Jornal Oeste

Presos de, pelo menos, cinco nacionalidades – brasileiros, bolivianos, paraguaios, peruanos e até quenianos – superlotam a cadeia de Cáceres, maior centro de ressocialização da fronteira com a Bolívia, através da região de Cáceres. Com capacidade de abrigar 240, atualmente, 391 detentos se amontoam nos quatro blocos da unidade prisional.

Inaugurada em 2002 com status de cadeia provisória, cerca de 170 presos cumprem pena no local, destinado a apenas presos provisórios que, ainda não foram julgados e condenados. A direção afirma que, os presos cumprem pena na unidade porque, nos presídios do Estado, estão superlotados.

Apesar do amontoado de homens em cubículos de pouco mais de 10 metros quadrados, o maior complexo prisional do Oeste do Estado, é considerado relativamente, seguro e tranquilo. A última fuga registrada no local ocorreu há cinco anos, em junho de 2014.

“O que antes era considerado um barril de pólvora, hoje é um local, relativamente, tranquilo”, explica o diretor Welton Dias Ribeiro assinalando que essa tranquilidade é o resultado de uma série de fatores implantados na cadeia que beneficia tanto os presos como a comunidade.

Welton cita que, uma das estratégias é dar oportunidade de trabalho e manter os reeducandos atarefados o dia todo, com ações consideradas verdadeiras “terapias ocupacionais”.  “Dos 391 presos, 32 que já cumpriram mais de 1/6 da pena e que não respondem Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) realizam trabalhos extramuros (fora da cela)”.

E, a maioria restante, acrescenta, é incentivada a fazer peças artesanais que, no final, é contabilizada para redução da pena. “Uma verdadeira terapia ocupacional que está dando certo” diz afirmando que “mantendo a cabeça do preso ocupada, ele não terá tempo para planejar rebeliões e tampouco fugas”.

O diretor explica que o avanço da ordem e disciplina na unidade, se deve, principalmente, a qualificação técnica dos agentes penitenciários que participam, constantemente, de cursos operacionais para melhorar o relacionamento na carceragem. Treinamentos esse realizados juntamente a órgãos como o Exército Brasileiro e Polícia Militar em Mato Grosso e outros cursos fora do Estado.

“E, além disso, temos instrutores capacitados na própria instituição, sendo verdadeira referência a outras unidades da federação” assegura.

De acordo com o diretor, os cuidados aos presos vãos além do trabalho fora e das terapias ocupacionais, com a confecção das peças artesanais. Diz que os reeducandos doentes recebem tratamento de saúde adequado e até espiritual. “Eles são submetidos a atendimentos médicos e até espiritual. Cada preso que chega recebe uma Bíblia para conhecer melhor a palavra de Deus”.

Destaca também a implantação do Projeto Escola Limpa, que consiste na participação direta dos reeducandos em ações de limpeza, pinturas e pequenos reparos em escolas e órgão públicos.

“No ano de 2018 realizamos limpeza e pequenos reparos em cerca de 10 escolas, além da Delegacia da Mulher, Politec, CIRETRAN, Centro de Especialização Odontológica (CEO) entre outras” diz acrescentando que, nos primeiros dois meses deste ano já foram realizadas ações em escolas, Corpo de Bombeiros, Hospital Regional e Polícia Ambiental. Sem contar com retiradas de pneus da sede da autarquia Águas do Pantanal, destinado a reciclagem.