Jornal Oeste

A ocorrência de Dengue e Chikungunya contraída supostamente na mesma picada do mosquito, já é realidade temida, para pelo menos uma pessoa de Araputanga. A reportagem conversou brevemente por telefone com a vítima, que trabalha no Centro da cidade e, descobriu que ela passou por internação hospitalar em Araputanga e em Cuiabá; foram dias difíceis até a recuperação.
 
 O registro da moléstia  foi divulgado, sem identificar a vítima, no 75º Boletim Epidemiológico da Dengue, Chikungunya e Zica da Secretaria Municipal de Saúde de Araputanga encaminhado por e-mail, à Redação da Folha.
  
O Vice-Prefeito Enilson Rios que acumula o cargo de  Secretário Municipal de Saúde confirmou a existência das duas moléstias na mesma pessoa, em Araputanga.
  
É comum ouvir das autoridades da Vigilância que o número de focos de dengue ocorre por descuido/descompromisso de moradores que permitem acúmulo de água parada, verdadeiras fontes de reprodução do vetor da dengue e de outras moléstias relacionadas ao Aedes Aegypti.
  
FISCALIZAÇÃO
  
O trabalho para identificar os responsáveis pelo surgimento de focos não é tarefa fácil e, algumas questões como:
  
Quem fiscaliza?
 
 Há trabalhadores (fiscais) em número suficiente para enfrentar e disciplinar a questão?
 
 Quantas multas, Boletins de Ocorrência contra responsáveis pela proliferação do vetor da dengue nas residências, já foram registrados?
 
 Em que Bairros estão os proprietários reincidentes na prática indevida?
  
NÚMERO DE  IMÓVEIS
  
Araputanga tem 10.174 imóveis passíveis de visitação e, atualmente são apenas quatro “Agentes de Combate à Endemias”, olhos da Vigilância Municipal, que passam ou deveriam passar de casa em casa fazendo a devida fiscalização; porém, com tão pouca mão de obra, levaria mais de cem dias para que todos os imóveis fossem visitados.
  
DENGUE E CHIKUNGUNYA
 
 Do levantamento em 39 semanas, a Redação da Folha não obteve acesso aos resultados de 16 (dezesseis semanas) 41,03% do total, ou seja, a reportagem não obteve acesso aos números de Boletins Informativos das Semanas 1,2,3,8,9,10,13,19,20,21,22, 26,27,28,29 e, 30.
 
 INFORMAÇÕES DOS BOLETINS
 
 Editado pela Secretaria Municipal de Saúde, através da Vigilância em Saúde, o Boletim Epidemiológico da Dengue, Chikungunya e Zica (BEDCZ), publica, entre outras, as informações a seguir:
  
O Boletim número 75 traz dados do levantamento realizado na semana nº 38 compreendendo o período 17 a 23 de setembro, realizado em apenas 97 imóveis, segundo o Chefe da Vigilância, nos Bairros Jardim Primavera e Cidade Alta.
 
 O resultado negativo fixou em 2% o Índice de Infestação Predial (IIP), cuja tolerância deve ficar abaixo de 1%; curiosamente, a semana em questão, trouxe o menor número de imóveis pesquisados.
 
 Embora acima do dobro recomendado, o porcentual de IIP obtido na semana 38, pode estar mascarado, isto é, se naquela semana, o levantamento alcançasse número maior de residências e, portanto, de Bairros, a infestação certamente seria mais alta, apesar da estiagem severa. A hipótese sugerida está confirmada pelo resultado de infestação das semanas 36,37 e 39 com os porcentuais respectivos de:  5,1%, 3,2% e, 4,7%.
  
ÍNDICES ASSUSTADORES
 
 O segundo menor levantamento realizado em imóveis se deu na semana número 15 ocorrido em 187 imóveis, entre 09 a 15 de abril, quando a infestação era de incríveis 5,8%; na ponta oposta, o maior número de imóveis visitados é o da semana número 34 nos dias 20 a 26 de agosto, quando o número chegou a 811 imóveis trabalhados e, o IPP a 4,6%.
  
