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07/11/2019 - 11:39 | Atualizado em 08/11/2019 - 11:25

HOSPITAL SÃO LUÍS: Bebê morre após médico não aparecer para realização de cesariana

Por Ferreira Júnior/Popularonline

Popular Online

 (Crédito: Popular Online)
A 1ª Promotoria Criminal de Cáceres, sob o comando da Dra. Ana Luíza Barbosa da Cunha, apura denúncia de omissão de socorro, praticada pela equipe plantonista do Hospital São Luís e que resultou na morte de uma recém-nascida em data de 16 de Outubro de 2019. Registrada sob o n. 003302-005/2019, a investigação teve início a partir da narrativa apresentada pelo pai da criança, Wesley Ferreira, perante a Ouvidoria do órgão.


Segundo o denunciante, sua esposa Fernanda Schiavo foi internada no Hospital São Luis em 07 de Outubro, queixando-se de sangramento e outros sintomas, mas foi liberada no dia seguinte sem um diagnóstico, tendo retornado para a unidade hospitalar em 10 de Outubro, após o agravamento do caso, quando foi levada por uma ambulância de Mirassol D'Oeste, local de residência do casal.


Ainda citando a denúncia, após a chegada de Fernanda ao hospital, ela teve de aguardar por ao menos uma hora pelo primeiro atendimento, que foi realizado por estudantes de medicina. "Eles se perdiam entre papéis, demonstravam dúvidas sobre o significado de 'Reagente' nos exames apresentados e chegaram a questionar uma supervisora sobre a grafia correta da palavra "extenso" sem, contudo, dar atenção ao caso", declarou.


Em virtude do episódio, uma discussão se travou que acabou por convencer a supervisora a internar Fernanda. Ela então, permaneceu internada sob os cuidados da equipe, que resumiam o tratamento a remédios para dor e soro. Sem melhoras, a gestante teve uma perda de líquido aminiótico em 11 de Outubro, quando um exame de ultrassom se tornou urgente, para avaliar as condições da bebê.


O Hospital, então, teria dito que o exame só poderia ser realizado no final do dia seguinte, em razão do equipamento ser operado por equipe terceirizada. A família chegou a disponibilizar uma médica ultrassonografista para a realização do exame de urgência no local, o que teria sido negado pelo hospital.


Diante da negativa e da urgência do caso, familiares buscaram viabilizar a transferência da paciente para Cuiabá, onde equipe de um hospital particular estava de prontidão, mas o Hospital São Luis se recusou a liberar a transferência, alegando dispor do exame necessário.


Dias depois, já em 15 de Outubro, por volta das 15h, Fernanda começou a sentir dores e o médico plantonista foi chamado. Apesar da insistência da família, a espera pelo profissional se prolongou pelo restante da noite. A paciente entrou em trabalho de parto por volta das 02h (duas da madrugada) de 16 de Outubro e sua filha nasceu de parto normal por volta das 07h da manhã, sob a supervisão de enfermeiros, sem a presença de nenhum médico, mesmo exames demonstrando que a cesária era obrigatória e a bebê faleceu durante o parto.


OUTROS CASOS DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Além de apresentar a denúncia ao Ministério Público, o casal divulgou a história em suas redes sociais e diz ter recebido relatos de mães que passaram por problemas semelhantes, vivenciados no mesmo hospital. Eles agora, buscam reunir informações sobre estes casos, para formalizar novas denúncias contra o Hospital São Luis e lançaram um site, acessível pelo endereço www.isabellekids.com.br para chamar a atenção para o caso e auxiliar outras gestantes.


"Se, antes de nós, gestantes que passaram pela mesma experiência tivessem tido condições de chamar a atenção para estes problemas, muito provavelmente não teríamos passado pelo que passamos. Mas a partir de 16 de Outubro, caso qualquer outro recém nascido venha a sofrer pelas mesmas razões, parte da responsabilidade também é nossa por não termos denunciado às autoridades competentes as irregularidades que são cometidas", declarou o casal.


Eles alegam ter consciência de que nada trará a vida de Isabelle de volta, nome escolhido para a bebê, mas esperam mobilizar as autoridades para que providências sejam tomadas, com o objetivo de que a história não se repita.

Outro lado


A direção do Hospital São Luiz informa que foi aberto um procedimento interno de apuração para analisar todas as circunstâncias do atendimento prestado à paciente citada pela reportagem. A unidade se solidariza com a perda da família e ressalta que todos os esclarecimentos serão fornecidos para a compreensão dos procedimentos adotados, bem como eventuais providências cabíveis poderão ser tomadas.
 
Cabe mencionar que o Hospital São Luiz é referência em gestação e parto de alto risco para 22 municípios da Região Oeste do Estado Mato Grosso, incluindo o país vizinho, a Bolívia. O serviço assistencial é realizado por uma equipe multiprofissional qualificada que preza por um atendimento humanizado.

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8 comentários

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  • por Edilaine, em 08.11.2019 às 08:24

    Qdo fui ter minha filha ateh fugi do hospital por conta de dores fortes e o medico de plantao se recusava a me atender.. Nao sao todos mas tem uns q eh pior q cachorro ..

  • por FALHA MÉDICA, DE GESTÃO?????, em 07.11.2019 às 17:00

    Infelizmente não se restringe apenas à esse caso e, à essa àrea. Poucos dias atrás chegamos ao hospital, para o pronto atendimento todavia a plantonista prescreveu apenas para ""aliviar" a dor e não encaminhou para exames dizendo que não havia quem atendesse àquela emergência. Uma calamidade! E penso que seja caso de acionar esse Hospital por receber pelo serviço esperado, mas não corresponde ao atendimento necessário. No caso em tela, evidenciou-se que Não Basta concluir uma formação profissional, tem que APREENDER O CONHECIMENTO ESPECIFICO ALIADO À RESPONSABILIDADE necessária ao eficiente e eficaz serviço prestado. O paciente, ser humano não é respeitado.

  • por Vigilante Revoltado, em 07.11.2019 às 15:29

    Infelizmente enquanto Caceres estiver nas mãos desse hospital São Luiz que na minha opnião é uma MÁFIA sempre teremos noticias ruins como essa... Deus conforte a familia

  • por Liliane Ribeiro, em 07.11.2019 às 14:13

    Sempre é assim!! Nao é a primeira vez que nao tem medico para aplicar a nestesia na hora e tal... até quando???

  • por joão, em 07.11.2019 às 13:54

    Isso deve ser apurado, e os culpados devem pagar, isso é uma vergonha.

  • por Marionely Araujo Viegas, em 07.11.2019 às 12:41

    Isso é só o início das descobertas dos inumeros erros médicos cometidos no HSL. Investiguem a fundo e verão a triste realidade, e agora piorando com os ditos ALUNOS DA FACULDADE!!!!

  • por Chico, em 07.11.2019 às 12:21

    Sabe qual a questão? Esses médicos viraram mercenários, só pensam em dinheiro e hoje se acham superiores aos outros, tratando todo mundo feito cachorro. Tudo isso sem falar na péssima qualidade e formação desses médicos que, bancados pela família, vão estudar fora e voltam sem saber nada. Será que não está na hora de fechar esse São Luiz? Vai demorar quanto ainda para o MP tomar alguma providência efetiva? Só esta assim porque é pobre. Morre um rico aí p ver a repercussão. Barbaridade!!!!!

  • por André, em 07.11.2019 às 11:43

    Isso porque Cáceres tem uma renomadíssima faculdade de Medicina. Imagina o pobre do cidadão que mora nos rincões do Brasil onde nem médico tem.

 
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