A rota de 3,442 mil km de hidrovia entre o Porto de Cáceres (distante 216 km de Cuiabá) até Nova Palmira, no Uruguai, já está apta para receber o transporte de grãos. Contudo, os embarques ainda não estão sendo realizados, porque outro fator tem impedido o uso da hidrovia, a inviabilidade econômica em razão do baixo preço da soja.
O Porto de Cáceres, que está desativado há 12 anos. No entanto, tem capacidade para embarcar até 600 mil toneladas por ano.
Apesar de o volume da capacidade de exportação do Porto de Cáceres representar apenas 3,33% do total de soja que é exportado anualmente pelo Estado, que em 2017, foi de 18,017 milhões de toneladas, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), seria uma estratégica via para estreitamento comercial com os países vizinhos do Mercosul, principalmente, Argentina e Uruguai.
De acordo com o presidente da Associação Pró-Hidrovia, Vanderlei Reck Júnior, o que ainda inviabiliza a exportação de soja e milho pelo porto de Cáceres é a falta de competitividade da cotação da soja, que está em média R$ 60 a saca, em Mato Grosso.
“Toda a estrutura do Porto de Cáceres já está pronta para a realização das exportações, o que falta agora é o mercado se movimentar. Inclusive os embargos de soja que impediam a entrada da soja brasileira em países como Argentina ou Uruguai, já foram derrubados”, informa Reck Júnior.
Viabilidade
Para que as exportações pelo porto de Cáceres sejam atrativas, é necessário que as embarcações que levarem commodities mato-grossenses para os países vizinhos, retornem trazendo produtos importados.
Quanto a isso, as relações comerciais entre Mato Grosso ainda têm muito que evoluir, principalmente, porque entre os 30 principais países para os quais Mato Grosso realiza algum tipo de exportação, Argentina e Uruguai nem são elencados, conforme ranking do MDIC.
Já em relação aos principais países importadores para Mato Grosso, Argentina está em 20º lugar. Entre janeiro e dezembro de 2017, Mato Grosso pagou cerca de US$ 13,136 milhões pelo produtos argentinos, 37,3% a mais que em igual período de 2016, quando foram US$ 9,563 milhões, conforme dados do MDIC. O trigo foi o principal produto importado pela Argentina a Mato Grosso no último ano.
O 20º lugar da Argentina significa uma diferença de 93,4% em relação ao primeiro lugar no ranking de países importadores para Mato Grosso, que é ocupado pelos Estados Unidos. Em 2017, os consumidores mato-grossenses desembolsaram mais US$ 201,882 milhões pelos produtos norte-americanos, valor que representou 14,37% do total de importações feitas pelo Estado.