Jornal Oeste

BRUNO GARCIA E ANTONIELLE COSTA OLHARDIRETO Após investigações do Ministério Público Estadual e da Polícia Técnica (Politec), foi constatado o vazamento do conteúdo de provas do concurso público do Governo do Estado, antes da aplicação do exame marcado para o dia 22 de novembro passado e que foi cancelado após indícios de fraudes. O anúncio foi feito pelo governador Blairo Maggi (PR), nesta quarta-feira (9), durante entrevista coletiva, no Palácio Paiaguás, da qual participaram o coordenador do Gaeco, procurador Paulo Prado, os secretários de Estado Alexander Maia (Casa Militar), Eumar Novacki (Casa Civil e Comunicação), Diógenes Curado (Segurança) e Geraldo De Vitto (Administração) e o diretor-geral da Polícia Civil, Lindomar Costa. A fraude ficou comprovada após a realização de perícias em três notebooks e dois pen-drives, apreendidos na residência de servidores da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), em Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá). Em um dos notebooks, foram encontrados três arquivos, sendo um com as questões das provas, outro com as respostas e o terceiro com as justificativas, para que a pessoa beneficiadas tivesse condições de justificar a aprovação no concurso. Além disso, nos pen-drives foram encontrados mais nove arquivos. A partir de agora, a Polícia Civil vai investigar quantas pessoas teriam recebido as provas, juntamente com as respostas. O governador anunciou que as provas não serão impressas em Cáceres e estuda contratar a empresa que imprimiu as provas do Enem. Os fatos No dia 19 de novembro, três dias antes da aplicação da prova, a Secretaria de Administração (SAD) recebeu uma denúncia anônima, feita por uma pessoa identificada apenas como Fernanda, de que uma pessoa da banca de prova da Unemat em Cáceres teria duas irmãs que fariam o concurso - cargos de delegada e professora de biologia - e vazara o conteúdo da prova. No dia seguinte (20 de novembro), a SAD comunicou à Unemat sobre a suspeita de vazamento das provas, solicitando uma providência por parte da universidade. No mesmo dia, o Ministério Público Estadual (MPE) recebeu algumas denúncias com o mesmo teor,sendo que, desta vez,quatro pessoas eram suspeitas de terem contato com o conteúdo da prova e vazado para amigos e parentes. Na véspera do concurso, no dia 21, membros da coordenação da Unemat se reuniram e determinaram o cancelamento das provas de Biologia e História, em função da suspeita de vazamento de dados da prova. Paralelamente à ação da universidade, o MPE solicitou à Justiça a realização de buscas e apreensões nas casas dos quatro suspeitos do vazamento, em Cáceres. Na data da realização do concurso, no dia 22, o Governo do Estado montou uma força-tarefa e o concurso foi cancelado. A partir daí, no dia 23, iniciaram os trabalhos de investigação do MPE e Politec nos materiais apreendidos - três notebooks e dois pen-drives - que foram finalizados ontem, terça-feira (8), apontando que houve vazamento das provas. Os nove arquivos encontrados - contendo questões das provas, respostas e justificativas - foram apagados dos equipamentos, mas o trabalho da perícia técnica conseguiu recuperar os arquivos, que confirmaram que houve vazamento das provas antes de sua realização. "Se fosse um único caso, teríamos condições de cancelar,mas ficou comprovado que houve vazamento das provas", declarou o governador Blairo Maggi.