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24/05/2017 - 12:12

Pantaneiros esperam uma cheia normal este ano na região de Corumbá

Por Sílvio Andrade

http://www.riosvivos.org.br

 (Crédito: http://www.riosvivos.org.br)
O nível do leito do Rio Paraguai continua subindo, mas dentro da normalidade, e os pantaneiros esperam uma cheia regular de até cinco metros na régua da Marinha, em Ladário, principal referência do comportamento anual do sistema hidrológico da planície. As áreas que têm influência das águas do principal rio pantaneiro estão praticamente secas, informou o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Aguilar Leite.
 
"Temos informações de concentração de muita água na região da Nhecolândia (centro da planície), talvez por chuvas mais localizadas e também alguma interferência dos arrombados do (Rio) Taquari, mas sem trazer maiores prejuízos", explicou o dirigente ruralista. Ele disse que a enchente deste ano trará as dificuldades já habituais enfrentadas pelos fazendeiros, que são o acesso para abastecer as propriedades e o remanejamento do gado.
 
Taquari avança
 
A região mais afetada neste período de subida das águas na planície é a do Paiaguás (norte de Corumbá), que recebe anualmente água em excesso devido ao transbordamento do Rio Taquari, que perdeu suas margens e já inundou mais de um milhão de hectares anteriormente de alta produtividade bovina e pesqueira. Algumas fazendas localizadas mais próximas ao Rio Paraguai também estão sendo inundadas permanentemente pelo Taquari.
 
O pecuarista Manoel Martins, que tem propriedade no Paiaguás, relata que a cheia atual está anormal porque o Taquari avança sem controle, enquanto nenhuma ação governamental ocorre para conter o desastre ambiental que se alastra por mais de 30 anos. "A situação se agrava a cada ano, com cheia intensa ou uma seca que nos obriga a construir açudes para o gado. A gente não vê vontade política dos governos para estacar essa ferida", alerta ele.
 
Águas mansas
 
Segundo o mapa de previsão de níveis dos rios pantaneiros, divulgado pelo Ministério das Minas e Energia, que monitora a hidrologia da bacia, o Rio Paraguai chegará a 4,81 metros no dia 9 de junho, em Ladário. Nesta quarta-feira, a mesma régua registra 4,04 metros, praticamente o nível máximo da cheia (4,06 metros) do ano passado, que ocorreu no dia 23 de junho. A maior cheia nesta década ocorreu em 2011: 5,62 metros.
 
O volume de água da parte alta (Cáceres, Mato Grosso), no entanto, já perde força há duas semanas e o nível está 74 centímetros abaixo do mesmo período de 2015, quando o pico da cheia em Ladário foi de 4,60 metros, no dia 21 de julho. Na régua de Bela Vista do Norte, na divisa de Mato Grosso do Sul com Mato Grosso, o Rio Paraguai está estacionado também há duas semanas. O local serve de termômetro para medir a intensidade das águas.
 
Segundo a Embrapa Pantanal, é considerada uma grande cheia no Pantanal quando o Rio Paraguai atinge seis metros na régua de Ladário.
 
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