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06/12/2009 - 00:00

Coocrijapan investe R$ 1 milhão para "fechar a cadeia produtiva do jacaré"

Por Jornal Oeste

Fabiana Reis Da Redação Até o fim do primeiro semestre de 2010 Mato Grosso terá a cadeia produtiva de jacaré completa. Atualmente são 4 criatórios, que somam cerca de 270 mil animais, um frigorífico com capacidade para abater até 500 jacarés por dia e um projeto para implantação de curtume para beneficiar o couro, cujo empreendimento deve ser concluído até meados do ano que vem. A cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal (Coocrijapan) está investindo R$ 1 milhão na construção da unidade que terá capacidade para beneficiar 3 mil peles por mês. Atualmente o produto é enviado a curtumes no Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Wilson Girardi, da Coocrijapan, explica que a cooperativa já conta com um frigorífico (único no Estado) que beneficia a carne do jacaré, cujo produto é comercializado internamente. Segundo ele, a ideia é fechar toda a cadeia e fomentar esse setor no Estado, inclusive com lojas que vendem os produtos derivados do couro do réptil como sapatos, bolsas, carteiras, cintos, botas, entre outros. "Se tudo der certo, no ano que vem estaremos operando com o curtume e reduziremos os custos. Além disso, todos os procedimentos poderão ser executados dentro do Estado, gerando emprego e renda". Antes mesmo do curtume estar funcionando em Mato Grosso, um mercado de luxo está se formando no Estado. Isso porque os produtos confeccionados a partir do couro de jacaré já podem ser encontrados. No caso da Coocrijapan, isso é feito por meio do site Casa do Jacaré, que divulga várias peças produzidas pela grife (da cooperativa) e feitas com couro legítimo do jacaré do Pantanal. Os itens são destinados ao público feminino (bolsas e botas), masculino (botas), além de chapéu e boton. "Nossa intenção é a partir da semana que vem comercializar por meio do site, em que a pessoa pode comprar com cartão de crédito", diz ao anunciar que outra grife, Anne & Frank, também de peças exóticas deve despontar no mercado local em breve. Girardi conta que a primeira coleção foi lançada em uma feira realizada em Paris, no mês passado, onde também foram feitos contatos comerciais. "Primamos pela qualidade. Tanto que fizemos uma triagem de curtumes para enviar a pele a ser beneficiada e também escolhemos a dedo os designers para desenhar os produtos", diz ao complementar que no caso da marca Anne & Frank, projeta-se a construção de um espaço exclusivo para a venda das peças. Como o próprio representante da cooperativa diz, a ideia é transformar a criação no que se chama "do ovo ao prato" ou "do ovo à bolsa". Ele explica que isso quer dizer que dos criatórios, onde é feita a reprodução, sai produtos como carne e couro, que são comercializados por uma valor agregado considerável. Segundo a coordenadora da Unidade de Agronegócio do Sebrae-MT, Cynthia Justino, a produção de jacaré está consolidada em Mato Grosso, e que o órgão agora está trabalhando no apoio à comercialização e processamento dos produtos, como carne e pele. "Saímos de dois criatórios com 15 mil animais para aproximadamente 270 mil jacarés. Agora auxiliamos no acesso a mercados e eventos, como feiras de moda exótica, em que o jacaré do Pantanal é destaque". Loja vende produtos "exóticos" Com loja recém-inaugurada, a Ecoexótic, tem produtos feitos a partir de couro de jacaré, cobra, arraia e bucho bovino. O proprietário, Osmar Moreira Monteiro, que também é criador de jacarés em Cuiabá (na saída para Santo Antônio do Leverger), decidiu ampliar o negócio e abriu as portas do espaço há 30 dias. Nas vitrines e nas prateleiras estão expostas peças exclusivas, para diversos bolsos e gostos. Para se ter uma noção, existem bolsas que variam de R$ 400 a R$ 8,7 mil. Monteiro conta que foram investidos cerca de R$ 230 mil, aplicados na estrutura física e estoque. "Depois de cinco anos criando jacaré, e mandando a pele para fora, decidimos investir na venda de produtos acabados, como bolsas, cintos, carteiras, botas masculinas e femininas, além de sapatos sociais", diz o empresário ao acrescentar que firmou boas parcerias para colocar o negócio em prática. Ele explica, por exemplo, que algumas peças, de outras grifes, são vendidas no estabelecimento, confeccionadas a partir de pele de cobra e arraia. A venda é feita a partir de uma espécie de troca entre a fábrica e a empresa dele. Monteiro firma contratos para beneficiamento da pele de jacaré produzida aqui, mas que é processada em outros Estados, como o Rio Grande do Sul. De lá, ele aproveita para trazer essas outras peças e revende em Mato Grosso. "A loja é a única no segmento, que vem se mostrando bastante interessante. É possível agregar valor ao produto, que tem boa aceitação no mercado, já que há pessoas que prestigiam produtos exóticos". No criatório, que tem como nome Cooperativa Yacare Ayty, existem atualmente 8 mil animais. Já foram vendidos cerca de 4 mil répteis, cuja transação ocorreu entre 2008 e este ano. "A criação é viável economicamente. O custo é alto e por isso tem de ter boa gestão, manutenção correta para evitar perda de ovos", diz ao completar que do jacaré se aproveita quase tudo, já que a carne é consumida e a pele é transformada em couro e aplicada em vários produtos. Para que o negócio dê ainda mais certo, o empresário buscou informações em várias fontes. "Fiz cursos no Sebrae, visitei criatórios, curtumes e fábricas de produtos que usam o couro do jacaré", informa ao complementar que participou de missões, visitas técnicas e palestras, dentro e fora do Estado. A capacitação foi tamanha que Monteiro está dando consultoria técnica a investidores que estão vindo para Mato Grosso atuar neste segmento. Ele adianta que existem pelo menos dois projetos vindo para o Estado.
 
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