prefeito da época que não me lembro que era não fez ! agora culpar os que passaram ja e a atual não resolve! Infelizmente Cáceres anda para tras e não para frente!

  • por imazap, em 11.03.2021 às 08:11

    A Dilma não conta, por favor né? Não envergonhe essas senhoras que trabalham.

  • por Tibúrcio junco pantanal, em 10.03.2021 às 19:29

    Cáceres-MT com 1,1 milhões de cabeças de gado e a pecuária mais pujante "poderoso" do Brasil e não temos 1 frigorífico de renome internacional instalado em nosso município, será porque nunca tivemos um "Prefeito (a)" que pensasse na população cacerense para trazer empregos e desenvolvimento econômico para Cáceres???????????????????. Talvez agora com a Eliene prefeita ela irá sair de Cáceres para os grandes centros buscar indústrias frigoríficas e dar incentivos fiscais e condições estruturais para que estes grandes frigoríficos se instalem aqui...

 
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