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10/07/2019 - 08:50

A verdadeira história do Festival de Pesca de Cáceres

Por Redação / Correio Cacerense

Hoje começa o FIPe 2019, apesar da sua descaracterização de fins e mudança de época, do que se foi pensada lá nos anos 80, o Jornal Oeste replica uma reportagem do Jornal Correio Cacerense que produziu há uns anos atrás uma matéria que conta a verdadeira história que pretende defender a verdade sobre sua autêntica origem, preservando assim sua origem para que as futuras gerações não se percam em sua essência. O modesto Festival do Peixe, que se tornou o maior evento do gênero no mundo. Feliz coincidência tem como palco o berço do maior santuário ecológico do planeta: O Pantanal Mato-grossense.  Confira.

Tudo começou no de 1979, quando o técnico em eletrônica Aderbal Michelis (in memorian), em visita a cidade de Barra do Bugres, onde prestava assistência a torre de televisão e rádio amadores, visualizou o cartaz com a publicidade de uma gincana de pesca. A gincana era organizada pela prefeitura e coordenada pelo Adelino Ferreira (Pirangueiro).

Apaixonado pela pesca, Aderbal  ao inscrever sua equipe composta por ele, seu pai Bertolino Michelis (in memorian) e seu filho Adilson Michelis, que na oportunidade foi impedido de participar por ter apenas 13 anos de idade, embarcando em seu lugar o jornalista do Correio Cacerense  Luizmar Faquini, fato esse que gerou revolta em Aderbal. Após participarem do festival e Aderbal selar amizade com Adelino Ferreira (Pirangueiro), resolveram trazer a ideia para Cáceres.

Para Aderbal e Adelino, amantes da pesca, não foi difícil despertar no então prefeito Ivo Scaff o entusiasmo pela ideia.  Assim no ano de 1980 nascia o Festival do Peixe em Cáceres, com apoio irrestrito do prefeito Ivo Scaff,  determinação dos pescadores de carteirinha Aderbal Michelis e Adelino Pirangueiro e apoio do comércio e amigos.

Participaram da primeiro Festival 72 pessoas na categoria pesca embarcada e 55 na categoria infantil. Naquele ano a prova de pesca durou 12 horas, não tendo área delimitada, tendo sido capturado 123 kg de pescado, que foram preparados e servidos no jantar de confraternização entre os participantes.

No 2º campeonato, em 1981, o evento começou a ganhar divulgação e receber visitantes de outros Estados, sendo capturado por Aderbal Michelis um jaú de 37 quilos.

A partir  de 1982 o evento passou a chamar-se Torneio Internacional de Pesca, por já contar com a participação de equipes do Exterior. Assim a cada ano o número de participantes foi crescendo.

Em 1984 e 1985, várias implementações surgiram, passando o torneio a fazer parte do CBPDS - Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos, que estabeleceu as regras oficiais da Confederação Brasileira de Pesca.  Nesses dois anos as provas foram realizados com o tempo de 24 horas, atingindo grande número de participantes.

No ano de 1985, a CBPDS confere a esposa de Aderbal, Orfélia Michelis (in memorian) o título de Coordenadora Oficial do Torneio e representante da Confederação em Cáceres. Também neste ano, Aderbal recebe a homenagem de Patrono do Torneio.

O tornei já solidificado começou a ganhar patrocinadores, como o Banco Itaú. E o evento ganha novas inovações   sendo inscrita a primeira equipe composta somente por mulheres, e pioneiras por coincidência ou não, duas integrantes filhas de Aderbal, Rosane e Triana Michelis e a amiga Simone Valéria do Amaral, substituída um ano depois pela sobrinha de Aderbal Marimar.

O resultado dos esforços aliados a inovações implantadas ao longo dos anos de forma ininterrupta, buscando principalmente a organização e a seriedade, credenciaram o município a convite da CBPDS a sediar em 1992, o Campeonato Brasileiro de Pesca, onde a equipe formada por Rosane, Triana e Marimar Michelis consagraram-se campeãs, tornando-se o primeiro trio feminino a vencer um campeonato de pesca em água doce no Brasil. Nesse mesmo ano o torneio passa a fazer parte do Guinnes Book, Livro dos Recordes, com a participação de 190 embarcações, conduzindo equipes com três pescadores cada, nas categorias feminina e masculina.

O evento ganha repercussão dentro e fora do Brasil e mostra o potencial turísticos de uma das regiões do Pantanal Mato-grossense. 

Em 1993, o torneio passa oficialmente a chamar Festival Internacional de Pesca, desvinculando-se da  Confederação Nacional de Pesca, o que possibilitou mudanças nas regras, entre elas a valorização do peixe nobre e não somente do quilo. A partir desse ano passa a ser sorteado o local da pesca, anunciado apenas na hora da largada dos barcos, como acontece até hoje.

A preservação da fauna ictiológica passa a ser mais observada. Cada peixe fisgado é pesado, não estando dentro das medidas é devolvido ao rio, e os capturados dentro da medida eram doados a entidades filantrópicas.

