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24/02/2017 - 14:37

'Brasileiro é cristão, mas abandona a fé por coisas fáceis e falsas religiões', diz líder da Assembléia de Deus em MT

Por Rodivaldo Ribeiro/RDNEWS

Gilberto Leite/Rdnews

 (Crédito: Gilberto Leite/Rdnews)
Sebastião Rodrigues de Souza, pastor e presidente das Assembleias de Deus de Mato Grosso, vive nesta Terra há quase 86 anos (ele por aqui existe desde 11 de agosto de 1931, quando veio à luz na fazenda de seus avós, na cidade mineira de Pirajuba).

Homem de fé à moda antiga, tem perfil rígido, mas surpreende com o tratamento pastoral, acolhedor e, em certa medida, até mesmo progressista, por não ser totalmente contra aborto cometido por mulheres vítimas de estupro, diferente do também assembleiano, pastor e deputado federal, Victorio Galli (PSC), além de ter recomendado voto a presidente para Marina Silva.


Tem orgulho vivo de seu casamento com Nilda de Paula Souza, que completa 88 anos seis dias depois do aniversário dele.

Ela também é mineira, mas de Uberaba. Se conheceram na cidade natal do pastor, quando ele tinha 16 e ela ia fazer 18 anos, em 1947.

Geraram quatro filhos: Silas, Rubens, Silene e Abilio.

Pastor Sebastião falou ao  sobre o lugar de Cristo nestes dias de desespero e descrença, transcendente ou imanente, e vários outros assuntos. Leia os principais trechos. 


Para o senhor, qual o papel de Cristo num mundo cada vez menos crente em transcendência e cada vez mais hedonista?

A Bíblia diz que por se multiplicar a iniquidade o amor de muitos esfriará; porém os que permanecerem fieis até o fim serão salvos. O povo do Brasil é cristão, mas abandonou a fé cristã porque o mundo oferece coisas fáceis, tem muitas religiões falsas que prometem bênçãos de Deus na vida e não têm proibição nenhuma. Pode-se fazer o que bem se quer e mesmo assim virão essas bênçãos. Isso não é verdade. Nós temos que guardar a palavra de Deus se quisermos alcançar a salvação, porque Cristo pagou um preço caro quando verteu seu sangue pelo furo da lança do soldado romano. O brasileiro precisa acordar porque o que está acontecendo, esse desvencilhar da fé em nome do Carnaval, é triste, é obra satânica. (Ele lê para a reportagem a segunda carta de Paulo aos Coríntios, em seu capítulo quatro, versículos de um a seis, com ênfase no versículo cinco: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus”).  Por esse motivo, o diabo apresenta tudo quanto é face. E a pessoa, não tendo o temor de Deus, pensa que pode viver como quer, fazer o que quer, e finalmente, com a reza de alguém, sair do purgatório (que não existe) e alcançar a vida eterna. Nessa evasiva, nessa falsidade, milhões acabarão indo ao inferno, porque não acreditam que seja diferente a salvação em Jesus Cristo, porque o ensino que receberam foi aquele e acabam por não querer deixar o ensino de seus pais.

Ainda há espaço para manter doutrinas como a da abstinência sexual antes do casamento?

Tem espaço sim. Quantos e quantos jovens da igreja casam virgens, entre nossos moços e moças? Glória a Deus.
O povo do Brasil é cristão, mas abandonou a fé cristã porque o mundo oferece coisas fáceis e tem muitas religiões falsas que prometem bênçãos de Deus na vida e não têm proibição nenhuma.
 
Qual o papel da mulher em sua congregação?

O papel da mulher na congregação é servir a Deus fielmente, ser uma bênção nas mãos do Senhor e acatar a salvação em Jesus Cristo como eu, como você e todos os homens que aceitam a fé em Jesus e lhe sejam fieis.

O que o senhor acha da criminalização do aborto como propõe em projeto o deputado federal Victório Galli, também pastor da Assembleia de Deus, mesmo em casos de estupro?

Sobre o aborto posso lhe contar uma história de uma mulher, crente da Assembleia de Deus, que cometeu um aborto. Ela o fez e não contou para ninguém, fez na surdina, mas de repente começou a sofrer uma perseguição em sonhos. Dormia e sonhava que chegava uma criança e dizia-lhe: “mamãe, não me mate”. Acordava assustada e não dormia e tudo acontecia na outra noite, novamente. Foi tantas vezes que ela não aguentou e confessou ao pastor. O pastor a excluiu, ela passou a prova que a igreja lhe deu. Assim que ela passou a prova, passou também a visita em sonhos da criança dizendo “mamãe, não me mate”.

Mas o projeto do pastor Victorio Galli é tirar o direito da mulher vítima de violência fazer aborto e torná-la criminosa caso tome essa opção hoje legal.

Aí é uma coisa diferente e cabe uma análise. Se ela foi vítima de um assalto, de qualquer violência, não foi conivente, o caso deve ser analisado com muito cuidado.

O senhor sabia que a Primeira Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos lançou um documento, há quase três anos (junho de 2014), com novas orientações quanto a casais do mesmo sexo, não mais condenando uniões do tipo, apesar de não as realizar?

Sim, eu sei.

O senhor concorda com isso? Como vê esse tipo de união?

E errado. E o que eu sei também é que muitos presbiterianos dos Estados Unidos estão deixando a igreja exatamente por causa disso [nota da reportagem: conforme a Folha de S. Paulo, o jornal The New York Times aponta decréscimos de fieis desde 2011, quando os norte-americanos começaram a adotar medidas consideradas mais à esquerda],  porque ela adotou esse conceito e vários outros com os quais não é possível concordar.

Foi também o motivo do rompimento definitivo da Igreja Presbiteriana do Brasil com sua até então chamada Igreja Mãe, fundadora da igreja daqui...

Sim, eu sei disso também. Nós também não aceitamos, porque quem celebrou o primeiro casamento foi o próprio Deus, depois de fazer Adão dormir um sono pesado e retirar-lhe uma costela, fazer dela a mulher mais bonita. Quer dizer, não era a mais bonita para ele porque ele não conhecia nenhuma outra (risos de todos na sala), mas logo após ele acordar desse sono profundo, acordou assustado, mas com uma linda mulher ao seu lado, parecida com ele. Ele ficou feliz demais. Então o Senhor Deus não celebrou um casamento entre dois homens, mas entre um homem e uma mulher. Assim, é um acinte contra a ordem divina e por isso nós peremptoriamente não aceitamos.

Mas as exortações de Cristo e Paulo falam em odiar o pecado, mas amar o pecador...

Sim. É verdade.

Então há espaço para homossexuais na Igreja Assembleia de Deus?

Tem sim. Eles podem aceitar Jesus e serem salvos. Desde que eles queiram perdão do Senhor e libertação de seus crimes, o Senhor perdoa e salva. Perfeitamente. Há espaço.

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