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20/07/2018 - 08:37 | Atualizado em 20/07/2018 - 08:40

Em nota, Sema diz que é incoerente captura de onça em Cáceres

Por Assessoria

Arquivo/Ilustração

 (Crédito: Arquivo/Ilustração)
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), por meio da coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros, alerta a população para os riscos de uma eventual aproximação ou tentativa de captura de onça pintada avistada em uma ilha do rio Paraguai no perímetro urbano do município de Cáceres (238 km a Oeste de Cuiabá).

"Em momento algum deve-se tentar capturar, executar ações impensadas com o intuito de fazer selfies, ato comum hoje em dia entre as pessoas, bem como aproximar-se sem necessidade específica colocando sua vida em risco", diz trecho da nota técnica divulgada esta tarde.

A pasta lembra que o animal sente tanto medo da proximidade do ser humano quanto o inverso e que caso o animal se "sinta ameaçado, bem como sua cria, poderá acarretar em injúrias severas àqueles que tentarem, por uma simples questão instintiva de autopreservação e defesa de sua prole".

Na avaliação feita pelos técnicos da secretaria, é incoerente a proposta "de se promover a captura de animais de vida livre, ao invés de aproveitar-se de situações inusitadas e porque não, neste caso propriamente dito, privilegiadas, promover a educação ambiental quanto a preservação de habitats e de espécimes e principalmente a sua conservação em vida livre, desestimulando a captura, reclusão e sua utilização como pet".
Por se tratar de um animal territorialista, a sua transferência para outro local pode incorrer no enfrentamento com o animal dominante da outra área, resultando até mesmo na morte do indivíduo por disputa de território. Dessa forma, a Sema orienta para que seja feito o monitoramento e acompanhamento da onça, que ao que tudo indica trata-se de um jovem indivíduo tentando se estabelecer em um novo território, adotando medidas de conscientização da população.

Veja íntegra da nota técnica

Com relação ao ocorrido naquela região informamos que se trata de um animal de vida livre, que se encontra em seu habitat natural. A ocorrência desta espécie é mais que comum em regiões preservadas e com grande aporte alimentar, como no caso em questão. Inusitado numa situação como esta, é apenas a facilidade em avistá-lo, haja visto que esses indivíduos evitam a proximidade de áreas urbanizada. Ressaltamos que o inusitado neste caso em específico é a frequência com que este(s) indivíduo(s) vem sendo observado(s).

Para efeitos de elucidação, consideremos tratar-se de 1 (um) indivíduo, sendo o mesmo avistado repetidas vezes no mesmo local, em horários diferenciados, por serem territorialistas, e que machos e fêmeas só coabitam a mesma área, quando do período de acasalamento. Dito isto, a probabilidade é que se trata de uma fêmea, possivelmente prenhe ou acompanhada de sua cria, que estaria sendo "treinada" para a vida adulta, uma vez que aquele local é uma ilha e, segundo informações, rica em bandos de catetos, jacarés, aves e outros animais pertencentes a sua cadeia alimentar. Normalmente o filhote é amamentado em média até os 3 (três) meses, quando se inicia esta fase de preparação supracitada. Do mesmo modo, o efetivo desligamento entre mãe e filhote, ocorre em torno de 1 (um) ano a um ano e meio.

No que se refere a procedimentos a serem adotados para o pronto atendimento aos anseios da população, vale promover a conscientização dos cidadãos, de que a semelhança do receio quanto à proximidade do animal para com o ser humano, a reciproca também ocorre. O animal sente tanto medo da proximidade do ser humano quanto o inverso, cabendo esclarecer ao público, portanto, que evite tentativas de aproximação. Evidenciamos ainda que, caso o animal venha a se sentir ameaçado, bem como sua cria, poderá acarretar em injúrias severas àqueles que tentarem, por uma simples questão instintiva de autopreservação e defesa de sua prole.

