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10/10/2020 - 10:12

Negras, escolarizadas e solteiras são a maioria das 4 mil candidatas no Estado

Por Andhressa Barboza/RDNEWS

Dayanne Dallicanni/RDNEWS

Vice-prefeita de Cáceres Eliene Liberato (PSB), Thelma de Oliveira, prefeita de Chapada (PSDB) e Gisela Simona (Pros), candidata à prefeita de  Cuiabá (Crédito: Dayanne Dallicanni/RDNEWS)

Vice-prefeita de Cáceres Eliene Liberato (PSB), Thelma de Oliveira, prefeita de Chapada (PSDB) e Gisela Simona (Pros), candidata à prefeita de Cuiabá

“A violência de gênero está dentro das estruturas partidárias e isso precisa mudar”. O alerta é feito pela presidente da Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica, Ana Emília Sotero que avalia o perfil das candidatas que concorrem neste pleito municipal de 2020. Destaca ainda que as questões de gênero não podem ser vistas à parte da questão racial.

As candidaturas de mulheres nas eleições municipais deste aumentaram, mas o protagonismo feminino diminuiu em relação ao último pleito. Das 4.279 candidatas, apenas 48 disputam prefeituras enquanto em 2016 das 3.350 candidatas 52 estava liderando chapas.
 
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Presidente da Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica, Ana Emília: mudança
 
Quanto à faixa etária, quase 63% das candidatas têm entre 39 e 54 anos, apenas duas estão acima dos 80 anos e 47 delas, 1%, têm menos de 20 anos. Mais de 68% declara ter o ensino médio completo e, destas, 33% também cursou nível superior. A maioria, cerca de 58%, declara ser solteira, divorciada ou viúva e 41,98% são casadas.

“Mulheres em campanha são vistas como excelente braço laboral. Geralmente, elas que trabalham para que os homens cheguem ao poder. Acabam sendo excelentes cabos eleitorais”.

De acordo com as estatísticas eleitorais, as candidatas que se declaram pretas e pardas são 59% das candidatas enquanto as que se declaram brancas chegam a 38%. As indígenas somem 29 em todo o estado, o que representa apenas 0,6%.

“Tratando-se de mulheres para colocar os nomes para cargo eletivo já é difícil, sendo mulher e negra é ainda mais. Não tem como descartar o preconceito de um país machista e racista, é a herança patriarcal”.

A explicação para a queda no número de mulheres liderando chapas pode estar no crescimento da onda conservadora desde as eleições de 2018.

“Cúpula dos partidos é formada por homens, as mulheres não fazem parte e acabam não participando das decisões e das escolhas. Senti na pele isso, na eleição de 2018, quando era candidata e tive um colega, homem, também candidato. Ele tinha maior apoio dentro do partido do que eu, nós dois com o mesmo grau de instrução e bagagem, mas a ele era dado maior visibilidade”, dispara Ana Emília que concorreu pelo extinto PRP.

Enquanto cresce o número de mulheres, as candidatas ainda estariam em 2º plano nas políticas partidárias. “É nítido que os homens têm maior apoio e investimento financeiro, mesmo com as sinalizações do TSE e do Ministério Público de que estarão mais atentos”

Sem mulheres em polos do agro

A maioria das mulheres que buscam executivos municipais estão em municípios da baixada cuiabana, mas há candidatas de regiões mais afastadas da capital e só o centro-norte, região do agronegócio, não teve espaço para mulheres entrarem na disputa.

Por outro lado, o número de mulheres como vice em chapas lideradas por homens aumentou de 70 em 2016 para 111 neste pleito. O percentual de candidatas também aumentou, ainda timidamente, passando de 32,2% para 33,9% e os homens continuam sendo maioria. Já o número de mulheres que buscam uma vaga nos legislativos municipais passou de 3.228 candidatas à vereadora para 4.120.

Nenhuma mulher disputa as eleições na região mais rica do estado e com os maiores indicadores de renda, o centro norte que concentra municípios polo do agronegócio como Sinop, Sorriso e Nova Mutum. A atual prefeita de Sinop, Rosana Martinelli (PL) chegou a ensaiar ir à reeleição, mas desistiu alegando questões pessoais e pressão familiar para se dedicar aos negócios.

Na capital, está na corrida pelo Palácio Alencastro a advogada Gisela Simona (Pros) que ficou conhecida pelo período na superintendência do Procon estadual e já disputou vaga na Câmara Federal. Já em Chapada dos Guimarães, duas mulheres lideram chapas, uma delas é a atual prefeita Thelma de Oliveira (PSDB) e a bancária Michele do Banco (PP).  

Na contramão das estatísticas, a atual vice-prefeita de Cáceres Eliene Liberato (PSB) concorre agora à Prefeitura e enfrenta até aliados do ex-apoiador o prefeito Francis Maris (PSDB). Quase mil quilômetros distante da Capital, o município de Nova Monte Verde tem uma mulher disputando, Eliana Klitzke Lauvers (PSD) e em Carlinda a prefeita Carmelinda Martines (DEM) vai à reeleição.
 
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