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30/08/2016 - 12:21

Bióloga fala sobre o impacto dos fogos de artifícios sobre as aves e o meio ambiente

Por Jornal Correio Cacerense

Jornal Correio Cacerense

 (Crédito: Jornal Correio Cacerense)
Os fogos de artifício existem há centenas de anos e fazem parte de festas celebradas por muitas culturas diferentes. Mas já se sabe que comemorações com fogos de artifício são traumáticas para os animais, cuja audição é mais acurada que a humana e segundo pesquisas eles são capazes de pressentir eventos  sísmicos importantes.

Uma exibição de pirotecnia é considerada uma perturbação antropogênica e seus impactos sobre a vida selvagem representam uma justificada preocupação em termos de biologia da conservação.

Nesse contexto e com a campanha eleitoral iniciando, onde se é muito comum a prática de soltar fogos,  nossa equipe de reportagem conversou com a presidente da comissão da COMDEMA e bióloga responsável do município de Cáceres Liandra Mendonça Pinheiro, que destacou o quanto o barulho alto e repentino, como também  as luzes brilhantes produzidas pelos fogos causam estresse para muitos animais, tanto domésticos como selvagens.

Um exemplo familiar é comumente presenciado por quem tem um cão.

Os animais ficam muito agitados com o barulho, tentando se esconder, muitos latem, uivam ou até mesmo urinam.

Estudos têm comprovado o que os tutores desses animais já sabiam: fogos de artifício representam uma experiência traumática para os cães.

Ela também lembrou da morte em massa de animais nos Estados Unidos na virada do ano,  onde cerca de 3 mil pássaros negros caíram do céu na pequena cidade de Bibi, no Arkansas. Todos os pássaros apresentavam hemorragias, além disto foi registrada a morte de 100 mil peixes no rio Arkansas.

Mais ao sul, no Estado da Louisianna, outros 500 passarinhos caíram dos céus. Alguns apresentam asas e espinhas quebradas.

Liandra cita que além do stress pelo qual passam as aves e das mortes causadas durante os espetáculos de fogos, a poluição é outro efeito que costuma ser ignorado.

Tanto o processo de fabricação dos fogos como a sua queima liberam percloratos, que contaminam o ar e corpos d’água.

Segundo estudos estas substâncias inibem o funcionamento da glândula tireoide, alterando o crescimento, desenvolvimento e metabolismo de várias partes do organismo. Seus efeitos são conhecidos tanto em animais silvestres como em humanos.

Informou ainda que todos os anos a maior problemática enfrentada pela organização do FIPe é com a liberação dos fogos ao termino do festival, uma vez que é realizado na praia do Daveron, em frente da Baia do Malheiros, onde se é rico em espécies, e os fogos, morteiros e outros causam grande prejuízo ambiental, pois as aves assustadas com o barulho abandonam seu ninho deixando seus ovos para trás não permitindo o nascimento dos seus filhotes.

Pesquisas comprovam que os beija-flores  sofrem parada cardíaca e morrem em grande numero.

Ela lembrou que esse ano a largada das embarcações  no FIPe  não utilizou as queimas de baterias de fogos, usando somente um morteiro para largada de cada categoria, já pensando nos prejuízos que essa ação causa ao meio ambiente.

Segundo Liandra, não se tem uma Lei que proíba a soltura de fogos, mas acredita que pelo avanço dos estudos nessa área e com toda a preocupação com o meio ambiente, logo terá alguma legislação regulamentando essa questão.

Nesse aspecto seria muito relevante ao meio ambiente que os nossos candidatos as eleições municipais repensassem a prática da soltura de fogos pensando em preservar nossas espécies e respeitando a natureza.

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3 comentários

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  • por Mauro Benedito Gonçalves, em 21.06.2019 às 15:13

    Dra. Seu artigo bastante oporturno e interessante.

  • por Fernando C., em 30.08.2016 às 17:33

    Muito interessante a reportagem, parabéns a bióloga Liandra Mendonça Pinheiro pela iniciativa de mostrar o quanto é importante saber dos impactos que a natureza sofre das mais diversas formas, e que pelo visto grande parte da população desconhece essas agressões (fogos de artifício, morteiros, etc.) ao meio ambiente.

  • por José Antenor Ribeiro, em 30.08.2016 às 16:16

    Parabéns pelo artigo colega. Bastante oportuno!

 
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