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17/11/2009 - 00:00

Forros despencados, paredes rachadas, esgoto a céu aberto; é o caos das escolas estaduais em Cáceres

Por Jornal Oeste

Sinézio Alcântara Jornal Expressão Escolas com forro desabando, portas sem fechaduras, vasos entupidos, banheiros sem portas, instalações elétricas, sanitárias e hidráulicas deterioradas, paredes e pisos com rachaduras e até uma com esgoto correndo a céu aberto, entre as salas de aula. O retrato fiel da degradação da maioria das escolas da rede pública estadual em Cáceres foi apresentado ao secretário de estado de Educação, Ságuas Moraes, na última segunda-feira. Em alguns casos, como o do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) “Professor Milton Marques Curvo” as deficiências são tantas que foi recomendada a construção de outro prédio. Na escola São Luiz, localizada no bairro Vila Mariana, um esgoto a céu aberto passa no corredor das classes, entre os alunos. E, nenhuma das 18 unidades escolares dispõe de banheiros para portadores de necessidades especiais (PNE). Os problemas atingem desde as escolas mais antigas como a Esperidião Marques de 97 anos de fundação, até a caçulinha Criança Cidadã, de 10 anos. No Esperidião Marques onde uma reforma vem sendo realizada há mais de um ano sem que seja concluída, os diretores defendem a aquisição de um imóvel para construção de uma quadra para prática de educação física. Na Criança Cidadã, localizada no bairro Jardim Cidade Nova, a direção cobra reparos na cobertura, cujas lajes estão com vazamentos, a necessidade de pintura e conserto na rede elétrica. O encontro entre diretores, coordenadores e assessores pedagógicos foi articulado pelo deputado Pedro Henry, devido ao verdadeiro estado de calamidade, constatado pela carência de estrutura nas escolas da rede estadual no município. Durante a apresentação de um slide sobre a situação de cada estabelecimento, os diretores da São Luiz, mostraram as marcas do início de um incêndio em uma sala de aula, neste ano. O fogo, conforme a direção teria sido provocado por um curto-circuito, devido a precariedade das instalações elétricas. A direção também aponta a necessidade da construção de mais uma sala de aula para atender a demanda de alunos do bairro. Na histórica “Escola Estadual Onze de Março”, fundada em 11 de março de 1947, pelo professor Natalino Ferreira Mendes, atual membro da Academia Mato-grossense de Letras e que por onde passaram personalidades como o ex-senador Márcio Lacerda, o deputado Ninomiya Miguel, o delegado de polícia Alex de Souza Cuiabano, professor como Geovanil Sacramento, engenheiro Adilson Reis e a maioria dos advogados e médicos do município, a situação é desoladora. Grande parte dos sanitários está entupida, as instalações hidráulicas apresentam vazamentos em quase toda sua extensão e as instalações elétricas são precárias. Situação semelhante é da vizinha “Escola Natalino Ferreira Mendes”, desmembrada da Onze de Março, em 2004. As fotos do prédio apresentadas durante a reunião apontam rachaduras no piso, parte do forro caindo, portas sem fechaduras e instalações elétricas deficientes. A escola Natalino é a mesma que ameaçou desabar no final do ano passado. Engenheiros constaram um erro de engenharia no projeto. Na Rodrigues Fontes, localizada no bairro da Cavalhada, os problemas são os mesmos. A escola apresenta rachadura no piso, vazamento de água nas pias e necessidade de reparos na pintura. Além disso, a direção sugere a construção de duas novas salas de aula para atender a demanda de alunos. Na Mário Mota, no bairro São Luiz, a maioria das portas está sem fechaduras e as instalações elétricas necessitando de reparos, sem contar que na quadra de esporte existe apenas o encaixe das lâmpadas nos refletores. A mesma situação se comprova na escola “Ana Maria das Graças Noronha”, localizada no bairro COHAB Nova. Além do forro de algumas salas caindo e das portas sem fechadura, o reservatório de água que é consumida pelos