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02/05/2020 - 07:35

Professora de 69 anos que venceu a covid-19 e traz um alerta aos cacerenses

Por Joner Campos

Cáceres Notícias

 (Crédito: Cáceres Notícias)
Uma das definições de ensinar é repassar conhecimento aos outros através da própria experiência de vida. Dona Irene Garcia Oliveira Araújo, de 69 anos, passou a vida ensinando pessoas e, apesar de ser uma professora aposentada, hoje em dia, ela decidiu que precisava falar ao Cáceres Notícias sobre um dos episódios mais triste da sua vida para ensinar, mais uma vez: O episódio em que venceu o coronavírus, mas perdeu seu esposo para esta doença terrível.
 
“Eu sou paulista, mas cacerense de coração, amo minha cidade, meus amigos, tenho trabalhos prestados ao município. Sou professora aposentada, e tenho conhecimento sobre o Covid-19. Por termos três filhos, uma professora e dois médicos que são zelosos pela saúde de seus pais, tomamos todas as precauções, mas o vírus é invisível. Sinceramente, não quero que ninguém sinta o que eu e minha família estamos sentindo. Tenham cuidado, essa doença não é brincadeira e não é fácil ficar isolado em uma UTI”, disse dona Irene.

Moradora de Cáceres, distante a 220 km de Cuiabá, dona Irene e o falecido esposo, seu Alípio Pereira de Araújo (82 anos), foram os primeiros moradores da Princesinha do Paraguai a serem confirmados com sars-cov-2, mais conhecido como “novo coronavírus”. Hoje ela está clinicamente curada da covid-19, doença causada pelo vírus.
 
De SP à UTI
 
O casal contraiu o coronavírus em uma viagem a São Paulo em que foram fazer um tratamento médico na visão de seu Alípio. Ele era diabético e há anos viajava para Cuiabá para cuidar dos olhos. No entanto, sofreu uma hemorragia ocular e por isso precisou ir para fora do Estado em buscar de novos tratamentos médicos.

Com a aplicação de um óleo nos olhos, ele voltou a enxergar bem. Dona Irene conta que ele estava muito feliz por ter recuperado a visão, muito animado com o resultado do tratamento, mas precisava voltar a São Paulo para retirar o óleo usado para sustentar o globo ocular.
 
Arquivo Pessoal
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Heloiza Cristina (Médica em Cuiabá), Alípio Junior (médico em São Paulo), Jani Claudia (Professora em Cáceres), Alípio (In memoriam) e Irene (professora aposentada).
 
Após quatro dias que retornaram de São Paulo para Cáceres, Alípio começou a sentir os primeiros sintomas da covid-19, mas que pareciam um leve resfriado. Estava se alimentando bem, mas os picos de febre em 38 graus o levaram imediatamente a Unidade Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital São Luiz.

Dona irene também foi internada com febre, juntamente com seu esposo, mas se recuperou e teve alta. Em casa, aguardou 7 dias até que o resultado saisse, e constatou que os dois estavam com o novo coronavírus. Um dos filhos dela, que é médico, a levou de volta ao hospital.

“Meu filho, temendo o pior, me levou para o hospital com medo de eu entrar em crise respiratória. Passei dois dias na UTI e dois isolada em apartamento. Lá tive a triste notícia do falecimento do meu amado esposo, um dos dias mais tristes da minha vida”, contou Irene.
 
O Alerta
 
Dona Irene contou que viveu 47 anos, 3 meses e 5 cinco dias junto de seu Alípio, em uma convivência harmoniosa e que a perda causa uma dor irreparável. No enfrentamento desse vírus, ela alerta para que as pessoas entendam o como é difícil se prevenir.
 
Arquivo Pessoal
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 Durante o último passeio do casal.
 
“Não viajamos a passeio ou turismo como alguns disseram, mas sim em busca do restabelecimento da saúde ocular do meu esposo. Estivemos em São Bernardo no Hospital dos Olhos onde o médico do meu esposo, retirou os curativos dele. Depois fomos em mais duas clínicas, subimos e descemos elevadores na cidade. Nas clínicas havia álcool em gel, fazíamos higiene das mãos, não tenho a mínima ideia onde foi o local da nossa contaminação”.

Ela falou dos sintomas. “Eu tive um leve resfriado, depois a perda do apetite, olfato e paladar. A boca muito amarga, depois a tosse e febre. Até achávamos que era devido a mudança do clima, pois já estavamos em São Paulo há quase um mês, e retornamos para o calorão de Cáceres”.

De acordo com ela as manifestações de carinho foram surpreendentes, “Agradeço a todos, a vocês do Cáceres Noticias pelo tratamento respeitoso pela nossa família, a equipe médica, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistente de higiene e os maqueiros do Hospital São Luiz que carinhosamente cuidam de mim e de meu esposo. Agradecer a advogada Juliana Pavini e sua família que nos defendeu no momento que precisávamos. Ao nosso pároco Padre Orlando que se fez presente no momento difícil que meus filhos estavam passando, a diretoria da Previ Cáceres que carinhosamente prestaram uma homenagem a mim, fazendo um relato da história profissional do meu esposo pelo seu trabalho prestado ao município. Sou muito grata, e agradeço todos que não consegui nomear nesse momento, o meu muito obrigado pelas incansáveis orações.”
 

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