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27/09/2016 - 16:02

III Rock Fest em Cáceres: o rock do mato canta alto

Por Eduardo Ferreira

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 (Crédito: Facebook)
O interior de Mato Grosso, em cidades como Cáceres, Mirassol D’Oeste, Tangará da Serra, Lucas do Rio Verde e Rondonópolis, por exemplo, vem dando o tom musical quando se fala em festivais de rock. Após um longo período produzindo festivais, a capital mato-grossense, hoje, está restrita ao que tem uma pegada muito recortada num certo segmento roqueiro e peca, a meu ver, pela falta de abrangência do próprio universo musical roquenrrol.

Edição anterior do Cáceres Fest Rock
Edição anterior do Cáceres Fest Rock

Explico, há muito o rock deixou de ser aquela coisa underground restrita a umas poucas vítimas do estereótipo, dos autênticos posers, para abranger figuras outsiders de tudo que é tipo, que vai do glam ao metaleiro, passando pelo pop, gótico, eletrônico, experimental, visceral ou não, mas também na sua capacidade fusion, de se misturar a outros ritmos e gêneros, como o samba, o rap, e outras vertentes do comportamento, da cultura e da música.

fest rockEm frente ao Bar Balderrama, Cáceres Rock Fest

Mas, como deve ser um festival de rock? Há que se repensar, fórmulas velhas e desgastadas muitas vezes não levam a lugar nenhum. Qual é a de um festival de rock? Ganhar grana, ganhar visibilidade, formação cultural, entretenimento? São questões que se acumulam ao longo dos anos, aliás, das décadas. Há muito tempo no Brasil grupos econômicos (midiáticos)e coletivos vem produzindo festivais de música, mas com qual propósito? As grandes grifes como Rock’n Rio, Lolapalooza e outros mais são comerciais demais.

Tropicalia-1-size-598Nos anos 60 e 70, os festivais desafiavam a ditadura militar com sua pegada de resistência política e cultural, eram um símbolo de resistência e de luta pelas liberdades democráticas. Mas e nos dias de hoje, e agora?
Como lidar com a nova realidade política no país após um claro golpe de Estado constitucionalista, se é que podemos assim essa narrativa da legalidade? Como lidar com as novas tecnologias e alterações comportamentais profundas que estamos experimentando como quem troca de camisa?

A expansão ou restrição da percepção dos novos humanos depende muito do ponto de vista, nenhuma premissa pode ser considerada verdadeira, podem estar gerando um novo tipo de comportamento que vai influenciar, eu diria já está influenciando, para a prática de novos comportamentos na participação política.

rock caceresDigo tudo isso para questionar e falar de um festival de rock em Cáceres MT, que vai acontecer no dia 8 de outubro, no Espaço Indaiá com as bandas ZORTIN + SR. INFAME + HOTTEL CASABLANCA + THE BANANA CHIPS + HELL ROCK CITY + O MORMAÇO SEVERINO

hell rock
Hell Rock City

A organização e a produção ficam por conta de Jean Cristian, que mora em Cuiabá, é professor de História , vocalista na Banda e proprietário da Empresa DarkSide Store. Ele conta como começou: “O primeiro Cáceres Rock Fest aconteceu em 2008, através de iniciativa própria. Foi realizado com intuito apenas de divulgar as bandas da região. Acredito que com esses eventos independentes, não só com o Cáceres Rock Fest, mas também com o Bugrestock, e o Roça ‘n’ Roll (Mirassol D’Oeste), o rock no interior ganha cada vez mais força.”

Um dos problemas crônicos é a forma de financiamento desses eventos alternativos. É duríssima a tarefa de encontrar parceiros que acreditem no potencial dos eventos, apesar de me parecer evidente como isso impacta de forma bem bacana nas cidades. Impulsiona a formação de plateia, movimenta a cultura local, atrai visitantes para o lugar numa perspectiva do turismo cultural, movimenta a economia criativa que é um dos segmentos que mais crescem no bolo da produção econômica mundial (7% do PIB mundial). São muitas as possibilidades e benefícios que precisam ser levados em conta. No Brasil o PIB do setor cresceu cerca de 70% em 10 anos. È muita coisa. De acordo com a Unctad (órgão da ONU), estes são os setores que hoje em dia mais crescem e geram emprego no mundo.

rock2No peito e na raça, como se diz, Jean Cristian vai à luta: “Em todos os três  Festivais Rock Fest, o dinheiro para realizar saiu do meu bolso. Dificilmente se consegue patrocínio para este tipo de evento. Neste III, o único patrocinador foi o Bateras Beat de Cuiabá, que foi de grande ajuda. O evento não tem fins lucrativos, com a venda de ingressos e bebidas, pretendo pagar as despesas, como aluguel de ônibus, som, cache de bandas, etc. Atualmente tem crescido a cena Rock em Cáceres, principalmente neste novo espaço que aderimos para fazer os shows acontecerem, o espaço Indaiá.”

mormaçoSegundo Rauni da banda (de Cáceres)“é um Festival que faz uma ligação musical de Cuiabá com Cáceres, trazendo as bandas de Cuia pra galera conhecer aqui e vive versa. Se não me engano na primeira edição foi a primeira vez que a Fuzzly (Cuiabá) tocou aqui, por exemplo.”

infame
Sr. Infame

Jacaré, da banda (Cuiabá), ressalta que a galera do interior de Mato Grosso tem feito a diferença na cena rock e está animado com a perspectiva de tocar em Cáceres: “Cara, acho muito bom, Rondonópolis tem uma cena rock bem legal. Lucas também tem. Cáceres já vai para o terceiro festival e isso é muito bom! A expectativa de público tá sendo boa. Acredito que será bem legal tocar lá.”

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