21/10/2009 - 00:00
Mega-aliança de Dilma terá 7 partidos e o dobro de TV
Por Jornal Oeste
Sérgio Lima/Folha
Lula alinhavou na noite passada o principal ponto da costura que acomodará ao redor de Dilma Rousseff a maior aliança já constituída numa eleição presidencial.
Em jantar realizado no Palácio da Alvorada, o presidente patrocinou a celebração de um pré-acordo eleitoral entre PT e PMDB.
São os dois maiores partidos do consórcio governista. Ficou sacramentado que virá do PMDB o parceiro de chapa de Dilma.
Espera-se agregar à aliança outras cinco legendas menores: PDT, PCdoB, PR, PRB e PP. Dilma se reuniu com todas, exceto o PP, agendado para a semana que vem.
Estima-se que, escorada nessas sete legendas, Dilma vai à campanha de 2010 com o dobro do tempo de TV do rival do PSDB, provavelmente José Serra.
Dilma disporia de algo em torno de 11 minutos. Serra, por ora fechado apenas com DEM e PPS, teria cerca de 6 minutos (O cálculo depende do total de candidatos).
À mesa do Alvorada, Lula disse que sua candidata dispõe de uma aliança para vencer e, mais importante, governar a partir de 2011.
O repasto começou Às 20h30 com um coquetel, no living do palácio. E terminou com um brinde, pouco antes das 23h, na sala de jantar.
Coube ao deputado Antonio Palocci (PT-SP) erguer a taça de vinho tinto. Brindou ao êxito da parceria PMDB-PT e ao futuro do Brasil.
Participaram do “tintim”, além do anfitrião, ministros e congressistas das duas legendas. O roçar de taças ocorreu depois da intervenção de Dilma.
Ela agradeceu o gesto do PMDB. Exaltou o papel do parceiro na “coalizão” que dá suporte político à gestão Lula.
Afirmou que, respaldada pela mesma parceria, sente-se à vontade para ir às ruas e falar sobre o futuro do país, à luz “do que já foi feito” sob Lula.
Dilma foi a última a falar. Antes dela, manifestaram-se Ricardo Berzoini, pelo PT; e Michel Temer, pelo PMDB.
Berzoini realçou o valor estratégico da aliança nacional com o PMDB. Esquivou-se de mencionar que a vice seria do PMDB.
Temer tratou de levar à mesa a reivindicação da vice. Mencionou dois outros pontos alinhavados em tratativas anteriores.
Disse que o PMDB deseja integrar o comando da campanha de Dilma e participar da elaboração do programa a ser esgrimido pela candidata nos palanques.
É a primeira vez, disse Temer, que o PMDB participa de uma campanha presidencial em todas as suas fases, desde o nascedouro.
Meia verdade. Na sucessão de 2002, o partido acertara-se com o tucano José Serra. Indicara para vice a deputada Rita Camata (ES), recém-filiada ao PSDB.
Nas pegadas de Temer, falou Lula. Cuidou de corrigir a omissão de Berzoini. “Vamos deixar as coisas claras”, iniciou.
PT e PMDB, disse o presidente, na condição de maiores partidos da coligação, comporão a chapa. “O PMDB tem a vice”, declarou, em timbre peremptório.
Mencionou outro tópico que inquieta a cúpula do PMDB: a dificuldade de reproduzir a aliança nacional em todos os Estados.
Onde não for possível fechar acordos, Lula acrescentou, haverá uma regra de convivência entre os candidatos a governador das duas legendas.
Nesse ponto, Lula olhou para Geddel Vieira Lima, o ministro pemedebê que irá às urnas da Bahia contra o governador petê Jaques Wagner.
“Em determinados casos”, disse Lula, “talvez nem eu nem a Dilma vamos poder participar das campanhas...”
“...Há companheiros envolvidos. Não vamos tratar como uma questão pessoal, mas política. Vocês vão ter de fazer uma comissão para definir como vai ser”.
O pré-acordo consolidado no jantar terá de ser referendado nas convenções partidárias que ocorrerão em junho de 2010.
O PMDB, como sempre, está dividido. Mas Temer disse no jantar que antevê uma aprovação “tranquila” ao nome de Dilma na convenção peemedebista.
Acertados os detalhes, os comensais foram aos talheres. O cardápio do Alvorada incluía dois tipos de prato: filé e costela de tambaqui, um peixe amazônico.
O repasto terminou sem que ninguém mencionasse à mesa o nome do futuro vice de Dilma. Temer é o nome mais provável. Porém...
Porém, entende-se que o mais adequado é transferir a decisão para o ano que vem. Primeiro porque Dilma ainda não se assumiu formalmente como candidata.
Segundo porque, reconhecendo-se prematuramente como postulante à vice, Temer iria à vitrine na condição de alvo. Algo que não convém a alguém que se apresenta como árbitro.
Estavam representados no jantar o PMDB da Câmara (Temer e o líder Henrique Eduardo Alves); e o do Senado (José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá).
Exceto por José Gomes Temporão (Saúde), que festejava o aniversário com a família, no Rio, foram ao Alvorada todos os ministros do PMDB.
Entre eles o recém-filiado Henrique Meirelles, que, como presidente do BC, tem status de ministro.
Pelo lado do PT, além de Berzoini e Dilma, compareceram os líderes das duas Casas do Legisaltivo e os ministros Tarso Genro (Justiça) e Paulo Bernardo (Planejamento).
Saíram todos com as almas e os estômagos saciados. Querem agora jantar José Serra.