Quanto às propostas incoerentes de se promover a captura de animais de vida livre, ao invés de aproveitar-se de situações inusitadas e por quê não, neste caso propriamente dito, privilegiadas, promover a educação ambiental quanto a preservação de habitats e de espécimes e principalmente a sua conservação em vida livre, desestimulando a captura, reclusão e sua utilização como pet, seria consideravelmente produtiva. Sem mencionar que, devido a possibilidade deste animal retornar ao mesmo local mais vezes, quando de outra parição, poderia inclusive fomentar o turismo de observação naquele local, sem a necessidade de deslocar-se pantanal adentro para tal contemplação.

Ainda no que se refere a proposta de remoção do animal para Poconé-MT, entendemos que tal ação seria extremamente desastrosa, pois além de promover a "transferência" do "problema" para terceiros, poder-se-ia incorrer na promoção de um confrontamento, desnecessário, entre o animal dominante daquela área e o recém introduzido, resultando até mesmo na sua morte por disputa territorialista.

Face ao exposto, reforçamos que a conduta a ser adotada com o animal em questão é o seu monitoramento. Inicialmente deve-se tentar no máximo identificar se se trata ou não de uma fêmea e seu filhote. Caso constate-se que é um indivíduo jovem tentando estabelecer uma área de domínio por ter sido expulso de sua área inicial quando do desligamento de sua mãe, ou mesmo um de mais idade que perdera seu território para outro mais jovem, deverão ser adotadas apenas medidas de conscientização da população para a existência daquele animal, mesmo que dificilmente se aproxime da área urbana por conta da iluminação excessiva e movimento normal de pessoas e veículos, mas que ele se encontra pelas redondezas.

A sua aproximação da área urbanizada, se e quando ocorrer, será condicionada a busca por alimento, normalmente atrás de bandos de catetos, aves, jacarés ou outros e que poderá ocasionar em possíveis encontros com pessoas, mas que instintivamente, se o animal tiver uma rota de fuga segura, seu primeiro movimento será evadir-se do local. Deve ser reforçado com a população que, em momento algum deve-se tentar capturar, executar ações impensadas com o intuito de fazer selfies, ato comum hoje em dia entre as pessoas, bem como aproximar-se sem necessidade específica colocando sua vida em risco. Do mesmo modo não deverão ser estimuladas práticas de caça ou contenção deste animal sem a devida anuência e a justificativa adequada junto ao órgão ambiental.

Coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros
Superintendência de Biodiversidade
Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso

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5 comentários

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  • por xomano, em 21.07.2018 às 15:25

    pelo vídeo que vi, e um macho. portanto esta aberto a novas descobertas. ele também e igual a um jovem que sai procurando um futuro melhor.

  • por Saymon, em 20.07.2018 às 13:11

    Adorei

  • por ANDRADE, em 20.07.2018 às 12:49

    OS TECNICOS MAIS UMA VEZ SE ACHAM OS SABIOS,SE TRANCAM NUMA SALA NO AR CONDICIONADO E FALAM BONITO. UMA PERGUNTA AOS SABIOS TECNICOS DA SEMA? ENTRE ELES ANIMAIS SELVAGEM ENTRAR EM CONTATO EM OUTRA REGIAO E HAVER CONFLITO ENTRE ANIMAIS DA MESMA ESPECIE E SE FOR O CASO PODENDO HAVER MORTE ENTRE ALGUNS DELES.QUAL SERIA O MELHOR PROBLEMA? DEIXAR ESTE ANIMAL PRATICAMENTE DENTRO DA CIDADE? PODENDO UMA HORA RESOLVER ATRAVESSAR E CHEGAR NAS AREAS RESIDENCIAIS PODENDO CAUSAR UMA TRAGEDIA COMO JA VIMOS AQUI MESMO EM CACERES? OU FAZER A REMOÇÃO? COM A PALAVRA OS TECNICOS

  • por manoel lino de avila neto, em 20.07.2018 às 09:39

    ou seja, vamos esperar ela jantar ou almoçar um indivíduo para depois tomar as devidas providencias. KKKKKkk é muita sacanagem com a população, aliás, isso até é bom para a propaganda turística de cáceres.

  • por sebastiao.fernandes@hotmail.com, em 20.07.2018 às 09:18

    Nomeio essa ilha pelo nome de ILHA DA PINTADA.

 
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