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09/07/2017 - 10:59

Falta de gestão profissional deixa pacientes há três anos na fila para cirurgia da Catarata em Cáceres

Por Sinézio Alcântara

Ilustração

 (Crédito: Ilustração)
Pacientes com doenças de olhos são submetidos a uma espera de até quatro meses para conseguir uma consulta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em Cáceres. A situação é ainda pior se tiver necessidade de uma cirurgia de catarata. Nesse caso, o tempo de espera pode chegar até dois anos.

Os médicos oftalmologistas Odenilson José da Silva e Masato Nakahara credenciados para realização das cirurgias e consultas, respectivamente, confirmam. A secretária de Saúde, Evanilda Costa dos Nascimento, admite, mas nega culpa.

“Foi uma dificuldade conseguir a consulta. Quando consegui achei que, finalmente, iria resolver o problema, mas nada. Até hoje depois de mais de um ano, ainda não fiz a cirurgia” reclama a dona de casa Edenilza Maria dos Santos, moradora do bairro do Junco. Ela diz que, não tem mais a esperança de conseguir fazer a cirurgia porque até já perdeu o protocolo. “Já não tenho mais nem como cobrar na secretaria de Saúde, pois já faz tanto tempo que até perdi o protocolo”. Dona Edenilza diz que, está economizando, juntando dinheiro, para ver se consegue fazer a cirurgia particular.

Situação semelhante é a do pedreiro Manoel da Conceição. Aposentado, morador da zona rural, ele diz que está quase cego e que, necessita fazer a cirurgia de catarata, mas nunca foi chamado pela Secretaria de Saúde. “Há mais de um ano fiz a consulta com o doutor Masato. Ele disse que eu tinha menos de 40 por cento da visão e me encaminhou para fazer a cirurgia. Mas, até hoje nunca me chamaram” reclamou lembrando que “se continuar assim acho que vou ficar cego porque não tenho recurso para procurar médico particular”.

O que dizem os médicos!

O oftalmologista Odenilson da Silva informou através da administradora da Clínica Oftalmológica de Cáceres – COC, Ana Lúcia Scaff, que a situação é grave e preocupante porque a Secretaria de Saúde autoriza a realização de apenas 17 procedimentos cirúrgicos, mensalmente, para Cáceres e toda região. “A cada dia aumenta a demanda, mas o número de cirurgia permanece. Somos autorizados a realizar apenas 17 cirurgias por olho, mensalmente, para pacientes de Cáceres e região” afirmou Scaff.

A administradora revela que, diante do número excessivo de pacientes com necessidade de fazer o procedimento, a clínica tem “mandado” muitos casos para o Ministério Público. “Nós fazemos o que é possível.

Negociamos de toda forma com os pacientes, no sentido de resolver a situação. Mas, diante da grande demanda, estamos mandando alguns casos para o Ministério Público” diz Ana Lucia informando que “existem pacientes que estão há três anos na fila esperando”. Ela enfatiza que, muitos pacientes cansam de esperar e temendo perder a vista, gastam o que tem com passagens e hospedagem para realizar a cirurgia em Cuiabá.

O oftalmologista Masato Nakahara, também confirma a precariedade do sistema. “Infelizmente essa é a realidade” diz revelando que são autorizadas pela Secretaria de Saúde, em média, 150 consultas mensais, para pacientes de Cáceres e 43 consultas para pacientes da região. Na opinião do médico, seria necessário, no mínimo, a contratação de mais um médico. Porém, segundo ele, dificilmente isso ocorrerá porque o valor pago pelo SUS é muito irrisório e nenhum profissional aceita.

“A demanda reprimida é muito grande. É necessário aumentar o número de médicos para atender mais ninguém quer. O valor pago pelo SUS por cada consulta é de R$ 55. Um valor irrisório. As consultas particulares variam de R$ 200 a R$ 300 reais. Por isso, não encontram profissionais” diz acrescentando que “eu ainda faço esse trabalho por amor a Cáceres a população. Mas, no próximo ano devo parar ou reduzir a jornada de trabalho” confidenciou.

Apesar da insatisfação, Masato não atribuiu a responsabilidade apenas a Secretaria de Saúde. Ele diz que, a situação poderia ser minimizada, se os pacientes contribuíssem. “Os pacientes também tem uma parcela de culpa. Muitos conseguem a guia para a consulta, mas não comparecem. A secretaria deveria penalizar essas pessoas”. Mas, ele também defende que a administração coloque na pasta um secretário mais “pulso firme” que cobre e defenda os interesses da cidade.

“Se tivéssemos um secretário de Saúde com mais pulso firme, que lutasse e defendesse os direitos de nossa cidade, certamente, a situação seria outra” diz acrescentando que “há alguns anos, o número de consultas era de 250 somente para Cáceres. Hoje, ao invés de aumentar, diminuiu. Tudo por falta de alguém mais determinado no setor”.

O que diz a secretária

            A secretária de Saúde, Evanilda Costa do Nascimento, admite a demora, principalmente, para realização das cirurgias. Porém, segundo ela, a responsabilidade não é da secretaria. Explica que recentemente os pacientes foram chamados para realização do procedimento, na Caravana da Transformação, realizada no mês de março, em São José dos IV Marcos, mas muitos não compareceram. “Os que foram chamados e compareceram realizaram a cirurgia. Outros não compareceram. Logos a responsabilidade não é nossa”. Não comentou, no entanto, as razões para a demora nas consultas.

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2 comentários

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  • por Flávio de pinho, em 09.07.2017 às 13:48

    Sem ofender os profissionais, mas saber que EVANILDA COSTA DO NASCIMENTO Agente de Combate à Dengue... Ninguém merece !!! E se faz passar por secretária de saúde? Que absurdo!!!

  • por Moisés boscato, em 09.07.2017 às 13:00

    Meu pai de 70 anos conseguiu operar uma de suas vistas com ajuda do Lions clube, mas ele aguarda a mais de 2 anos pela cirurgia do segundo olho, receio que ele não voltará a enxergar novamente, realmente, o aconselharam a ir operar nesta caravana, mas meu pai não é nenhum tipo de cachorro ou gato para ser operado dentro de um caminhão infecto de bactérias para políticos com interesses escusos ficarem brincando com a saúde das pessoas e fazerem filmezinhos não sei como pode se demorar tanto para fazer um procedimento que se leva no máximo meia hora e nem pós operatório tem, faltou falar naa reportagem da falta de humanidade desses médicos gananciosos e prepotentes, que tratam o paciente sem recurso como um produto, não tenho 5 mil reais para poder operar meu pai e o vejo perdendo suas esperanças diariamente, em ação com outros pacientes irei entrar judicialmente contra a secretaria de saude e seus responsáveis diretos

 
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