Jornal Oeste

Cremação se tornou um dos serviços ofertados pelas funerárias de Cuiabá. Há quase um ano instalado no Cemitério Bom Jesus, no Parque Cuiabá, na Capital, o único crematório da região Centro-Oeste tem atraído cada vez mais interessados, ainda que a prática siga cercada de tabus, devido crenças e dúvidas. Em 11 meses de funcionamento, 75 corpos foram cremados no local. 
 
A equipe do  esteve no crematório acompanhada de um dos administradores do local, Valmir Garavaglia, e conheceu os 1.200 m² do empreendimento, bem como todo o processo pelo qual os corpos passam desde à chegada na unidade até se tornarem cinzas. 

A estrutura está localizado no topo do cemitério, entre a administração, jardim superior e gavetas. O espaço é amplo, com vidros espelhados. Já na entrada há uma sala de recepção, que antecede o espaço das cerimônias, com capacidade para até 168 pessoas sentadas, mais ou menos de 250 a 300 pessoas no total.

 

Valmir informa que o espaço não é para realizar velório. “É como se fossem vir aqui para o enterro”, diz.  O auditório conta com telões, cabine de som, iluminação especial e outros equipamentos. “Importante destacar que esse espaço da cerimônia ainda não está em funcionamento. Vamos colocar em prática o cerimonial a partir do primeiro semestre de 2020. Por enquanto, só estamos fazendo a cremação, sem a cerimônia”.

  
Luiz Leite

 

 

Lá, os familiares vão poder escolher várias formas de homenagear o ente querido. “Serão cerimônias de 40 a 50 minutos, onde podem ter leituras, vídeos sobre a vida da pessoa, fotos. Enfim, é um momento de despedida”, conta Valmir.
 
Corpo no caixão fica fixado em uma estrutura com esteira, que chega ao palco após a abertura de uma porta automática. O mesmo esquema se repete ao fim da cerimônia, podendo conter ainda fumaça e chuva de pétalas de rosas, vai do gosto da família. 

 

Depois disso, o caixão é levado para o piso inferior e colocado em câmara fria, onde fica por até 15 dias. 
 
A espera 

Valmir explica que, para a cremação, é necessário um laudo atestando a morte assinado por dois médicos. Isso para casos de mortes naturais. “O corpo só pode ser cremado depois de 48 horas. Para mortes violentas, além da assinatura de dois médicos, é necessária autorização judicial”.
 
No forno, a temperatura média é de 800°C. O caixão é colocado sem as alças e outros metais. Após cerca de 3h30, o corpo é  totalmente incinerado, sobrando apenas os ossos, que se tornam cinzas. Cabelos, carne e tecido acabam evapotando. Vale ressaltar que no processo, um corpo é colocado por vez. 

 

“Claro, o corpo de uma criança, por exemplo, diminuiu esse tempo para ao menos 1h40. Mas depende de cada pessoa, nem todo mundo tem a mesma quantidade de ossos e massa”, disse Valmir. 
 

Luiz Leite

 

 

Após a cremação, as cinzas podem render uma média de 1,5 kg até 2,5 kg. Depois do forno, as cinzas vão para uma espécie de “panela”, onde passam por um processo de refrigeração, pois saem muito quentes do forno.
 
“Para se ter uma ideia, 24h depois de um processo, o forno ainda está em 400°C”. Só após o esfriamento, elas são colocadas na urna e por fim, entregues à família.
 
Todo o processo é feito pelos funcionários capacitados. A função é específica, destacou o administrador. Atualmente 3 trabalhadores estão preparados para atuar diretamente no forno do crematório. 
 
Quanto custa ser cremado?

Por enquanto, a opção de ser cremado está sendo oferecido apenas para as famílias que procuram os serviços funerários. “A venda é feita pela funerária, então só as famílias ficam sabendo quando procuram opções, seja para sepultar ou cremar”, diz Valmir.
 
Tanto é que, nesse período em funcionamento, 75 cremações foram feitas. “Não temos perfil, pessoas de todas as classes sociais e até de outras religiões procuram o serviço. Tivemos alguns do interior de Mato Grosso, por exemplo”, disse. 
 
Questionado sobre quanto custa o serviço, ele destaca que ser sepultado sai mais caro, mas isso depende da visão de quem procura. 
 
“Ser sepultado no Parque Bom Jesus sai em média R$ 7,5 mil, mas o espaço dá direito a mais 8 sepultamentos. Já a cremação fica em média R$ 3,9 mil sem o serviço de cerimonial. Então é necessário avaliar. Se é de urgência, a cremação compensa”. 
 

Luiz Leite

 

 

Assim que fecham o contrato, a família tem direito a uma urna de madeira envernizada. Simples em vista das dezenas de opções ofertadas. Entre elas, há pingentes com capacidade para pequenas porções de cinzas e até pulseiras.
 
“Há urnas que vão de R$ 400 até R$ 2 mil. Há acessórios, kit com 6 vasos para uma família, cores e tamanhos diferentes. Vai do gosto da pessoa”, destacou.