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27/10/2018 - 06:44

Pesquisadores comemoram reconhecimento público da Estação Ecológica de Taiamã em Cáceres

Por Hemilia Maia

Arquivo/Ilustração

 (Crédito: Arquivo/Ilustração)
Os pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) que desenvolvem trabalhos científicos na unidade de proteção, Estação Ecológica de Taiamã (Esec Taiamã), pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), comemoraram a nomeação da Esec em Sítio Ramsar. Entre eles a professora Carolina Joana da Silva, uma das pioneiras da Esec Taiamã, que iniciou suas visitas à unidade há 39 anos.  “Essa nomeação traz uma imensa alegria, fui uma das primeiras pesquisadoras a visitar a Estação e a denominação de Sítio Ramsar será grande aliada para a continuidade e o desenvolvimento das pesquisas em andamento”, comentou a pesquisadora.

Durante a 13ª Reunião da Conferência das Partes na Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, conhecida como Convenção de Ramsar, realizada este mês em Dubai, Emirados Árabes, foi aprovada a designação da Esec Taiamã como área úmida de importância internacional, conhecido também como Sítio Ramsar. Além da Esec Taiamã, o Rio Juruá que nasce no Peru e banha os estados do Acre e Amazonas também foi designado como Sítio Ramsar, e o Brasil recebeu os certificados no último domingo, dia 21 de outubro.

Desde sua adesão à Convenção de Ramsar, na década de 1990, o Brasil promoveu a inclusão de 25 sítios. São 23 unidades de conservação e dois Sítios Ramsar Regionais. A introdução dessas áreas na lista de Ramsar faculta ao Brasil a obtenção de apoio para o desenvolvimento de pesquisas, o acesso a fundos internacionais para o financiamento de projetos e a criação de um cenário favorável à cooperação internacional. A Estação Ecológica de Taiamã, localizada no Pantanal, uma das maiores extensões úmidas do planeta, passa a ser o quarto sítio reconhecido neste bioma.

Posicionamento político, reconhecimento internacional, novas perspectivas para o desenvolvimento, e dimensão estratégica são benefícios conferidos ao título de Sítio Ramsar. No Brasil, onde são designados Sítios Ramsar em áreas protegidas e em áreas com conectividade ecológica, o reconhecimento internacional reforça a necessidade de valorização destas áreas, onde as características ecológicas devem ser mantidas obrigatoriamente, de modo a garantir suas funções e serviços ambientais.

Unemat e a Esec Taiamã - A professora e pesquisadora da Unemat, Carolina Joana da Silva, doutora em Ecologia e Recursos Naturais e pós-doutora em Limnologia de Áreas Úmidas Tropicais, coordena um programa de pesquisa ecológica de longa duração (Peld) na Esec Taiamã. O Peld Dinâmicas Ecológicas na Planície de Inundação do Alto Rio Paraguai (Darp) é desenvolvido pela Unemat em parceria com as universidades federais de Mato Grosso e do Rio de Janeiro (UFMT e UFRJ), com o Instituto Nacional de Pesquisa no Pantanal (INPP) do Câmpus Avançado do Museu Paraense Emílio Goeldi no Pantanal e o ICMBio. O Peld-Darp é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A pesquisadora conta que a área foi escolhida para ser estudada pelo elevado grau de conservação. “Poderemos cada vez mais subsidiar o conhecimento da área da planície pantaneira tanto da biodiversidade, quanto das funções ambientais que ali ocorrem, servindo como modelo para a tomada de decisões, bem como ampliar a possibilidade do uso social e econômico e ainda como suporte ecológico para toda a região. Os resultados ecológicos-econômicos-sociais serão valiosos para toda a região do Pantanal”, explicou Carolina Joana.

Além do Peld-Darf, a professora Carolina Joana coordena o projeto Corredor ecológico, econômico e cultural do Rio Paraguai no contexto de mudanças climáticas no Pantanal que também envolve um grande número de pesquisadores. A preocupação em manter o ecossistema do Pantanal se dá principalmente pelas ameaças da política econômica como o projeto da Hidrovia Paraguai-Paraná que ora é retomado, ora é arquivado, a navegação desordenada e a construção de diques seguidos de fatores como desmatamento e avanço da agricultura de larga escala no planalto pantaneiro.

Carolina Joana lembra que os dados existentes da diversidade biológica do Pantanal e do Rio Paraguai são pequenos e ainda fragmentados. Por meio do projeto Corredor Ecológico os pesquisadores estão estudando, diferentes frentes da biodiversidade (plantas terrestres, comunidades algais e macrófitas aquáticas, avifauna, ictiofauna), por toda a extensão de Cáceres até o Parque Nacional do Pantanal. O projeto conta com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat).

Estação Ecológica de Taiamã – A Estação Ecológica Taiamã, que compreende uma importante parcela do bioma Pantanal, vem sendo preservada e conservada para fins científicos e educacionais. Como Sítio Ramsar, as áreas úmidas da Estação se tornam prioridade na implementação de políticas governamentais e de reconhecimento público, o que fortalece sua proteção. Localizada no município de Cáceres, em Mato Grosso, a Estação possui biodiversidade muito rica. A localização numa das maiores áreas alagáveis contínuas do planeta favorece a abundância. A fauna conta com pelo menos 264 espécies de peixes, 652 de aves, 102 de mamíferos, 177 de répteis e 40 de anfíbios. A vegetação é composta por aproximadamente 1.500 espécies de plantas das regiões amazônica, cerrado e chaco. A avifauna mais representativa é constituída de aves aquáticas, normalmente migratórias.

Sítios Ramsar brasileiros – O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS) e o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense (MT) foram os primeiros sítios brasileiros inclusos aos Sítios Ramsar.

A inclusão se deu em maio de 1993 e foi seguida pelos sítios: Parque Nacional do Araguaia - Ilha do Bananal (TO); Reserva de desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM); Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses (MA); Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (MA); Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luiz e Baixios do Mestre Alvaro e Tarol (MA); Reserva Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal (MT); Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Rio Negro (MS); Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Rio Negro (BA); Parque Estadual do Rio Doce (MG); Parque Nacional do Cabo Orange (AP); Reserva Biológica Atol das Rocas(RN); Parque Nacional do Viruá (RR); Parque Nacional de Anavilhanas (AM); Reserva Biológica do Guaporé (RO); Estação Ecológica do Taim (RS); Estação Ecológica de Guaraqueçaba (PR); Lund-Warming/APA Carste de Lagoa Santa (MG); APA Cananéia - Iguape - Peruíbe (SP); APA Estadual de Guaratuba (PR); Parque Nacional de Ilha Grande (MS/PR); Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha  (PE); Rio Negro (AM) - Sítio Ramsar RegionalEstuário do Amazonas e seus Manguezais (AP/CE) - Sítio Ramsar Regional;  Estação Ecológica Taimã (MT); e, Rio Juruá (AM) - Sítio Ramsar Regional.

Convenção de Ramsar - A Convenção sobre as Zonas Úmidas de Importância Internacional é um tratado para a conservação e o uso sustentável de zonas úmidas e planícies de inundação. Também conhecida como Convenção de Ramsar, por ter sido assinada na cidade de Ramsar, no Irã, no dia 2 de fevereiro de 1971, é considerada o primeiro tratado intergovernamental a fornecer uma base estrutural para a cooperação internacional para a conservação e uso sustentável dos recursos naturais das zonas úmidas e seus recursos. Atualmente, 170 países são signatários da Convenção Ramsar.

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