ÍNDICE NO SOBE E DESCE
  
A semana 35 apareceu com o menor porcentual no (IIP) 1,4% registrado no período 27 de agosto a 02 de setembro, porém, na última semana disponível para Reportagem (semana 39), o índice subiu novamente para 4,7%.
  
Entre os 23 Boletins publicados (58,97%), que chegaram ao conhecimento da Redação da Folha, o IIP explodiu no período úmido, na semana número 04 período 22 a 28 de janeiro quando o porcentual de infestação chegou a números estratosféricos impensáveis, marcando 17,8% no IIP.
  
AGENTES
 
 Atualmente a cidade, que deveria contar com 12 (doze) agentes de combate a endemias, conta apenas com 04 (quatro). Se nada for feito, em breve, Araputanga pode não ter trabalhadores atuando no setor.
 
 Embora estratégico, preventivo e preservador de vidas que podem ser ceifadas pelas três moléstias associadas ao vetor da dengue, o salário-base fixado  para Agente de Combate à Endemias é de  miseráveis R$1.298,07 (Mil duzentos e noventa e oito reais e sete centavos), para 40 horas semanais de trabalho. A baixa remuneração, aliada à atuação exposta ao sol, entre outras exigências, não deve atrair muitos candidatos que permaneçam no setor por longos períodos, na função fiscalizadora.
  
ESTABILIDADE
  
Desde 2007 os agentes em questão deveriam ter sido efetivados no cargo, porém, parece que somente o atual Gestor deu atenção à recomendação e, no dia 28 de setembro/17 o Projeto de Lei 1506 aportou na Câmara Municipal propondo aos vereadores, regularização do vínculo para dois Agentes de Combate à Endemias (ACE) e para treze Agentes Comunitários de Saúde (ACS), admitidos antes da Emenda Constitucional 51/2006.
  
CONCURSO
 
 Assim que a Lei for aprovada e, cumprida outras finalidades, os ACEs que não ganharem estabilidade na função, terão os contratos rescindidos; a depender do entendimento do Gestor, o Município poderá ficar com apenas dois ACEs, um sexto do número de trabalhadores atualmente necessários no setor; o governante municipal deve promover concurso para o imediato preenchimento de vagas.
 
POUCOS AGENTES
  
Com um terço de pessoal necessário atuando no Combate à Endemias, a surpresa do registro de dengue e chikungunya na mesma pessoa é alerta que serve para que cada morador elimine definitivamente a prática de criadouros do vetor da dengue.
  
As consequências para quem não faz sua parte e ou. para aqueles que permitem meios que aumentem a infestação do Aedes, pode levarà prisão e multa, conforme asseverou em entrevista exclusiva à Folha de Araputanga, a Promotora de Justiça, Mariana Batizoco Silva. OUÇA AQUI.
 
 LEVANTAMENTO MINUCIOSO
  
Para escrever esta reportagem, o Redator da Folha de Araputanga conversou com o Gerente da Vigilância em Saúde, Senhor José Ricardo Ribeiro, com o Prefeito Joel Marins (sobre o concurso para Agentes de Combate à Endemias), ouviu a Promotora de Justiça, o Vice-Prefeito e Secretário de Saúde Enilson Rio e, obteve cópia do Projeto de Lei 1506 encaminhado pelo Executivo à Câmara Municipal.
  
CHUVAS
 
Quando as chuvas se intensificarem, nos meses de dezembro/17 a março de 2018, números do registro da Infestação Predial e, o possível número de vítimas das moléstias causadas pelo vetor da dengue, contarão a história dessa guerra silenciosa, onde todos os “soldados/atores” devem dar sua parcela de contribuição, travando seu combate individual, que é eliminar os criadouros do mosquito.