Notícias / Economia

23/09/2018 - 11:17

Estudo reafirma que Hidrovia Paraguai/Paraná reduz custo de escoamento de grãos

Por Joanice de Deus

Ilustração

 (Crédito: Ilustração)
Maior produtor de soja do país, Mato Grosso escoa a maior parte da sua produção agrícola por via rodoviária. Nos últimos anos, o transporte de grãos por ferrovia até o Porto de Santos (SP) cresceu, mas modais apontados como mais eficientes continuam sendo uma realidade distante no Estado. 

Para avançar, um estudo do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), analisou as alternativas econômicas e viáveis da hidrovia Paraguai-Paraná. Um dos intuitos da pesquisa foi apontar as vantagens do uso da hidrovia ao facilitar o escoamento da produção de soja em Mato Grosso. 

Uma das vantagens apontadas é a redução dos custos. Segundo o estudo, a diferença de custo em relação ao transporte rodoviário para uma carga de cinco milhões de toneladas do grão chega a R$ 800 mil. Quando o volume transportado passa para 30 milhões de toneladas, a economia com o uso da hidrovia pode chegar a R$ 4,7 milhões. 

Os dados, que fazem parte do estudo da UFPR foram apresentados nesta última terça-feira (18), em seminário realizado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em Brasília. “O custo de produção da soja brasileira é mais barato que o norte-americano, mas o nosso produto chega mais caro no mercado externo devido aos custos de transporte no país”, afirmou a engenheira do ITTI Flávia Waydzik, por meio da assessoria de imprensa. 

O estudo é dividido em três eixos, sendo eles, infraestrutura, mercado e regulatório. A pesquisa identificou que o potencial brasileiro é de transportar 40 milhões de toneladas pela hidrovia, sendo que hoje o que é movimentado são apenas 4,5 milhões de toneladas. Foi traçada ainda uma matriz de oportunidades com projeção de demanda para o horizonte de 15 anos. 

Entre as perspectivas de trocas comerciais entre os cinco países que usam a hidrovia (Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina), foram elencados 24 produtos potenciais com destaque para o milho, a soja e o minério de ferro pelo lado brasileiro. 

O Brasil utiliza atualmente apenas 10% do potencial de transporte de cargas pela hidrovia Paraguai-Paraná. Em números, não há quantidade expressiva de movimentação. No entanto, o potencial e a redução de custos logísticos saltam aos olhos, podendo chegar a uma economia de 25% no transporte de mercadorias. 

“O incentivo ao aumento da navegação em hidrovias brasileiras é uma demanda que a ATP (Associação de Terminais Portuários Privados) está empenhada em atuar, pois a redução dos custos logísticos é muito considerável e impacta em maior competitividade do produto brasileiro no exterior”, afirma a diretora-executiva da ATP, Luciana Guerise. 

Uma das propostas do estudo foi analisar as alternativas econômicas e viáveis para facilitar a chegada de cargas aos portos marítimos por meio da hidrovia Paraguai-Paraná. Ficou comprovado que o transporte pela hidrovia pode gerar uma economia de cerca de 25% nos custos logísticos no transporte de carga para o trecho de mil quilômetros, se comparado ao custo rodoviário. 

Na ocasião, o diretor Antaq, Adalberto Tokarski, destacou as iniciativas do Paraguai de incentivo aos estaleiros e a indústria de barcaças, que servem de exemplo para o Brasil. Ele anunciou que a Antaq vai realizar eventos em Cuiabá, Campo Grande (MS), Cuiabá e países vizinhos para a divulgação do estudo. 

Segundo o professor Eduardo Ratton, superintendente do ITTI, o eixo de infraestrutura do estudo apontou a falta de terminais na hidrovia Paraguai-Paraná, assim como de acessos terrestres rodoviários e ferroviários. “Precisamos de incentivo e esforços para viabilizar um maior uso da hidrovia. Acreditamos até mais nos portos privados para atender a essa demanda por meio do investimento privado”, ressaltou. 

Outros aspectos analisados no estudo foram os impactos da tributação em cada país e as atividades regulatórias. Um dos gargalos para investimentos no setor, segundo o diretor Jurídico do ITTI, Ruy Zibetti, é a demora do Poder Público em autorizar a entrada de empresas no segmento. “O prazo varia de cinco anos podendo chegar até 10 anos. É muito dinheiro, tempo e energia que fazem com que as empresas desistiam das atividades hidroviárias”, avaliou também por meio da assessoria. 

A hidrovia Paraguai-Paraná percorre 3.442 quilômetros na América do Sul, abrangendo os países da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. Um dos trechos (680 quilômetros) abrange os municípios de Cáceres a Corumbá (MS), através do Rio Paraguai. 

Nesse trecho, o Rio Paraguai é classificado como um rio de planície ou de baixo curso. Sua declividade regular e suave permite um cenário favorável à navegação. Dos desafios à navegação da região, destacam-se os bancos de areia e as curvas com raios da ordem de 150 metros. 

As dimensões máximas dos comboios para o tráfego nesse trecho da Hidrovia são estabelecidas pela Marinha do Brasil (2006). Na maior parte do trecho é adotada a configuração 2x3, totalizando 24 metros de largura e 140m de comprimento, com capacidade de 3.000 toneladas por comboio. 

Comentários

inserir comentário
3 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

  • por Julio, em 23.09.2018 às 20:22

    Conversando com um petista ontem, falei sobre a bolsa de valores, então ele me perguntou como fazia para receber..... poderiam lançar a bolsa hidrovia, bolsa ZPE, bolsa rodovia cáceres x barra, bolsa aeroporto. Bolsa candidato já tem, pois a gente através do auxílio campanha já bancamos as candidaturas dos espertinhos e seus partidonhos né ? Uma vergonha essa política. Como o amigo disse bonito na teoria tudo, quero ver na prática.

  • por Alexandre, em 23.09.2018 às 18:13

    Pior que é verdade JR, e falo mais, tem gente por aí defendendo político como nunca defenderam eles mesmos, estão colocando candidatos meia boca como salvadores da pátria, são os tolos, bobos de corte de políticos que após eleições deverão se sentir o verme do coco do cavalo. Fique a dica, nunca saia em defesa por quem vcs não conhecem, podem se arrepender, ainda mais defender políticos, discutir em redes sociais, isso é coisa de gente idiota, até pq como o amigo disse, o voto é secreto e ninguém quer saber em quem vc vai meter, socar ou enfiar seu voto. Tá chato mesmo essas eleições, principalmente a candidatos à presidência, estão colocando uns como reis, mitos, sendo que não passam de meros é simples mortais fantoches de partidos, minha opinião vai ser só após resultados, antes ? Desconfio de tudo e de todos

  • por Jr, em 23.09.2018 às 14:36

    Acho que passou da hora de ficarem fazendo estadinhos, mimimi, discussões, palestradas, blábláblá de comadre velha que todo mundo sabe o resultado e ir para prática, trazerem resultados concretos e pararem de mimimi de enrolação. Estamos cansados de ouvir sobre esta hidrovia, porcaria de ZPE, e mais outras meia dúzias de enrola trouxa e não sair da teoria, do papel, da enrolação, do engana bobo ! Virou moda agora tal de reuniõeszinhas, palestrinhas, estudinhos, já estamos de saco cheio de ouvir sobre a importância de papel, lutem Para colocar isso em prática !

 
Sitevip Internet