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20/05/2017 - 08:14

Pacto em defesa das cabeceiras do pantanal já cercou 11 nascentes em Jauru

Por Assessoria

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 (Crédito: Ilustração)
Uma ação conjunta da WWF-Brasil, Governo do Estado e outras 50 entidades parceiras do Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal já recuperou mais de 60 nascentes degradadas na região oeste do Estado. Somente em Jauru (425 Km a Oeste), já estão sendo cercadas e recuperadas 11 nascentes com apoio da WWF-Brasil, do Consórcio Complexo Nascentes do Pantanal e Prefeitura Municipal.

A ação conjunta entre todos os participantes tem o compromisso de trabalhar na recuperação dos recursos hídricos da região. De acordo com o secretário executivo do Consórcio Complexo Nascentes do Pantanal, Dariu Antônio Carniel, mesmo com pouca divulgação, os produtores já têm procurado a entidade para fazer a preservação. “O setor produtivo, principalmente o pequeno agricultor, tem sentido o apoio e incentivo que o Pacto oferece. Dessa forma, ele tem adiantado a decisão de preservar suas nascentes e nos procuram para cercar as que existem em sua propriedade”, afirmou.
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Dos 14 municípios que fazem parte do Consórcio, Jauru é o que mais tem nascentes em processo de cercamento. Para a servidora responsável pelas ações do pacto da Prefeitura de Jauru, Fabiane Assis Osmário, a conscientização tem sido a maior aliada do projeto. “Inicialmente os produtores nos procuravam pelo medo de serem multados por causa do risco de perder a nascente, o que também prejudicaria a sua produção, mas, com o tempo, a procura mudou pela conscientização da necessidade de preservar”, explicou.

Um dos principais fatores de sucesso do projeto é a parceria entre as entidades que participam do pacto e os produtores rurais. Para cada nascente cercada, a WWF financia parte do arame e eucaliptos e os produtores arcam com o restante do material e mão de obra. “Hoje somos procurados diariamente para iniciar o processo de cercamento de nascentes em propriedades da região”, disse Fabiane.

Para iniciar o processo, as entidades governamentais procuram os produtores que estão dispostos a cercar suas nascentes, sendo eles voluntários a participar do programa. Logo em seguida um biólogo vai até a propriedade e faz a avaliação das nascentes. Após a avaliação ele quantifica o material que será doado em parceria para cercar a área. De acordo com a legislação, a área preservada de nascentes deve ser, no mínimo, de 15 metros de diâmetro.

O coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, Júlio César Sampaio, explicou que recuperar nascentes não é agir apenas no local onde ela está, mas é conservar toda uma cadeia hidrológica, todo um ecossistema como o Pantanal, que tem mais de quatro mil espécies animais e vegetais registradas. “À primeira vista, a recuperação de 11 nascentes em Jauru pode parecer algo pequeno, mas estamos falando de uma ação que vai beneficiar o rio Jauru e por consequência todo o Pantanal. A ideia é termos água em quantidade e de qualidade para todos”, pontuou.

Jauru também é uma região riquíssima em água e possui muitas nascentes. Porém, durante o processo de ocupação da região, houve o incentivo de abertura de áreas e, por esse motivo, hoje existem muitas nascentes degradadas, sem matas ciliares e com muito pasto em torno.

A engenheira agrônoma que atua no consórcio, Elizene Vargas Borges, explicou que o foco é conscientizar, principalmente o agricultor familiar. “A região de Jauru está pautada em pecuária de leite. Então procuramos mostrar ao produtor que quanto mais água, e água limpa, ele tiver para disponibilizar ao gado, maior será a sua produção”, argumentou. “A maior vantagem dele é que sempre terá água limpa e potável e poderá fazer o baldeamento dessa água para seu gado e sua família”. Além de cercar a área, o consórcio fornece ainda mudas de plantas nativas da região – ipês e buritis – para serem plantadas no local.
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A engenheira ponderou ainda o risco que existe sem a proteção. “Poderá ocorrer o desaparecimento das nascentes se não forem preservadas. Já existem muitas que desapareceram com o tempo”.

O secretário executivo do Consórcio ressaltou também que até 2020 existem outros projetos a serem implantados na região das nascentes do Pantanal. “Temos a expectativa de mais investimento nessa área para multiplicar nossas ações, como a criação de viveiros de mudas de plantas nativas e descentralização da gestão ambiental municipal”, finalizou.

O PACTO

O Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal atua na recuperação de nascentes e na execução de ações em prol dos rios Jauru, Cabaçal, Sepotuba e Paraguai. Em dois anos, foram alcançadas mais de 6 milhões de pessoas em ações de comunicação, foram recuperadas mais de 80 nascentes, apoiados o funcionamento de 3 viveiros florestais, capacitados mais de 100 técnicos, adequados mais de 100km de estradas rurais e beneficiadas mais de 20 famílias com a instalação de biofossas e consequente incremento de renda.

Na região das cabeceiras do Pantanal nascem as águas responsáveis por alimentar 80% da planície inundada, pelo abastecimento de mais de três milhões de pessoas e pela manutenção da rica biodiversidade local: mais de quatro mil espécies de animais e plantas registrados.

A região das Cabeceiras do Pantanal abrange 25 municípios do Mato Grosso, sendo eles: Alto Paraguai, Araputanga, Arenápolis, Barra do Bugres, Cáceres, Curvelândia, Denise, Diamantino, Figueirópolis D´Oeste, Glória D´Oeste, Indiavaí, Jauru, Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Nortelândia, Nova Marilândia, Nova Olímpia, Porto Esperidião, Porto Estrela, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Santo Afonso, São José dos Quatro Marcos, Salto do Céu e Tangará da Serra.

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  • por ELIZETE DE ARRUDA BACA LARA, em 21.05.2017 às 01:42

    Em síntese, os efeitos ambientais adversos do plantio de eucalipto mais ressaltados por aqueles que se posicionam contrariamente a ele são: a retirada de água do solo, tornando o balanço hídrico deficitário, com o rebaixamento do lençol freático e até o secamento de nascentes o empobrecimento de nutrientes no solo, bem como seu ressecamento a desertificação de amplas áreas, pelos efeitos alelopáticos sobre outras formas de vegetação e a conseqüente extinção da fauna É INTERESSANTE SABER SE UM GEÓGRAFO FOI CHAMADO PARA FAZER ESSES ESTUDOS. POIS PELO QUE CONHEÇO O EUCALIPTO NÃO E TAO BENÉFICO.

 
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