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14/11/2009 - 00:00

Dieta e exercícios podem evitar 80% dos casos de diabetes

Por Jornal Oeste

Tatiana Pronin UOL Ciência e Saúde Há cerca de dois meses, o estudante Wagner Maeda, de 28 anos, descobriu que sofre de diabetes do tipo 2, assim como muitos de seus parentes. Assim que recebeu o diagnóstico, Maeda foi orientado pelo médico a procurar ajuda de profissionais para adotar uma nova dieta e se exercitar. Se não mudasse seu estilo de vida, ele teria que tomar insulina, além dos outros remédios prescritos para controle da glicose. Com mudanças na alimentação e apenas uma hora de atividade física de duas a três vezes por semana, Maeda já conseguiu perder 5 kg, reduziu a dose diária de medicamentos, afastou a necessidade de tomar insulina e, de quebra, passou a dormir melhor. “Eu tomava remédio para insônia e agora não preciso mais”, conta. Como o estudante, é cada vez maior o número de pessoas que desenvolvem diabetes do tipo 2 antes dos 40 anos, como afirma a endocrinologista Marília de Brito Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Alimentação incorreta e sedentarismo são alguns dos fatores de risco. “Muita gente tem a doença e não sabe, porque ela pode permanecer assintomática por muito tempo”, explica. É para conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção que a SBD tem promovido todo ano o Dia Mundial do Diabetes, comemorado neste sábado (13). Mais de 140 prédios ou monumentos do país serão iluminados de azul , incluindo o Cristo Redentor, no Rio. (Veja a programação no site www.diamundialdodiabetes.org.br) Segundo a médica, 80% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser evitados com dieta equilibrada e exercícios regulares. Esses hábitos, inclusive, podem tirar pessoas da faixa de alto risco com mais eficiência que o uso de medicamentos, segundo estudo recém-publicado na revista científica “Lancet”. Durante dez anos, pesquisadores acompanharam 2.766 pacientes com propensão à doença. Parte dos voluntários seguiu um programa com redução de calorias e gorduras e uma média de 20 minutos diários de atividade física. Outra parte tomou a droga metformina, bastante utilizada por diabéticos. No final do período, o grupo que modificou seu estilo de vida apresentou 34% menos risco de desenvolver diabetes, contra 18% entre os que tomaram o remédio. Para os participantes com mais de 60 anos, o risco chegou a cair pela metade. “No diabético, a quantidade de hormônio insulina não é suficiente para fazer a glicose sair do sangue e ir para as células, o que pode causar, ao longo do tempo, lesões cardíacas, na retina e nos nervos. É como uma caixa d’água que está suja de areia: depois de algum tempo, as tubulações da casa começam a entupir ou apresentar rachaduras" ensina o professor de educação física Luiz Bravo, da Associação Nacional de Assistência ao Diabético (Anad), que orienta Maeda. A grande benefício do exercício é fazer com que essa glicose em excesso seja utilizada. Além de amenizar os efeitos do excesso de glicose no sangue, a atividade física ajuda a reduzir a pressão arterial e contribui até para evitar dificuldades de ereção. “Como consequência, a pessoa toma menos remédios, economiza dinheiro, sofre menos efeitos colaterais e fica com a autoestima melhor”, observa. Bravo lembra que o diabético, como qualquer pessoa, deve passar por exames médicos antes de iniciar o programa. Antes de cada sessão, é preciso medir a glicemia, o que também pode ser repetido no final. Se o resultado for acima de 250 e houver cetoacidose (reação que provoca um hálito forte), o exercício é contraindicado, pois pode elevar ainda mais o nível de açúcar no sangue. Já se a glicemia estiver abaixo de 100, é preciso que o aluno se alimente, para evitar um mal-estar durante a atividade. O professor também ressalta a importância da hidratação e de um tênis confortável. “´É importante checar se não há nenhuma ferida ou bolha nos pés após a aula, porque isso pode trazer consequências graves para o diabético”, acrescenta. Em relação à modalidade, Bravo diz que os aeróbicos devem ser priorizados, sem que se deixe de lado os anaeróbicos. A frequência ideal, para ele, é de no mínimo três vezes por semana. “O mais importante é que a pessoa faça o exercício que gosta e que esteja apta a fazer”, completa.
 
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