Jornal Oeste

O vereador Cézare Pastorello participou da II Conferência Regional de Promoção da Igualdade Racial, que foi realizada juntamente com a IV Conferência Municipal, e nos concedeu uma entrevista, sob o ponto de vista político do evento. Confira.
 
Jornal Cacerense: A primeira pergunta que qualquer um faria eu faço. Por que você participou da conferência, se não é negro, pardo ou indígena?
 
Pastorello: (riso) Primeiramente, por minha condição de vereador. Eleito vereador, sou um representante de todo o povo, de quem votou e de quem não votou em mim, de quem concorda comigo e até de quem discorda. Logo, o fato de eu não pertencer a uma etnia não quer dizer que eu não possa defender os seus interesses. Pelo contrário, tenho obrigação disso.
 
Jornal Cacerense: Mas, na Câmara Municipal há representantes das etnias, principalmente afrodescendentes, e eles não participaram. Por quê?
 
Pastorello: Eu fui designado pelo presidente Domingos para representar a Câmara. Neste fim de semana passado houve uma série de eventos que contavam com a participação dos vereadores, tais quais o FIFOPAN, o Jubileu do Grupo Chalana etc. Cada vereador teve um agenda, e, por afinidade, eu fiquei com a Conferência.
 
Jornal Cacerense: Você tem se mostrado muito ligado às causas sociais, servidores públicos, saúde, minorias... Isso não é incompatível com o seu partido de direita?
 
Pastorello: Primeiramente, o PSDB não é um partido de direita, é um partido social democrata, com uma ideologia sólida que pode não estar sendo observado por todos os filiados, principalmente, nesta época de erosão política. Mas, eu sigo os princípios sociais. E se, como vereador, eu não estiver da defesa das causas sociais, da saúde, da educação, das minorias, vou fazer o que? A função do agente político é dar melhores condições de vida às pessoas. Se não for para fazer isso, não serve para nada.
 
Jornal Cacerense: Voltando à conferência, como você avalia o resultado?
 
Pastorello: Muito gratificante, do ponto de vista da oportunidade, a angustiante, se analisarmos o atual cenário de fragilização dos direitos. Conheci pessoas maravilhosas. Estamos na Década Mundial do Afrodescendente, e ainda nos deparamos com um racismo a olhos vistos. Os negros, principalmente mulheres, não ocupam os mesmos espaços políticos e de direção que os homens brancos. Precisamos reduzir esse abismo, por meio de políticas afirmativas. As comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas correm o risco de ter seu patrimônio cultural enterrado junto com seus últimos representantes. Há muito trabalho a ser feito, e você sabe que eu não tenho preguiça.
 
Jornal Cacerense: Por onde vão começar?
Pastorello: O mesmo coletivo de pessoas que organizou a Conferência está aplicado na elaboração do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Éimprescindível esse conselho para que possamos acessar recursos federais e efetivar garantias de direitos. Como vereador, estou animado para fazer a propositura.
 
Jornal Cacerense: Quais são seus planos para 2018? Dizem que você será candidato a Deputado Federal, é verdade?
 
Pastorello: Meus planos são de continuar vivo e trabalhando para as pessoas. Quanto à questão política, ainda é cedo para qualquer pronunciamento. Por minha proximidade com os servidores públicos, tanto federais, estaduais e municipais, e meu gosto pelo legislativo, muitos falam em me apoiar para ser Deputado Federal. Mas, isso é uma construção do partido, quem escolhe é a convenção. Se for da vontade do partido e do povo, Cáceres pode ter um Deputado Federal, por que não? Com a queda de vários nomes do Estado nos crimes de corrupção, porque não elegermos alguém honesto? Sou do princípio de que, quem não rouba faz mais!
 
Jornal Cacerense: E quanto ao Francis?
 
Pastorello: Francis tem perfil para Senador ou Governador. Mas, se ele for o candidato a Deputado Federal, tem todo o meu apoio, com certeza!