Notícias / Mato Grosso

29/07/2017 - 06:43 | Atualizado em 29/07/2017 - 06:49

Araras-azuis estão morrendo no Pantanal

Por Joanice de Deus

Gilberto Leal

 (Crédito: Gilberto Leal)
Equipes de monitoramento vêm registrando expressivo número de mortes de araras-azuis no pantanal de Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. Neste ano, há relatos de perdas de 30 araras-azuis em uma propriedade do Estado. Em 2015, houve a morte de 83 indivíduos da espécie em três áreas, também localizadas no território mato-grossense e, de outras 18 aves, no estado vizinho ao Sul. 

A mortalidade preocupa autoridades, pesquisadores e ambientalistas. Tanto que na última semana, durante três dias, mais de 20 especialistas de diferentes órgãos defensores do Meio Ambiente estiveram reunidos no Instituto Arara Azul, em Campo Grande (MS), para discutir a mortalidade das araras. Por uma questão de segurança sanitária, a exata localização das propriedades não foi informada. 

“É algo impactante para esta espécie, que tem vida longa na natureza e baixa taxa de mortalidade”, informou a presidente do Instituto Arara Azul, professora-doutora Neiva Guedes, pesquisadora dos Programas de Mestrado e Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp. “Isso exige atitudes imediatas e o encontro foi realizado com a finalidade de traçar um plano de ação de emergência para evitar novas perdas”, acrescentou. 

Conforme Neiva Guedes, as aves passam por exame pericial para diagnóstico e análises de possíveis causas das mortes. Alguns testes já foram realizados e deram negativos para doenças, como Influenza viária e Newcastle, enfermidade viral que pode acometer aves silvestres e domésticas. As amostras foram encaminhadas para a Universidade de São Paulo (USP) e enviadas para a Fiocruz e outros laboratórios conveniados para realizações de outros testes. 

Para os pesquisadores há algumas suspeitas, inclusive, mudanças climáticas. Porém, além de reforçar que ainda não há nenhuma confirmação, Neiva Guedes lembra que há registros de perdas de aves em outras regiões, como óbitos de araras vermelhas em Honduras, de papagaios por E.Coli, no Caribe e na Austrália, e por malária aviária, no Havaí. “As ocorrências no pantanal chamam a atenção porque a arara-azul tem vida longa, em média de 35 a 40 anos, e é muito raro encontrar uma arara morta”, disse Neiva Guedes. 

A preocupação aumenta por conta do fato da espécie ter reprodução baixa, geralmente são postos dois ovos, mas apenas um dos filhotes sobrevive em cada ninhada. “O impacto (das mortes) é grande na natureza”, frisou. As 101 mortes registradas em 2015 representam 2% da população das araras, que é de 6,5 mil indivíduos, a maioria habita o pantanal, além de regiões localizadas no Pará, Tocantins, Piauí e Maranhão. 

O encontro realizado nesta última semana contou ainda com as presenças de representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), entre outros. 

Reunidos, eles discutiram um protocolo de ação para as possíveis novas ocorrências e a implementação de um Plano de Risco Ambiental, com atuações emergenciais para a prevenção das mortandades e para a proteção a arara-azul, que até 2014, encontrava-se na lista de espécies ameaçadas de extinção devido à caça, ao comércio clandestino e à degradação de seu habitat natural por conta de desmatamento. 

Além disso, órgãos oficiais de defesa sanitária (Mapa, Iagro e Indea) foram notificados sobre os casos e o resultado das pesquisas. Na reunião, os especialistas concluíram ainda que a ocorrência está limitada a uma população de araras azuis em vida livre no pantanal. O monitoramento já teve início, conforme plano de ação interinstitucional elaborado. 

Para ajudar, Guedes pede quem souber ou encontre uma chocada ou indivíduo da espécie morto que avise e entre em contato com o Ibama local ou o Instituto pelo telefone (67) 3222-3222/1205. 

INSTITUTO - Há 27 anos, o Instituto Arara Azul trabalha pela conservação da arara-azul-grande. É liderado pela bióloga e pesquisadora Neiva Guedes, sendo que o projeto consolidou-se internacionalmente pela promoção de estudos da biologia e as relações ecológicas da espécie e do manejo e conservação em ambiente natural, tornando-se um dos mais importantes e reconhecidos trabalhos de conservação da biodiversidade do Pantanal sul-mato-grossense no mundo. 

Comentários

inserir comentário
2 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

  • por Jr, em 30.07.2017 às 10:04

    Pois é, tantas coisas a se preocupar é bonitinho da cara feia dos políticos estão preocupados em outros temas, como exemplo recesso, ferias, aumento de salário, reforma para se acomodarem ainda mais, hipocrisia tomou conta de uma tal maneira que a cara de pau, cinismo, falta de vergonha mesmo passou de todos limites possíveis. Tenho certeza que não tem um político engajado para pelo menos tentar ajudar, mais para aumento de salário e outros benefícios dos dito cujos estão em penca para tentar se dar bem. Tá ridículo essa politicagem

  • por Bassan, em 29.07.2017 às 08:29

    Que pena,aves que embeleza o nosso pantanal matogrossense,é muito triste essa noticia.

 
Sitevip Internet