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19/05/2018 - 08:27 | Atualizado em 19/05/2018 - 08:37

Em Mato Grosso, menino que não enxerga monta cavalo cego

Por ​Lidiane Moraes, G1 MT

Nilsinho Casarim/ Arquivo pessoal

 (Crédito: Nilsinho Casarim/ Arquivo pessoal)
A relação de Gabriel Luiz Ottoni, de 10 anos, e 'Pé de pano', um cavalo da raça quarto de milha, é de identificação e superação. Ambos possuem deficiência visual e, juntos, sagraram-se campeões em provas de três tambores, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá.
 
“O fato de o cavalo ser cego fez com que ele se identificasse e, entre todos os cavalos da hípica, é o que ele mais gosta”, disse a dona de casa Jane Érica Pimenta, mãe de Gabriel.
 
Ele nasceu prematuro, aos seis meses de gestação, pesando 580 gramas, segundo a mãe. Após o nascimento, passou 100 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e precisou de doses excessivas de oxigênio para sobreviver.
 
No entanto, o excesso de oxigênio ocasionou o descolamento da retina, causando a deficiência visual.
 
Na infância, Gabriel sofreu com o preconceito e a mãe procurou instituições de apoio para conseguir lidar com as dificuldades do filho.
 
“Íamos ao parquinho e percebia que as outras crianças não queriam brincar com ele, se afastavam. Aí parei de levá-lo”, contou a mãe.
 
Já na escola o relacionamento é totalmente diferente. Ele recebe o apoio dos coleguinhas e também de uma auxiliar que o ajuda durante as aulas.

Em 2016, a escola foi o elo de uma relação ainda mais forte. A proprietária de uma hípica esteve na unidade escolar oferecendo aulas gratuitas de equoterapia para crianças com deficiência.
 
Gabriel foi escolhido para participar. No primeiro dia na hípica, com medo, o menino sequer se aproximou do cavalo.
 
Mas, no segundo dia, a identificação foi imediata. Ele conseguiu montar o animal e dar alguns trotes.

Com quatro meses de equoterapia, ele foi convidado a participar de provas de três tambores. Lá, na companhia de “Pé de pano” e dos instrutores que o acompanham, o avanço foi ainda maior.
 
“A primeira prova foi tão inesperada, que ele não tinha equipamento nenhum. Corri no mercado e comprei uma bota bem simplesinha”, lembra a mãe.
 
Das oito competições que participou, conquistou o primeiro lugar em três delas.
 
O bom desempenho chamou a atenção da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha, que, em abril deste ano, concedeu a ele, o título de paratleta.
 
Os treinos são realizados no mais absoluto silêncio, porque são as palmas dos instrutores que guiam cavalo e atleta.
 
A partir deste ano, as classificações de Gabriel nas provas somam pontos para que ele mude de categorias dentro da modalidade três tambores, até que possa participar das competições nacionais.
 
Além do título, o menino agora tem o aparato da Associação que também vai fornecer os materiais necessários para os treinos para que Gabriel participe das competições.







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