Jornal Oeste

Depois de tirar Cáceres do Consórcio de Saúde da Região Oeste, por ter perdido a eleição para presidente, o prefeito Francis Maris pretende marcar mais um ponto contra a região. Está insistindo que os vereadores da Câmara Municipal aprovem a adesão de Cáceres a um consórcio ainda inexistente, formado pelos municípios da baixada cuiabana. O assunto será debatido hoje, 20, a partir das 18h, no plenário da Câmara.

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Sem nenhum romance, essa manobra toda tem a ver com dinheiro. Enquanto no Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste, o CISOMT, cada município entra com R$ 1,00 por habitante, no suposto consórcio de Cuiabá o valor para contratar procedimentos é de R$ 0,50 por habitante. Isso significa, também, que serão feitos metade dos procedimentos e exames.

A jogada é que sem estar em nenhum Consórcio Cáceres deixa de receber um recurso no valor de quase R$ 40 mil reais por mês, chamado de PAICI. Quando estava no CISOMT, Cáceres participava com a cota de R$ 90 mil do município mais os R$ 40 mil do PAICI, o que garantia R$ 130 mil por mês.

Como estratégia de saúde a participação de Cáceres no consórcio de Cuiabá é tão ruim que não aparece nenhum defensor da decisão, exceto os contratados da prefeitura.

Tanto os médicos e profissionais de saúde de Cáceres quanto a própria Secretaria de Estado de Saúde já se manifestaram contrários à proposta, inclusive, em audiência pública realizada no dia 26 de novembro, na Câmara Municipal.

Naquele momento, e na frente de todo o público que estava lá, todos os vereadores se mostraram também contrários à adesão ao Consórcio de Cuiabá.

O Conselho Municipal de Saúde fez em seguida, no dia 27, reunião plenária onde deliberou pela reprovação da proposta de adesão de Cáceres ao Consórcio da Baixada Cuiabana.

Porém, como é característico do prefeito, ele já convocou outra audiência pública, para amanhã, 20, quando deverá lotar a Câmara Municipal com seus comissionados, para que eles se manifestem a favor da adesão de Cáceres ao consórcio fantasma e com isso garantam discurso aos vereadores governistas que deverão votar a favor.

Segundo especialistas, essa adesão de Cáceres é uma aberração, porque a saúde no Estado já foi regionalizada e Cáceres é o polo de uma região de 12 municípios. 

Outro ponto abordado pelos médicos e especialistas é a despesa e desgaste dos pacientes terem que se deslocar para Cuiabá para realizar procedimentos que são ofertados aqui. Não faz sentido que os municípios da região venham a Cáceres fazer consultas e os cidadãos de Cáceres tenha que se deslocar, saindo às 2 horas da manhã, para irem fazer consulta em Cuiabá.

Além do deslocamento, que retorna por volta das 22 horas, não há mais nada ofertado ao paciente, que por vezes passa até fome nessas 20 horas entre ida e vinda.

Nas redes sociais até comerciantes clamam pelo retorno de Cáceres ao Consórcio Regional. Alegam que o fluxo de pacientes que vinham da região, em maior quantidade, aquecia o comércio e os serviços.

Hoje veem muito menos pacientes, porque com Cáceres fora do CISOMT muitos atendimentos têm se concentrado em Mirassol D’Oeste e São José dos Quatro Marcos.