Notícias / Saúde

27/11/2019 - 09:42 | Atualizado em 27/11/2019 - 10:02

Grávida de 6 meses passa mal, perde bebê e denuncia hospital por negligência médica em Cáceres

Por Lorena Segala, TV Centro América

TVCA/Reprodução

Fernanda e Wesley sempre sonharam em ter um filho (Crédito: TVCA/Reprodução)

Fernanda e Wesley sempre sonharam em ter um filho

 
Uma grávida de 6 meses passou mal durante a gestação e procurou socorro no Hospital São Luiz de Cáceres, a 220 km de Cuiabá, mas perdeu o bebê após esperar horas por atendimento de um médico especialista, segundo a família.

Fernanda Schiavo e Wesley Ferreira, que são de Mirassol D'Oeste, a 329 km de Cuiabá, realizaram uma denúncia na ouvidoria do hospital e no Ministério Público Estadual (MPE) para que os suspeitos pela morte do bebê sejam responsabilizados.

A diretora técnica do hospital, Ana Maria Gonçalves, disse que já foram ouvidos alguns funcionários. “Já iniciamos uma conversa com todas as equipes assistenciais e estamos analisando o prontuário dela e tudo que foi prestado”, explicou.
 
O MPE informou que em casos de denúncias requisita as informações à unidade e ouve as partes. Depois deste caso, o órgão afirmou que vai pedir os prontuários de todos os fetos que nasceram mortos este ano no hospital para avaliar se há ou não um padrão, já que outras mortes de bebês durante o parto já foram registradas no mesmo hospital.
 
 
O sonho do casal sempre foi ter um filho e, depois de muitas tentativas, foi realizada a fertilização in vitro. Segundo os pais, tudo ocorreu bem durante a gestação e eles teriam uma menina. No entanto, no 6° mês de gestação, Fernanda teve um sangramento.
 
“Na minha cidade não tem obstetra de plantão, então fomos para Cáceres. Os médicos realizaram ultrassom e exames clínicos e disseram que o colo do meu útero estava fechado e eles não encontravam o motivo do sangramento”, contou.

Após o atendimento, Fernanda foi para casa com o marido. Dias depois, ela começou a passar mal novamente e voltou ao hospital.
 
 
Ela foi internada e ficou aguardando por um médico obstetra, mas depois de muitas horas de espera, Fernanda perdeu o bebê.

“O cordão umbilical tinha enrolado no pescoço dela [bebê] e deu um nó. Não tinha nenhum obstetra ou pediatra”, afirmou.
 
Segundo a família, o parto deveria ter sido cesária, devido ao problema com o cordão umbilical, mas o parto foi normal.

Wesley disse que chegou com a mulher no hospital ainda à tarde e que esperou até o dia seguinte, mas nenhum médico especialista atendeu Fernanda.

“Não sabemos até hoje quem era o profissional de saúde que estava de plantão naquele dia. Sabemos que começamos a chamá-lo às 15h e passou a tarde, a noite, a madrugada e ele não apareceu”, contou.
 
 
Outro caso

Em 2017, a mãe Rosa Maria denunciou o médico do mesmo hospital, Jarbes Balieiro Damasceno por ter causado a morte do bebê dela durante o parto.
 
O promotor Rinaldo Ribeiro de Almeida explicou que a violência obstetra vai além de muitas situações e que a consequência é a morte da criança.

“Um xingamento, insinuações são violência obstetra e muitos vezes as pessoas não têm consciência disso e não denunciam isso”, explicou.

A Polícia Civil informou que o inquérito sobre o caso do médico Jarbes foi concluído em 2018 e enviado ao Ministério Público.

O médico foi indiciado por lesão corporal grave contra a mãe, pois a vítima ficou com capacidade reprodutiva comprometida, e pelo crime de homicídio doloso pela morte do bebê.

O Conselho Regional de Medicina (CRM) disse que existem três processos éticos em andamento contra o médico ainda sem conclusão.

Mais de 70% dos atendimentos do Hospital São Luiz são do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente, partos de alto risco. A unidade atende 22 municípios da região oeste do estado e da Bolívia.

A imagem pode conter: 1 pessoa, close-up
Em 2017, pais denunciaram médico também por negligência — Foto: TVCA/Reprodução

Comentários

inserir comentário
4 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

  • por Indignado 2, em 27.11.2019 às 16:50

    Mirassol não tem obstetra de plantão? Esperaram da tarde até no outro dia a avaliação do obstetra? Mas se eles chegaram de tarde em Cáceres quer dizer que ainda estava dia em Mirassol e de dia também não tinha obstetra em Mirassol? Quem está fazendo os partos em Mirassol?

  • por Indignação, em 27.11.2019 às 13:37

    Penso que ocorra problemas de gestão. Não concordo que seja o volume de atendimento pelo SUS. TEM pronto atendimento pra convenio UNIMED, todavia, ultimamente tem sido decepção. Vc chega com problemas graves em traumato e ou ortopedia, pelo convênio você já paga pelo atendimento Mas, com CLINICO geral que prescreve analgésicos e manda procurar especialista. Oras, se o caso é de EMERGÊNCIA? Antes não era assim o atendimento. Penso que piorou e não vejo perspectiva. Da mesma forma penso que seria respeitoso para com as pessoas que recorrem a esse pronto atendimento, que FOSSE DISPONIBILIZADA A LISTA DE ESPECIALIDADES NÃO ATENDIDAS e, aquelas oferecidas ao atendimento, com o nome dos RESPECTIVOS profissionais no plantão. Evitaria perda de tempo e esperança.

  • por Cacerense, em 27.11.2019 às 11:35

    Ontem 26 no ambulatório da crianças duas portas que estavam encostadas caíram sobre uma crianças de 7 anos teve ferimentos na cabeça Inclusive foi socorrida pelo corpo de bombeiros Deve ter registrado a ocorrência pesso que façam uma reportagem sobre isso Não vi nenhuma reportagem sobre o caso estão abafando o ocorrido

  • por Marionely viegas, em 27.11.2019 às 10:53

    Ate quando isso vai co tinuar a aconyecer no Hodpital São Luiz?????não é o primeiro caso!!!!

 
Sitevip Internet