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23/09/2016 - 10:39

Plantio de soja no Pantanal causa assoreamento de rios, afirmam especialistas

Por Viviane Petroli

Pedro França/Agência Senado

 (Crédito: Pedro França/Agência Senado)
O cultivo de soja no Pantanal vem causando problemas de assoreamento de rios e prejuízos à biodiversidade da região. A colocação foi pontuada por especialistas ambientais que participaram de debate promovido sobre o assunto pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) no Senado na quarta-feira, 21 de setembro.
 
Tendo-se em vista o regime sazonal de inundação da planície do Pantanal, resultado das cheias do Rio Paraguai, o plantio de soja em áreas baixas fica impedido por falta de tecnologia para o cultivo do grão em terras alagadas.
 
Segundo especialistas, devido ao regime sazonal de inundação da planície do Pantanal a semeadura de soja, bem como de pastagem, tem avançado na parte mais alta da bacia e com isso trazido reflexos no ecoturismo, impactando no regime hidrológico responsável pela sustentabilidade do bioma.
 
O presidente do Instituto SOS Pantanal, Roberto Klabin, comentou no debate no Senado que na parte inundada do Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense a pecuária e o turismo ecológico se adaptaram às cheias e secas da bacia, mantendo equilíbrio com a fauna nativa.
 
"O Pantanal é hoje um destino mundial para observação de fauna silvestre, que atrai turistas do mundo todo para apreciar aqui o que está desaparecendo no mundo todo, ou seja, uma natureza em harmonia com atividades humanas locais", disse Roberto Klabin, conforme a Agência Senado.
 
Durante a audiência pública da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), o diretor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Paulo Carneiro, afirmou ser preciso conter a ocupação agrícola de áreas "mais sensíveis". Segundo ele, os efeitos ambientais podem levar à destruição do Pantanal.
 
O Coordenador de Uso Sustentável dos Recursos Florestais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), André Sócrates Teixeira, destacou na audiência pública o crescimento do desmatamento na região do Pantanal. Ele salientou, contudo, que não é possível identificar se as novas áreas são autorizadas ou irregulares. O Ibama, revelou Teixeira, está implantando um sistema que permita tais identificações, entretanto a prioridade do órgão é a Amazônia.
 
Presente no debate, o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Luiz Nery Ribas, destacou que as lavouras na região do Pantanal são realizadas com base em orientação de pesquisas. Ele pontuou que são utilizadas técnicas de plantio direto e a integração lavoura-pecuária, sistema este que vem ganhando força em Mato Grosso, que protege o solo reduzindo e reduz o impacto da água da chuva, evitando desta forma a erosão e o assoreamento dos rios.
 
"Temos notado que, nas áreas trabalhadas, é impressionante o aumento de espécies da fauna e da flora, pois temos alimento o ano todo", declarou Nery Ribas.

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2 comentários

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  • por Zezão, em 24.09.2016 às 08:05

    É só ver as nascentes do Rio Paraguai....a soja já está na margem.

  • por drortega, em 23.09.2016 às 15:22

    Essa falácia de que ocorre o aumento da fauna e da (???AUMENTO???) flora é de tirar o "C" da "B..." se há o desmatamento indiscriminado como pode haver AUMENTO da flora??? O uso de herbicidas, pesticidas, inseticidas está causando é um desequilíbrio ambiental, com extinção de espécies diversas... É muito mimimi desse cartel de produtores....

 
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