alunos, professores e servidores, apresenta infiltrações. Vazamentos também se constatam nas paredes da escola “Dr. Leopoldo Ambrósio Filho” no bairro DNER. Isso fora os problemas comuns dos demais estabelecimentos como portas sem fechaduras e forro caindo. A construção de uma quadra para prática de educação física não foi concluída. A empresa responsável pela execução do projeto abandonou a obra alegando falta de pagamento. Reparo geral necessita a escola “Demétrio Costa Pereira”, no bairro Cidade Alta. As fotos apresentadas ao secretário Ságuas Moraes e ao deputado Pedro Henry mostram parte do forro caindo, paredes com rachaduras, goteiras no forro, vidros quebrados e problemas na instalação sanitária. Localizada no bairro Jardim Padre Paulo, a falta de estrutura da escola “Gabriel Pinto de Arruda” é igual as demais: parte do forro caindo, banheiros com portas danificadas e instalações elétricas deficitárias. A direção da Gabriel também defende a construção de duas novas salas de aula e de uma quadra para prática de educação física. As escolas “Frei Ambrósio” no bairro de Junco e a João Florentino Silva Neto, no distrito do Caramujo, apresentam menores problemas. Contudo, a direção da Frei Ambrósio cobra reparos na rede elétrica e na pintura e ainda construção de quadra para prática esportiva. A direção da João Florentino sugere a construção de muro e quadra para prática de educação física. Nas duas escolas estaduais localizadas na zona rural a situação é ainda pior. A escola “Mário Duílio Evaristo Henry” localizada no distrito Nova Cáceres, antiga Sadia, não existe sequer prédio para que os professores possam ministrar as aulas. Eles improvisam um barracão como sala de aula. Se não existe prédio, obviamente, que também não existe mobília. Na escola Nova Esperança, assentamento Sapiguá, os professores utilizam um barraco da prefeitura para atender aos alunos. Até mesmo o Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica (CEFAPRO), funciona de maneira improvisada no prédio do Onze de Março porque não existe local para que os servidores possam trabalhar. Em um documento entregue pela Assessoria Pedagógica ao secretário e ao deputado, além de cobrar providências para sanar o caos que se instalou nas escolas estaduais, em Cáceres, os assessores recomendam a construção de duas novas escolas no município. Uma no bairro Jardim Guanabara onde, recentemente, foi feito a entrega de 232 casas populares aos moradores e a outra no bairro Jardim das Oliveiras. Por outro lado O secretário de Estado de Educação, Saguas Moraes, por outro lado, coloca em dúvida a seriedade de alguns diretores. Ele disse que “é inconcebível” que a maioria das escolas apresente problemas de simples solução, como por exemplo, vidros quebrados e lâmpadas queimadas. Explicou que o Estado, através da SEDUC, libera anualmente, recursos do Plano de Desenvolvimento Escolar (PDE) para reparos emergenciais. Lembrou que só em 2009 foram liberados R$ 8 mil no mês de janeiro e R$ 6 mil no mês de maio. “Casos graves como reforma, construção de quadras e troca de lajes, justificam essa situação. Mas, pequenos reparos como lâmpadas queimadas, troca de fechaduras e vidros deveriam ser feito com os recursos emergenciais do PDE. É inconcebível essa situação. Para onde estão indo os recursos?”, indagou. Apesar do secretário questionar as cobranças dos diretores, ele prometeu liberar R$ 6 milhões para solucionar o problema das escolas estaduais no município”. Revelou que neste ano, a SEDUC liberou, através do PDE, R$ 10 por aluno da escola. E, que no próximo ano esse percentual será ampliado para R$ 20. “Se 10 não está dando vamos aumentar. Essa é uma forma de atender as necessidades básicas das escolas”, enfatizou lembrando que a única escola que não será contemplada com dessa cota é a União e Força, por estar em prédio locado pela Seduc e a lei, segundo ele, não permite a liberação de recursos em casos específicos como esse.
 
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