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05/02/2018 - 12:06

Bom Samaritano, Cáceres: um hospital à beira da morte

Por Mirella Duarte/ O Livre

O Livre

 (Crédito: O Livre)
Na semana em que o Estado de Mato Grosso lançou o seu "Plano Estratégico de Enfrentamento da Hanseníase", funcionários do Hospital filantrópico Bom Samaritano de Cáceres, referência em doenças de pele, reuniram-se para cobrar salários atrasados e a renovação de convênio com o governo, vencido há ano. Sem recursos públicos, a demissão é iminente, assim como o fechamento definitivo das portas do hospital de 46 anos. 

Desde que o Estado rompeu o convênio com o Bom Samaritano, por baixa demanda e falta de prestação de contas, o hospital vem recebendo apenas recursos de indenizações, ou seja, somente recebe se comprovar atendimento por atendimento. Isso dá em torno de R$ 17 mil por mês, o que não cobriria nem tratamentos, nem remédios e nem tampouco salários.

Nesse momento, a administração da instituição já dialoga com a equipe que resistiu durante os últimos meses para expor a situação e decidir o que fazer. 

Em entrevista ao LIVRE, o gerente-administrativo do hospital, Ronaldo Gomes Paulino, disse que até agosto do ano passado foi feita toda a prestação de contas e os técnicos que avaliavam as condições do hospital, bem como a Secretaria do Estado de Saúde (SES), diziam estar "tudo nos conformes".

“Não nos enviaram nenhum tipo de comunicado avisando da suspensão do convênio; prestamos contas e apenas no final do processo para a revalidação do contrato [que ocorria a cada 5 anos] fomos avisados de que não o assinariam mais", declarou.

O presidente do setor administrativo do hospital, Jeferson dos Santos, disse que já foi feita a reformulação de um projeto na tentativa de que o governo reconsidere o convênio. “O que estamos fazendo agora é pontuar todas essas características, pois a suspenção do convênio, segundo a Secretaria de Saúde, deve-se a irregularidades em nossos atendimentos; alegam que 'haseníase se trata em qualquer lugar'. Atendíamos cerca de 320 pacientes regularmente por mês, mas agora, como estamos atendendo de forma precária e apenas no ambulatório, nossa produção caiu muito, pois não suportamos internações”, disse.

No prédio do hospital também existe um ambulatório da prefeitura, mas, segundo os funcionários, a população procura pelo hospital para um atendimento mais amplo. A administração informou que 16 leitos estão desocupados, pois o estoque de medicamentos para o tratamento de doenças está vazio.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, uma saída para a crise do Bom Samaritano seria o estabelecimento, por parte do hospital, de um convênio com o Município de Cáceres. A partir daí, o Governo do Estado poderia ajudar a bancar os tratamentos de pacientes que entram pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Confira nota da Secretaria de Saúde, enviada ao LIVRE:

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) manteve um convênio com o Hospital Bom Samaritano, de Cáceres, que estabelecia um repasse de cerca de R$ 53 mil por mês. O convênio vigorou até fevereiro de 2017 e não foi renovado por falta de certidões por parte do hospital. Devido às dificuldades financeiras do hospital, o Estado decidiu fazer repasses de acordo com a produção apresentada, pagando por indenização (quando não existe contrato ou convênio e o valor pago refere-se à produção apresentada e comprovada). Conforme foi apurado pela SES, a produção do Hospital Bom Samaritano é baixíssima, em torno de R$ 17 mil por mês. No último dia 23 de janeiro, o Estado pagou pela produção apresentada nos últimos meses o valor de R$ 117.102,90.

Tendo por base uma avaliação quantitativa e qualitativa do Hospital Bom Samaritano, levando também em consideração o porte da unidade e a produção mensal, não é possível estabelecer por parte do Estado uma relação direta de contratação, mediante critérios definidos para a formação de uma rede de atendimento hospitalar com unidades que funcionem como referência regional ou estadual. O Hospital Bom Samaritano, que possui 32 leitos, dos quais metade está em funcionamento, presta atendimentos mais na área ambulatorial do que internações hospitalares. Para a manutenção do Hospital Bom Samaritano, a SES está discutindo com o município de Cáceres para que este assuma a gestão do hospital, que funcionaria como uma unidade ambulatorial de atendimento, cabendo ao Estado o co-financiamento junto ao município. 

Ascom SES-MT

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  • por Tibúrcio junco pantaneiro, em 05.02.2018 às 20:48

    Esta na hora do diretor deste hospital mostrar para onde vai todo este dinheirão, se não tem mais nenhum paciente no hospital... A prefeitura de Cáceres deveria assumir a administração deste hospital para acabar com as desconfianças de toda população.

 
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