Jornal Oeste

O ano de 2017 fecha com um índice alarmante de casos de HIV/AIDS na chamada Grande Cáceres. O último Boletim Epidemiológico do ano expedido pelo Centro de Testagem e Aconselhamento e Serviço de Assistência Especializada (CTA/SAE) - órgãos de saúde que realizam ações de diagnósticos e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis – mostra um crescimento vertigino de infectados pelo vírus em toda região.

Foram diagnosticados de janeiro a novembro, conforme o CTA/SAE, 89 novos casos da doença, dos quais, 63 em Cáceres, totalizando 342 infectados em tratamento. 80 pacientes a mais que em 2016, quando havia 262. Além de 14 que foram a óbitos. Três mortes a mais que, em todo ano de 2016, quando 11 morreram da doença. O boletim indica que o número de casos novos nos 11 meses de 2017 é de 27 a mais que nos 12 meses de 2016 quando foram descobertos 62.

A estatística aponta que, os homens contraem mais o vírus que as mulheres. Dos 342 pacientes em tratamento, 198 são do sexo masculino contra 144 do sexo feminino. De acordo com o boletim, das mulheres soropositivas, pelo menos, quatro são gestantes.

Além dos adultos, o boletim revela que estão em acompanhamento no CTA-Cáceres 12 crianças, com menos de dois anos, filhos de mães soropositivas. Além de outras 34 que já tiveram alta que não foram contaminadas com o vírus.  Conforme o boletim, em toda região, 39 pacientes teriam abandonado o tratamento.

Cáceres lidera o número tanto de casos novos quanto de óbitos ocasionados pela infecção. Dos 342 soropositivos, 202 são do município. Dos 89 casos novos diagnosticados, pelo menos, 30 são de Cáceres. Das 144 pacientes mulheres, 81 são de Cáceres. E dos 198 casos de infecção dos homens, 121 são do município. Três das quatro gestantes contaminadas são do município. E, oito dos 11 óbitos ocorridos durante o ano foram de pacientes da cidade.

Coordenadora do CTA/SAE Evanilda Costa do Nascimento, não descarta preocupação com o resultado da estatística. Ela revela que a situação é grave levando em conta que em 30 dias – de 15 de novembro a 15 de dezembro -  5 novos casos foram descobertos e sequer foram computados. Ela explica que, motivados pelas informações de que a doença, sendo devidamente, tratada, prolonga a vida do paciente muitos, principalmente, jovens estão deixando de usar preservativos durante a relação sexual.

O público jovem, principalmente, está se acomodando, não usando os preservativos, diante das informações de agora a AIDS tem cura. A situação e ainda mais preocupante porque, estudos do Ministério da Saúde, diz que de cada caso notificado, existem pelo menos, três não notificados. Ou seja: pacientes que tem a doença, mas que não estão em tratamento porque ela ainda não se manifestou. Partindo desse princípio, se são 342 casos reais notificados, na verdade existem 1.038 pessoas convivendo com o vírus do HIV/AIDS em Cáceres e região.

O Centro de Testagem e Aconselhamento - CTA de Cáceres é uma entidade referência no tratamento da doença na região. Lá, além de receber o medicamento totalmente gratuito, os pacientes têm acompanhamento técnico por profissionais de saúde especializados. A coordenadora explicou que, atualmente, a farmácia do centro dispõe de medicamentos para tratamento de todos os pacientes da região por mais dois meses.