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10/03/2019 - 10:05

Memória de uma cidade bicentenária pode ser conhecida por meio do Museu Histórico de Cáceres

Por LYGIA LIMA EM ESPECIAL CÁCERES NOTÍCIAS

Quem gosta de saber um pouco mais sobre a história de Cáceres, sua cultura pode se aventurar a conhecer o Museu Histórico, que funciona em um prédio centenário no centro da cidade, ao lado da Praça Major João Carlos. O espaço que abriga milhares de peças e documentos é aberto a visitação pública de segunda a sexta-feira em horário comercial e a entrada é gratuita.

Uma das dificuldades é encontrar o Museu, que só tem em sua fachada uma placa tímida e danificada, mas a historiadora responsável pelo local que em outubro passado completou 40 anos de existência, Ordilete Aparecida Correia, diz que ainda este ano, um novo espaço será a casa do Museu. “Até julho, esperamos estar no prédio novo que está em construção próximo a praça da Sematur. Acreditamos que lá teremos um espaço mais adequado para visitação e exposição”, diz.

A historiadora conta que o Museu Histórico foi criado por ocasião do bicentenário de Cáceres em 1978, por conta do incentivo da professora Emilia Darcy Cuyabanno que doou muitas das peças e documentos que estão hoje no museu. “Na época, o Museu funcionava na rua 13 de junho, atrás da Catedral, e só em 1980 foi transferido para o prédio histórico que também abrigava a Fundação Cultural e o Arquivo Municipal”, explica.

Quem visitar o museu, vai encontrar exposição permanente de peças e artefatos, e eventualmente exposições temporárias com documentos históricos raros, como uma carta de Dom Pedro II, datada de 3 novembro de 1883, nomeando o capitão Antônio Aníbal Alves Pereira, de Cáceres, cavaleiro da ordem de São Bento, homenageando-o pela sua bravura durante a guerra em que acabou morto. Esse documento foi doado pela professora Emília Darcy Cuyabanno e está em exposição no momento. Mas por se tratar de documento antigo é preciso que ele não fique em exposição permanente para não danificar. “Quando os documentos originais não estão expostos, eles estão armazenados envoltos com papel alcalino, em caixas box, separados por assunto para que sejam conservados”, explica.
 
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Outros documentos que podem ser observados em exposição atualmente estão o livro de classificação de escravos para ganharem alforria, cartas de alforria de escravos. Também na sala de História Regional estão em exposição peças oriundas da Fazenda Jacobina do período da escravidão como viramundo, cadeado, argolas, correntes.

“O museu recebe diariamente peças e documentos doados, e nós não temos um número exato de peças e documentos, até porque muitos desses documentos e peças estão passando por um processo de catalogação e descarte. Lembrando que a prioridade do museu não é documentos, nós temos o arquivo público municipal que fica com essa responsabilidade de guarda, mas nós temos no museu o que chamamos de arquivo setorial, que temos uma quantidade de documentos históricos, que consideramos bem relevantes para ficarem conosco. E no arquivo municipal se trabalha as três temporalidades do documento, documentos correntes, documentos temporários e documentos permanentes, e no museu fica mais os documentos históricos, apesar de que no arquivo também se encontra muitos documentos históricos. A prioridade do Museu é a guarda e a proteção de peças , de artefatos que nós chamamos de fontes materiais”, explica Ordilete.

Entre os materiais em exposição, os que são considerados reserva técnica e o que estão em fase de catalogação estima-se que haja no Museu Histórico mais de três mil peças. Nem todas estão em exposição permanente, seja por falta de espaço físico, mas também para garantir a conservação das peças, segundo a historiadora.

