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16/04/2020 - 07:22

43% da população da região sudoeste estará com coronavírus em três meses, alertam autoridades

Por Alexandre Guimarães | Assessoria de Imprensa/DPMT

Ilustração

 (Crédito: Ilustração)
A Defensoria Pública de Mato Grosso e o Ministério Público Estadual emitiram recomendação conjunta ao secretário de saúde, Gilberto Figueiredo, recomendando o acréscimo de 15 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais de Cáceres (219 km de Cuiabá) para receber pacientes diagnosticados ou com suspeita de Covid-19.

De acordo com a recomendação, o prazo máximo para a instalação dos leitos é de 30 dias, considerando a urgência do caso e a complexidade da operação. Os defensores públicos Saulo Castrillon e Thaís Borges assinam a notificação recomendatória junto aos promotores de Justiça Augusto Santos e Rinaldo Segundo.

Conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), até a tarde desta terça-feira (14) Cáceres tinha dois casos confirmados e uma morte por Covid-19. O servidor público aposentado Alípio de Araújo, 82 anos, foi a segunda vítima do novo coronavírus em Mato Grosso. Ele estava internado no Hospital São Luiz e tinha viajado a São Paulo, na companhia da mulher, que também está internada.

"A cada dia, vemos o aumento do número de casos na região, temos, inclusive, uma morte confirmada. Cáceres é um polo regional para atendimento médico. Os poucos leitos de UTI que temos estão gradativamente sendo ocupados e, se medidas não forem tomadas, não demorará muito para que haja saturação.  Ademais, segundo estudos feitos, haverá a necessidade de 48 leitos de UTI, quantidade muito superior à existente", afirmou a defensora Thaís Borges.

Projeção – Na recomendação, foi considerado um estudo realizado pelo Governo do Estado, por meio do Escritório Regional de Saúde de Cáceres, que aponta, em um cenário otimista, a contaminação de 43% da população da região oeste do estado em três meses. Nesse cenário, seriam necessários 48 novos leitos para acolher todas as internações em UTI por Covid-19.

Levando em conta uma margem de segurança de 20%, a região necessitaria de 58 leitos. O estudo "Necessidade de Leitos de UTI para atendimento aos casos de Covid-19 em Cáceres e Região" menciona que "a necessidade de leitos de UTI consiste em preocupação constante em razão da pressão sobre os sistemas que apresentam crônico gargalo, podendo exceder em muito a capacidade do mesmo e afetar negativamente o sistema, causando aumento de óbitos e maior risco de contaminação entre os profissionais de saúde".

Segundo Castrillon, o objetivo dessa recomendação conjunta da Defensoria e do Ministério Público é estruturar melhor o hospital regional e aumentar sua capacidade de amparo às pessoas contaminadas pela Covid-19.

"Como o hospital, que atende toda a região oeste, já está com seus leitos de UTI ocupados, faz-se necessária a ampliação do número de leitos sob pena de comprometer seriamente o sistema de saúde da região e aumentar o número de óbitos pela doença", ressaltou o defensor.

Conforme apontado no levantamento, ocorreram 783 internações nas UTIs de Cáceres em 2019, sendo 224 no Hospital Regional Antônio Fontes e 559 no Hospital São Luiz.

"A UTI do Hospital Regional Antônio Fontes é vocacionada para os casos de trauma e emergência, com taxa de ocupação próxima de 100% frequentemente; enquanto a UTI do Hospital São Luiz é vocacionada para casos clínicos, com taxa de ocupação mensal de 95%", diz o estudo. Portanto, a quantidade de UTIs existentes não é suficiente para a demanda gerada pelo novo coronavírus.

Assim, "em qualquer cenário, serão necessários novos leitos de UTI, especialmente se considerarmos as distâncias geográficas entre os municípios da macrorregião oeste e o fato de que a doença apresenta alta infectividade, expondo profissionais médicos e enfermeiros em viagem de acompanhamento do paciente em ambiente limitado e fechado", narra o estudo epidemiológico realizado por professores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), que procura antecipar tendências por meio de cenários hipotéticos.

Defensores e promotores consideraram ainda que "não há previsão de aumento de leitos de UTI para a região oeste, aumentando muito o risco de morte para uma população de 317.500 pessoas, ainda mais quando se considera que as pessoas serão transportadas para Cuiabá, aumentando-se ainda mais o risco de contágio de terceiras pessoas".

Outras recomendações – Também foi recomendado ao secretário que o aumento da capacidade seja gradativo a partir do avanço dos casos, bem como que os novos leitos a serem instalados possuam os insumos necessários ao seu bom funcionamento e manutenção.

Além disso, deverá tornar públicos todos os estudos epidemiológicos e estatísticos formulados pela Secretaria Estadual de Saúde relativos à região oeste, assim como terá que informar, diariamente, a relação de leitos de UTI preenchidos e vagos nos centros de saúde da região, especialmente no Hospital São Luiz e no Hospital Regional Antônio Fontes.

Clique aqui para acessar a recomendação na íntegra.

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