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30/10/2017 - 08:49 | Atualizado em 30/10/2017 - 08:54

'Sou tão cacerense que o cheiro de pacupeva está entranhado em mim', diz Bastiana

Por LYGIA LIMA – ESPECIAL PARA O CÁCERES NOTÍCIAS

Arquivo Pessoal

 (Crédito: Arquivo Pessoal)
“Sou tão cacerense que o cheiro de pacupeva está entranhado em mim, e nem mesmo o melhor perfume francês é capaz de disfarçar esse meu cheiro”. É assim que Benedita Fátima da Silva, 50 anos, conhecida como Bastiana Cacerense, se resume. Nascida às margens do rio Paraguai, a professora aposentada, faz do humor e da arte uma razão para ser. Mas não consegue fazer desse dom, sua fonte de renda, somente como fonte de alegria e vida.

Sobre como descobriu esse talento, logo ela corrige, “talento não, é muito presunçoso, eu tenho dom”, ao se referir que esse “dom” vem de Deus. “O restante da minha família é tudo normal”, afirma ao analisar sua escolha.

A paixão pela arte e pelo humor nasceu há 30 anos, quando ainda fazia o curso de Letras, na Unemat, quando a instituição ainda nem era universidade.

“A Unemat era só um sonho. É uma instituição que tenho uma ligação sentimental mesmo, eu devo a ela minha formação humana e profissional e até mesmo artística”.

Bastiana explica que durante o curso de Letras acabou se apaixonando pelos contos, principalmente os contos de Machadianos.

“Sou professora especialista em Literatura Brasileira e trabalhei com os contos de Machado de Assis, foi assim que a partir dessa paixão eu passei a desenvolver esse viés artístico. Foi quase natural, a partir das leituras desses contos pude conhecer e perceber melhor muitas coisas, conheci melhor o Pantanal, me encantei pelos bichos. Eu precisava disso para entender o que ele (Machado de Assis) me dizia” explica.
Joner Campos
Bastiana 1
Em gravação de material publicitário, com o também humorista cacerense Tenório.
 
Com essa inspiração, a professora passou a investir mais nesse dom. Ao ser questionada se a leitura de Machado de Assis não era difícil ou complicada como muitos afirmam ela logo responde: Tenho um amigo ribeirinho que diz assim quando perguntado se o Pantanal é bom. Ele responde: pra quem gosta é muito bom, pra quem não gosta é muito ruim. Então Machado de Assis é assim, é preciso se apaixonar por ele”, resume.
Claro que só dom não bastava para formar a comediante que é hoje. Por isso, ao terminar o curso de Letras ela investiu também em cursos com comediantes e artistas renomados como Miguel Falabela, Marisa Orth, Regina Casé e outro.

“Nessa época o Ministério da Cultura estava arrebanhando no país artistas em começo de carreira, então me escrevi e ganhei a chance de ir para o Rio de Janeiro fazer esses cursos com bolsas. Nessa época fomos eu, os meninos Nico e Lau de Cuiabá e outros de Mato Grosso. Éramos umas nove pessoas de Mato Grosso e lá no Rio de Janeiro, o pessoal do IBAC (Instituto Brasileiro de Arte e Cultura) se encantou com os pantaneiros e nos permitiu fazer também algumas outras oficinas e workshosps com esses mestres do humor”, explica.

Com a personagem Bastiana Cacerense, a professora aposentada, percorre munícipios dos estados com espetáculos. Agora está em cartaz com “Bastiana quer casar” e já rodou cerca de 10 municípios da região oeste.

“A Bastiana é assim mesmo, quer tudo simplinho, sem muita coisa, ela não tem grandes pretensões e nem pretende conquistar grandes palcos. Ela gosta é conversar com o povo, basta um palco e um banquinho”, diz. Além do espetáculo, a artista também realiza stand-ups em eventos e festas.

