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21/10/2019 - 12:58 | Atualizado em 21/10/2019 - 13:04

Pastorello diz que a população precisa saber a verdade sobre o financiamento do esgoto

Por Assessoria

Assessoria

 (Crédito: Assessoria)
Está sendo cada vez mais difundido, pela prefeitura, o projeto do esgoto de Cáceres está na Câmara Municipal e só falta "aprovar". Alguns vereadores, dentre eles Cézare Pastorello (Solidariedade) divergem e explicam que não é bem assim.

Primeiramente, porque o projeto de lei que pede a autorização para contratar o empréstimo, no valor de 150 milhões de reais, não veio acompanhado do básico, que é o valor da parcela mensal, custo estimado de operação da rede de esgoto e o quanto isso vai ser repassado para a população. "Todo mundo quer esgoto, não há dúvidas, mas sem saber o quanto e como vai pagar esse financiamento, precisamos ter cautela. Se a rede de esgoto significar aumentar em 300% o valor da conta de água, o efeito vai ser o contrário. Mais gente vai ter a água cortada e terá que se socorrer de poços rudimentares, tomando água sem tratamento. O que devemos buscar é a universalização do saneamento, e isso não se faz tirando a água tratada do pobre" afirma Pastorello.

Pastorello ainda esclarece alguns pontos explorados pela prefeitura, como, por exemplo, que 93% do esgoto de Cáceres é jogado no rio Paraguai. Na verdade, 7% das casas de Cáceres têm rede de esgoto por serem condições para a instalação de conjuntos habitacionais. Porém, o Residencial Universitário, por exemplo, foi autorizado pela prefeitura a ser construído, com quase mil casas, sem rede e tratamento de esgoto. Agora, para colocar a rede de esgoto, o morador vai ter que pagar duas vezes, porque ele já paga sua prestação da casa que inclui a fossa e agora vai pagar a rede de esgoto, que deveria ter sido feita com o residencial. Sair de uma conta de água de R$ 53,00 para quase R$ 150,00 vai prejudicar muitas famílias.

De fato, há ligações clandestinas de esgoto nas galerias de drenagem da água de chuva. Mas só 30% das ruas asfaltadas têm drenagem, e desses 30%, só algumas casas que fazem essas ligações, que são proibidas. Ter a rede de tratamento não evitará que essas ligações permaneçam ou outras sejam feitas.

Depois de feita a rede coletora de esgoto, aí sim, todo esgoto tratado da cidade será jogado no rio Paraguai. Pelo projeto, todo esgoto da cidade será bombeado para uma estação de tratamento na região do distrito industrial, e dali diretamente para o Rio Paraguai, próximo à localidade do Sadao. Não é raro haver problemas nas estações de tratamento, que sem conseguirem tratar o esgoto, jogam in natura no rio. Recentemente uma estação de tratamento em Barra do Bugres colapsou e o esgoto foi todo jogado no rio Paraguai in natura.

Mas, na balança ambiental o tratamento do esgoto é positivo para toda a cidade, principalmente ao fazer a coleta do esgoto das residências que possuem fossas rudimentares, que contaminam o solo e por vezes os poços de onde são tiradas as águas.

O que realmente preocupa os vereadores e especialistas no assunto é o custo do financiamento, que será garantido com o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e com um valor muito alto.

Em reunião com vereadores e dirigentes da Caixa Econômica Federal, foi apresentada uma planilha em que a primeira parcela do empréstimo será de R$ 14.084.518,45, o que divido por 12 meses dá um valor R$ R$ 1.173.709,87 mensal. Também foi exemplificado pela Autarquia Águas do Pantanal que o custo de operação do esgoto é de, aproximadamente, 72% do valor da água. Atualmente, o faturamento da água em Cáceres é cerca de 900 mil reais.

"Apesar do prefeito resistir em encaminhar à Câmara a resposta de como vai pagar esse financiamento, a conta é simples. Hoje a água arrecada menos de 900 mil reais. A proposta "falada" pela prefeitura é que o valor do esgoto seja de 100% sobre o valor da água, o que só cobre a operação, de forma apertada. Mas, ainda é necessário o pagamento da parcela, de mais 1,2 milhões. Logo, precisa de 2,1 milhões para operar e pagar o empréstimo, isso dá mais de 230% sobre o valor que arrecada de água. Ou seja, o que queremos de resposta é como a prefeitura não vai aumentar o valor do consumidor em 230%", explica o vereador Pastorello.

E o receio dos vereadores é que após a aprovação do financiamento e comprometimento do município, a água seja reajustada para compensar o pagamento do financiamento. Assim, a tarifa do esgoto continuaria em 100%, mas a água subiria para custear o investimento.

92% das ligações de água pagam até R$ 40,00 de água, mais a taxa de coleta de lixo. Um aumento de até R$ 90,00 a mais para pagar o financiamento pode pesar muito para as famílias de baixa renda.

