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07/07/2017 - 10:09

Julho marca campanha de prevenção ao câncer

Por Lígia Saito

Assessoria

 (Crédito: Assessoria)
Uma série de gripes sequenciais e falhas na voz foram o alerta para o lavrador José da Silva Ferraz, de 58 anos, buscar auxílio médico na cidade de Pontes e Lacerda (448km a oeste de Cuiabá). Após uma consulta na cidade, acabou sendo direcionado a um otorrinolaringologista. O profissional acabou orientando seu José, até então fumante inveterado, a fazer uma biópsia em Cuiabá. O diagnóstico: câncer na laringe. De lá para cá já se passaram quase três anos e 30 sessões de radioterapia, realizadas na Santa Casa. Hoje, o lavrador mantém o acompanhamento médico, com vindas a cada três meses a Capital para acompanhar seu caso.
 
Seu José é um dos poucos casos em que o câncer da cabeça e pescoço foi diagnosticado precocemente e, por conta disso, houve êxito no tratamento. O oncologista Rogério Leite, especialista em cirurgia oncológica e cirurgião de cabeça e pescoço, explica que em 60% dos casos os pacientes que chegam aos especialistas já estão com câncer em estágio avançado, que demandam cirurgias agressivas e muitas vezes mutilantes.
 
Para lembrar a população da importância da prevenção e do diagnóstico precoce, este mês ocorre a Campanha Internacional pelo Dia Mundial de Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço (27 de julho), o Julho Verde. A iniciativa visa mostrar que é possível prevenir a doença com medidas simples, como abandonar os fatores de risco (tabaco e álcool), além da importância do autoexame da boca e de consultas (médica ou odontológica) rotineiras de pessoas de risco.
 
O câncer da cabeça e pescoço inclui uma diversidade de doenças, sendo as mais comuns os tumores da boca (língua, assoalho da boca, lábio etc.), orofaringe (amígdalas, base da língua, palato mole) e laringe. Os sintomas mais comuns são a presença de feridas que não cicatrizam, nódulos no pescoço, rouquidão e outras alterações da voz, dificuldade de engolir e emagrecimento. “As pessoas muitas vezes não se atentam para lesões na boca. Se você tem uma ferida nessa região há mais de 20 dias e ela não cicatriza, é preciso procurar um especialista, especialmente se fumar ou beber rotineiramente. Normalmente a lesão não dói, por isso as pessoas não se preocupam. Lesões iniciais têm mais de 90% de cura”, salienta o cirurgião.
 
No caso dos homens, o câncer da cabeça e pescoço é o segundo tipo de tumor mais frequente, atrás apenas do câncer de próstata. Nas mulheres, é o quinto mais comum. “Temos que conseguir fazer esse diagnóstico na fase inicial. Na maioria das vezes os tumores estão relacionados a hábitos de vida, como o tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas, que aumentam a incidência do câncer em mais de 20 vezes. De 80% a 85% dos pacientes que atendo fumavam ou bebiam. Além disso, em pacientes mais jovens que não fumam nem bebem os tumores estão associados ao HPV (papilomavírus humano), um vírus capaz de acelerar o desenvolvimento dessa doença”, complementa o médico.
 
Além de sensibilizar a população, a campanha Julho Verde também visa enfatizar aos profissionais da área médica a importância de valorizar as lesões dos pacientes, como feridas, sangramento e queixas de dor. “A campanha é feita para que a gente possa alertar a sociedade e os profissionais de saúde dos cuidados com relação à doença, cada vez mais frequente. Há necessidade dos profissionais da saúde, tanto médicos quanto dentistas, estarem atentos e capacitados para valorizar essas queixas e pequenas lesões que podem ser câncer. Se estiver atento, uma simples biópsia pode fazer o diagnóstico precoce e salvar muitas vidas. Se ele tiver uma suspeita, mesmo sem diagnóstico, vai encaminhar esse paciente para um especialista, que fará o tratamento de forma adequada”.
 
Seu José, que ainda está em tratamento, conta que desde que descobriu o câncer nunca mais fumou. “Nunca mais lembrei daquilo. Cigarro que fez mal. Hoje eu dou conselho para que joguem fora os cigarros. Acaba com a saúde. Estou feliz de ter descoberto a doença no começo, dou graças a Deus. Hoje faço os exames de três em três meses. Não deixo de vir”, afirma.

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