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26/06/2019 - 09:35

Deputado de MT é tachado de homofóbico e pode responder por quebra de decoro parlamentar

Por Rodivaldo Ribeiro

O deputado federal José Medeiros (Podemos) está sob os holofotes por comportamento inadequado durante depoimento do jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, à Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Antes e durante sua vez de falar, fez alusões à homossexualidade do norte-americano e ainda chamou o marido dele, o deputado David Miranda (PSOL), de “parceiro sexual”. Após ser corrigido por colegas, Medeiros questionou se Glenn teria vergonha de ser casado com o carioca e, depois de ser interpelado pelo próprio ofendido, perguntou se eles não faziam sexo.

O parlamentar mato-grossense foi repreendido várias vezes pelo presidente da Comissão, deputado federal Helder Salomão (PT), que exigia que Medeiros respeitasse o convidado e pedia às taquígrafas que excluíssem os termos  ofensivos proferidos pelo representante de Mato Grosso tanto a Glenn quanto a David.

Ouviu a palavra “homofóbico” a plenos pulmões pelo menos quatro vezes durante suas falas, que incluíram perguntar se Greenwald era espião russo "como Jon Snowden" e se ele queria soltar o ex-presidente Lula. Foi ignorado nos questionamentos mais descabidos e ameaçado de ser levado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa pela colega Talíria Petrone (PSOL). José Medeiros respondia a ela batendo boca e defendendo seu direito de dizer o que quisesse.

O mato-grossense já é alvo da representação 04/19, na Comissão de Ética, por ter empurrado o colega Aliel Machado (PSB). Nesta quarta-feira (26), a partir das 14h30, acontece a primeira reunião de instauração do processo e o sorteio da lista tríplice para escolha do relator que pode vir a ler seu pedido de cassação.
Esse requerimento de abertura de processo disciplinar foi apresentado pelo PSB por causa da agressão e das injúrias, ele chamou Aliel de “vagabundo”, proferidas contra Machado durante debates sobre a reforma da previdência ocorridos no plenário da Câmara dos Deputados no dia 24 de abril. A requisição contra Medeiros foi protocolada na terça-feira (18). Quem preside o conselho é Juscelino Filho (DEM).

SEQUÊNCIA DO PAPELÃO

No início da noite, o deputado mato-grossense, depois de fazer perguntas sobre "quanto Glen está ganhando" para fazer reportagens sobre o vazamento dos celulares do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e do procurador da república Daltan Dalagnol, se ele queria Lula livre e ligações com a Rússia, resolveu lembrar do "parceiro sexual" do jornalista. “Parceiro sexual, não! Marido”, interferiu Talíria Petrone. Ao fundo, um coro de “homofóbico” e a voz do presidente da comissão para que se retirassem os termos ofensivos da taquigrafia.

Alguém interefere e grita “tira marido e bota conge”, em alusão ao famoso meme em que Moro aparece falando “conge” quando queria se referir ao “cônjuge” de alguém. Não satisfeito com o clima criado, o apoiador de Jair Bolsonaro (PSL) voltou à carga: “Ele tem vergonha de ser casado com o Miranda ? Não”, perguntou e respondeu Medeiros.

O norte-americano seguiu respondendo às perguntas mais razoáveis até ser novamente interrompido pelo mato-grossense: “O senhor não transa com seu parceiro?”, foi a pergunta, repreendida como se ali fosse uma sala de aula da terceira série e não a Câmara Federal do Brasil: “Deputado Medeiros, o senhor está faltando com o decoro!”, interveio Helder Salomão.

No meio do burburinho criado pelos presentes com as atitudes do mato-grossense, Glen Greenwald pediu que Medeiros o respeitasse como ele o havia respeitado mesmo “ouvindo tudo que o senhor quis me dizer; peço que faça o mesmo comigo” e lembrou que estava ali para discutir responsabilidades sobre as matérias e o vazamento das informações, não sobre sexo ou ouvir Medeiros fazer insinuações sobre a vida dele e seu marido.

Lembrou que homofobia é crime e ironizou a curiosidade da bancada do PSL sobre sexo homossexual, afirmando que não há nada “de mais” em seu casamento. Depois de resmungar algumas coisas, Medeiros enfim se calou.
 

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