Há alguns anos, ela pensou em deixar a personagem de lado. “Mas não consegui, antes eu representava, hoje eu incorporo. Até tentei deixar a Bastiana, mas ela não me larga, não me deixa em paz” relata rindo.
Sobre o futuro do humor pantaneiro ela se mostra preocupada. “Eu já tenho 50 anos, e não vejo muitos meninos seguindo por esse caminho. Os que estão na ativa já estão na faixa dos 40 anos. Pior ainda é com o pessoal do cururu, do siriri, que já estão na casa dos 70 anos e tem poucos jovens continuando com a nossa tradição”. Essa preocupação faz sentido, principalmente quando relata que já tentou oferecer oficinas e mini-cursos e não teve inscritos interessados. Para os iniciantes nessa arte a Bastiana dá alguns conselhos: não espere viver da arte, e é preciso gostar muito.

Para contratar a Bastiana Cacerense: 065-99995-6503 
Arquivo Pessoal
Bastiana 5
Durante espetáculo com a Dupla Nico e Lau, e o Ator André D'Lucca que interpreta a impagável Almerinda.

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8 comentários

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  • por Lizabeth Bolzan, em 30.10.2017 às 19:07

    Dê-lhes, Bastiana Cacerense!! Deve ser mesmo o "Tchero de Pacupeva" que te faz assim tão nossa, tão simples e tão comunicativa com os seus irmãos cacerenses!! Como eu gostaria de voltar a morar em Cáceres para assistir as suas apresentações!! Você é maravilhosa, sensacional e faz qualquer um esquecer as suas tristezas, com Tchero, ou sem Tchero!!!

  • por Sandra, em 30.10.2017 às 18:36

    Trabalho bonito, mas tem coisas que não necessita serem ditas, só acho.

  • por drica.stephanny, em 30.10.2017 às 16:23

    Junior... que mimimi é esse?????? Pelo jeito vc não entende nada de humor.... Humor é caricatura, é arte.... O contexto da fala da Bastiana é de humor, meu caro. Humor. Humor. Humor.

  • por Joaquim Marcelo Profeta da Cruz Neto, em 30.10.2017 às 15:36

    Meus parabéns Fatinha, eu e minha família lhe admira muito, assim como minha querida Vila Bela. "Falar que o Mineiro cheira QUEIJO é na verdade uma figura de linguagem", é na verdade um elogio para um Estado muito rico na produção deste alimento. Porém há pessoa que não compreende!!!

  • por Junior, em 30.10.2017 às 12:12

    Sou cáceres a gerações e nem por isso cheiro pacupeva ! Elogio muito seu trabalho, porém não leve representações que os Cacerenses podem serem tratados por outros municípios, não cheiramos pacupeva, não temos cheiro algum distinto ou individual, leve o que é real, que valorize nossa comunidade e região, vcs representam nossa região e tudo que falam aqui e fora tem um peso! Pensem nisso antes de quererem fazer graça com nossa população. Respeitem para serem respeitados, valorizem para serem valorizados, nem tudo é engraçado e nem tudo é para se fazer graça !

  • por Calos Ribeiro, em 30.10.2017 às 10:46

    Parabéns pela lembrança a essa Artista,excelente pessoa e profissional de mão cheia.

  • por Jose Carlos C. Pouso, em 30.10.2017 às 10:44

    Essa É a Bastiana Cacerense, na sua simplicidade de fazer sorri, com sua simplicidade que é peculiar.Simples, querida e amada pelom seu publico. Não como dupla que existe em caceres, alem de ser sem graça, se acham como ser o dono de fazer artes, como se fossem os maiorais na arte de levar alegrias. Parabens Bastiana, por esta dadiva que Deus lhe deu em levar alegria do riso aqueles que estão ao seu redor.

  • por Paulo, em 30.10.2017 às 10:07

    Sou teu fã, acho teu trabalho incrível, você é muito boa no que faz, meus parabéns, muito sucesso para você. E por favor, sempre que for realizar alguma peça, peço que divulgue, não moro em Cáceres mas faço questão de prestigiar.

 
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