Além da sala de História Regional “Prof. Natalino Ferreira Mendes, o Museu conta ainda com uma Sala de Arqueologia “Dr. Manoel Esperidião da Costa Marques”, onde são encontrados diversas peças e artefatos indígenas e fragmentos de rochas; sala de imprensa “Nilo Ferreira Mendes”, que funciona mais como uma antessala para autoridades e pequenas reuniões; a sala de Administração denominada “Dr. Antônio Carlos Souto Fontes”;  Biblioteca Setorial “Prof. Maria Freire Campos”; Sala de Comunicação “Aderbal Michels”, que está interditada e com isso suas peças de exposição permanentes estão espalhadas em outras salas; Sala de Arte Sacra “João Paulo II”; auditório “Antonio Senatore”, e uma cantina “Maria José da Silva Ribeiro”.
 
Prédio Histórico

Só a visita ao prédio que abriga o Museu Histórico de Cáceres já é uma aula. A edificação é uma construção do final do século XIX, por volta de 1880, tombado como patrimônio histórico municipal, estadual e nacional.

Construído para abrigar órgãos públicos e atender a municipalidade, no local funcionou a Intendência Municipal, tendo abrigado o primeiro intendente, José Eduardo da Cunha Fontes, em 1892. Paralelo a intendência, o espaço abrigava também o mercado municipal onde os agricultores que vinham da zona rural comercializavam seus produtos para os moradores do centro urbano. O mercado funcionou no lugar desde o final do século XIX até o final da primeira metade do século XX, por volta de 1963, quando foi transferido para próximo ao cemitério São João Batista.
 
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Após a saída do Mercado do prédio, o mesmo passou por uma primeira reforma, para então abrigar o SASP (Serviço Assistência Social). Mas o local também serviu de casa para o Fórum da Cidade em 1974, a Secretaria de Desenvolvimento Social, que equivale a atual Secretaria de Educação, e ainda o mobral, a Legião da Boa Vontade (LBA), Conselho de entorpecente, antes de abrigar a Fundação Cultural, o Museu e o Arquivo Público.

Atualmente o espaço carece de reformas, tendo inclusive uma das salas interditada. De acordo com Ordilete, como o prédio pertence ao município, a intenção do poder público é que com a saída do Museu do espaço, seja feita uma nova reforma para que ali passe a abrigar a Biblioteca Municipal, que funciona em um espaço alugado.
 
Novo Prédio deve ser inaugurado em julho
 
Está em construção um novo prédio que deverá abrigar o Museu Histórico de Cáceres, cuja previsão é estar concluído em julho deste ano. “O novo espaço deverá contar com todo um mobiliário novo, estar todo informatizado”, afirma a historiadora Ordilete.

Com o novo prédio, a responsável pelo Museu pretende neste ano, lançar dois projetos juntos a comunidade. O primeiro de receber doação de peças e artefatos e eventualmente documentos que possam contar um pouco da história da cidade e dos seus moradores. “Nós sabemos que Cáceres é uma cidade antiga, tem muita história e acreditamos que tenha muitas peças e documentos relevantes que não foram doados para o Museu ainda, por isso queremos mobilizar a sociedade cacerense para juntos implementarmos e fortalecer o acervo do Museu”, adianta.  

“No novo espaço queremos criar salas por tema e ir fazendo exposições temporárias rotativas com o acervo disponível no Museu, de forma a expor uma quantidade maior para acesso ao público”, adianta.

O outro projeto que se pretende desenvolver com a inauguração do novo prédio, é um trabalho de divulgação do Museu e seu acervo junto às escolas e universidades de Cáceres, demonstrando a importância do Museu para a memória da cidade e aguçando a curiosidade das pessoas. “Eu acredito que com a inauguração desse novo museu, a visitação ficará bem mais aconchegante, porque o espaço que está em construção está sendo pensado para isso”, afirma a responsável.
 
Ronivon Barros
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  • por Luiz César, em 10.03.2019 às 10:57

    Pelas ruas também da para ver que faz um milênio que não fazem manutencao. Bloquetes estão aí para esfregar na cara e estragar nossos carros e mostrar que é bicentenário também no desenvolvimento.

 
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