Jornal Oeste

Uma disputa comercial pelo mercado do couro bovino pode provocar o fechamento de duas empresas e deixar cerca de 200 famílias desempregadas, em Cáceres. Embora o município seja o maior produtor de rebanho bovino do Estado e ocupando o quarto lugar no ranking nacional, com 1.083.531 cabeças, conforme dados do IBGE, o Curtume Panorama, instalado há 10 anos no Distrito Industrial, está na eminência de baixar as portas por falta de matéria prima. Além do curtume a Proteínas MS também corre o mesmo risco.

O possível fechamento da empresa pode levar na esteira a indústria de Proteínas MS também instalada no distrito que depende 100% da matéria prima do curtume para manter as atividades. A Proteínas MS trabalha com raspagem de couro para produção de proteínas.

O couro produzido em Cáceres está sendo comercializado em curtumes de Cuiabá. O Curtume Panorama necessita de 15 mil couros/mês para serem processados. Contudo, a empresa já vinha com dificuldade de matéria prima, processando, mensalmente, apenas cerca de 8 mil couro. Até em 2016, o curtume empregava 100 trabalhadores diretos, já reduziu o quadro pela metade e, conforme a direção, se não houver uma saída para o impasse, deverá fechar as portas, em definitivo, nos próximos meses.

Do total de couro processado, 70% era fornecido pelo Frigorífico 3M, localizado em Cáceres. A partir do mês de janeiro, deste ano, sem maiores justificativas, o frigorifico por gestão interna passou a comercializar o produto para um curtume da capital, deixando o Panorama sem matéria prima para processar.

À reportagem do Jornal Expressão e site Expressão Notícias o gerente do Curtume Panorama, Gilmar Wilson dos Reis, confirmou que a empresa passa por dificuldades por falta de matéria prima e que vem mantendo conversações com a direção do Frigorífico 3M no sentido de recuperar os couros que até no final do ano passado eram fornecidos pela referida empresa.

“Estamos na esperança de que as conversações sejam positivas e que o Frigorifico 3M volte a fornecer matéria prima para o Panorama. E, para que dessa forma possibilite que o curtume continue funcionando” disse Gilmar sem entrar em maiores detalhes.  À reportagem a resposta do frigorífico foi que os diretores estavam em viagem e que assim que retornassem entraria em contato o que não aconteceu.

Acompanhando a situação, o prefeito Francis Maris Cruz também entrou em contato com a direção da empresa. Ele chegou a agendar uma reunião, na terça-feira (7) com os diretores, mas até na manhã de sexta-feira (10), não havia acontecido. Um dos sócios informou que o responsável pelo setor de venda de couros estava em uma viagem e por isso não compareceria. No mesmo dia o prefeito se reuniu com os vereadores e expôs a situação. Ainda na quarta-feira, Francis participou de uma reunião na sede do Sindicato Rural, sugerindo aos pecuaristas o estudo de uma solução para o problema.

A preocupação com o possível fechamento das empresas e consequentemente a demissão dos funcionários levou o prefeito e o vereador Valter Zakarquim recorrerem a autoridades políticas do Estado. O prefeito entrou em contato com os deputados doutor Leonardo e Nininho. Leonardo, segundo ele, por ser representante de Cáceres e Nininho, por se amigo pessoal dos empresários. Zakarquim manteve contatos com o deputado Mauro Savi.

“Estamos recorrendo de toda forma. Não vamos admitir que por motivos, meramente, comercial uma empresa provoque o fechamento de indústrias e demissões de funcionários em nossa cidade” afirmou Francis. O vereador Valter Zakarquim disse que “isso ocorrendo irá ficar ruim até mesmo para os empresários do frigorífico. Os produtores irão avaliar melhor antes de fazer negócios com essa empresa”.