Outro ponto que ainda não foi debatido, mas já foi confirmado pelo executivo, é a instalação de hidrômetros nos poços artesianos. Os supermercados, hotéis, estabelecimentos em geral e até algumas residências receberão, e provavelmente eles mesmos terão que pagar, como é o caso dos cavaletes, um equipamento para medir o volume de água que sai do poço, para que a prefeitura possa cobrar o valor do esgoto equivalente. Isso já é comum em outras cidades.

Em resumo, alguns vereadores já se manifestaram que o esgoto é necessário, porém, tem que ser custeado com recursos federais, estaduais ou até internacionais, como está acontecendo em Barra do Bugres, em que estão sendo usados recursos da China. Ou que seja feita a instalação parcial, onde a necessidade seja mais crítica.

"Aguardamos esclarecimentos FORMAIS do prefeito, sobre quanto e como vai pagar essa conta. É o mínimo para se aprovar um financiamento. Não adianta fazer videozinhos e tentar pressionar a Câmara, porque vamos agir com responsabilidade.  Certamente que queremos o tratamento do esgoto. Chegando as informações e debatendo com sociedade, quem vai decidir é o cacerense", finaliza o vereador Pastorello.

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  • por Cézare Pastorello, em 22.10.2019 às 23:35

    Martinha, é exatamente isso que estamos cobrando em relação a este projeto, o planejamento financeiro. Uma dívida dessas, se mal planejada, pode quebrar o município, já que a garantia dela é o repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), que é um "sanguinho" que o governo federal repassa todos os meses. Por isso pedimos o parcelamento detalhado, o custo de operação do esgoto e qual é a proposta de fazer o pagamento das parcelas mais o custo. Em relação aos condicionadores de ar, formulei requerimento à Secretaria Municipal de Educação. Estou esperando confirmar uma outra informação em relação aos aparelhos, e vou divulgar, porque pais e professores se esforçaram para vender cartelas na expectativa de que os aparelhos fossem instalados ainda este ano! Desde já (e foi desde sempre) meu telefone com WhatsApp é (65)996864500.

  • por Jr, em 22.10.2019 às 09:23

    Airtão, sabemos que existe vereadores apenas quando apresentam a folha de pagamento ou quando inventam moções... no mais só bla bla bla e Maria mole com cafezinho ! Brincadeira ou querem mais ? Só que daqui a pouco, chegando perto das eleições, um ou outro faz um movimento pseudo e alguns cai na conversa fiada e voltam a votar nos mesmo, aí lá se vai mais 4 anos na m....

  • por Pedro dias., em 21.10.2019 às 19:30

    Não faz nada de útil mais fica jogando areia no projeto dos outros.

  • por Martinha, em 21.10.2019 às 15:04

    Vereador, a população precisa saber muita coisa. Seria bom saber quem faz os estudos de planejamento e impacto financeiro-orçamentário de todos esses empréstimos. A Câmara tem capacidade de analisar esses estudos? Se a Prefeitura estiver fazendo estudos como fez o planejamento da instalação dos aparelhos de ar condicionado, os próximos prefeitos estão no fogo. A Secretaria de educação fez planejamento de gastar 300 mil reais para reforma de TODAS as escolas e gastou esse dinheiro em apenas DUAS. Que planejamento é esse? A câmara não está mais interessada na fiscalização dessa história? A quem interessa adiar a instalação? Por que todos se calam????

  • por José luiz, em 21.10.2019 às 14:37

    Sr. Prefeito busque parcerias com governo estadual e Federal, não venha querer jogar pra cima de nós mais pobres essa conta. Já pagamos conta de água, taxa de lixo, iss taxa de iluminação pública e tanto imposto e ainda quer jogar mais essa conta sobre nossos ombros. Isso é direito de todo cidadão de ter água potável e rede de esgoto , é dever do estado e do município oferecer isso. Então faça valer o papel de governante e busque outros meios para financiar um montante tão alto de milhões de reais. fala-se em construir um prédio novo para a águas do pantanal, por que não usa esse dinheiro de contra partida, vai ser mais útil.

  • por Marcio Lemes, em 21.10.2019 às 14:32

    Parabéns Pastorello! Vocé é o único vereador que realmente está trabalhando. É organizado, coerente, não faz oposição só por fazer... você faz uma oposição coerente, com estudo de causa, com argumentos válidos. Se todos os vereadores tivessem esse comprometimento nossa cidade seria outro nível! Enquanto isso os outros só estão pendurados na teta, que vai secar ano que vem...

  • por Airtão, em 21.10.2019 às 13:54

    cade a posição dos outros 14 vereadores?

  • por Wilson Costa, em 21.10.2019 às 13:31

    O cacerense não aguenta pagar essa conta. financiar obra com dinheiro do Contribuinte é coisa para cidade rica. Não foi o prefeito que coordenou a campanha do Bolsonaro aqui na cidade? Pra que? Cadê o resultado? Nas outras cidades estão brigando para baixar a taxa de esgoto e aqui que estamos do lado do Rio Paraguai vai subir a água?

 
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