A partir de 1997, visando a preservação das espécies de peixes no Rio Paraguai, a comissão organizadora implantou o Pesque-Solte e todos os peixes capturados após pesados  e medidos passaram a ser devolvidos ao rio com vida. No ano de 1998, o Festival recebeu equipes da Bolívia, Estados Unidos, França, México e Itália, também nesse ano foi implantado o tagueamento, técnica de marcar os peixes capturados com o objetivo de identificar e pesquisar o peixe caso novamente capturado.

Em 2000 o FIPe inova com oficinas públicas de artesanato, dança de salão, cerâmica entre outras. Neste ano foram 2.912 pescadores, sendo 1502 crianças/adolescentes e 1410 adultos, somando 470 equipes. Em 2001 devido ao baixo nível do rio, foram limitadas o número de inscrições para 400 equipes e permitiu o uso de embarcações com motor até 130 HP. E a prova infantil e juvenil foi limitada a 1.200 participantes.

E assim vem caminhando ano a ano chegando em sua 36ª Edição, com campanha mais acirrada visando a conservação do Rio Paraguai e seus afluentes.

O Festival do Peixe idealizado a principio por Aderbal Michelis e Adelino Pirangueiro, ganhou corpo, tornou-se um grande evento, reconhecido internacionalmente. Desde a sua origem, a cada ano o Festival realizado pela Prefeitura de Cáceres, tornou-se um forte incremento do turismo na cidade conhecida como Princesinha do Paraguai.

O FIPe foi e continua sendo notícia em muitos jornais e revistas brasileiras e internacionais. O que nasceu pequeno, do sonho de um amante da pesca, é hoje o maior evento turístico de Mato Grosso.

Aderbal Michelis  era um homem que lutava pela melhoria de Cáceres, sobretudo no campo do lazer e informação. Ele partiu em meados de 1985 e até hoje seu nome é lembrado durante o Festival de Pesca. 












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8 comentários

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  • por JACQUES VALERY FINAMORE, em 11.07.2019 às 09:16

    PARABENS PELA LINDA MATERIA.EU CAPIXABA MAS QUE AMO DE CORAÇÃO CACERES OBDE TICE A HONRA DE MORAR POR ALGUNS ANOS.NA ADOLECENCIA CHEGANDO INCLUSIVE EM SERVIR A MINHA PATRIA AMADA NO 2 B.FRON EM 1967.ME EMOCIONEI LENDO ESTA MATERIA.MINHA LINDA PRINCEZINHA DO PANTANAL TE AMO TE VERDADE.

  • por EXPEDITO SO OBSERVANDO, em 11.07.2019 às 07:28

    PROFª IEDA, UMA PESSOAL INCRIVEL, UMA VONTADE INCRIVEL, E UM CARATER DE POUCOS. POR ANOS COMANDANDO ESSA FESTA COM UMA HUMILDADE JAMAIS VISTA. COMO ERA BOM O FESTIVAL DE PESCA, HOJE PASSANDO PELAS RUAS, NÃO É NADA MAIS QUE BUSINESS, DINHEIRO... DINHEIRO E DINHEIRO, ACABOU O AMOR DE SE FAZER E DE SE PARTICIPAR, TRISTE FIM.

  • por Maria da Conceicão, em 10.07.2019 às 16:16

    Esses peixes também era doado para hospitais e casas de abrigos em Cáceres.

  • por manezinho, em 10.07.2019 às 13:10

    TIVE A HONRA DE TRABALHAR NO FIPE POR LONGOS ANOS, PORQUE EU ERA FUNCIONÁRIO DO BANCO ITAU A QUAL ERA PATROCINADOR DA PESCA NOS ANOS 80,TRABALHEI COM PROFª IEDA E PESSOAL DA PREFEITURA QUE NÃO MEDIA ESFORÇOS PARA CADA ANO QUE PASSAVA O FESTIVAL GANHAVA MAIS CORPO. QUE SAUDADES DOS TRABALHOS DA PROFª IEDA PESSOA FANTASTICA UMA DINAMICA FORA DE SERIE.

  • por Aroldo, em 10.07.2019 às 13:01

    Muito boa essa reportagem sobre o nosso Festival de pesca, reconhecendo a grandeza dos trabalhos dos pioneiros. Ficaria ainda mais completa se fossem citados os nomes da prof. Yeda e Maria Dulce (in-memorian), que, sem dúvida nenhuma, proporcionaram, no período que estivaram à frente do evento, o requinte e a organização impecável, sem desmerecer os últimos organizadores. Parabéns a todos que deram sequência ao mais importante evento de turismo do Estado.

  • por Elias Rocha Garboso, em 10.07.2019 às 12:13

    Lembro-me que nos primeiros eventos os peixes eram servidos (frito) no barracão do parque de exposições pra todos que ali fossem, eu comi.

  • por Bn, em 10.07.2019 às 12:08

    Temos que conscientizar as pessoas sobre a importância do pescado em devolver para o Rio e principalmente da limpeza do mesmo, pois isso com o tempo poderá não existir mais.

  • por Eliezer Martins, em 10.07.2019 às 10:33

    Tive o privilégio em descrever também, a realização do FIPe e com a supervisão e proporcionando relatos , fotos e artigos deste feito quando eu tive a honra em trabalhar com a personagem, primeira dama da fundação do FIPe, dona OrfeliA.

 
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