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13/08/2016 - 11:10

Dentro de mim palpitam as vozes e os sons do Rio Paraguai, diz Guapo

Por Marianna Marimon/RDNEWS

Protásio de Morais

 (Crédito: Protásio de Morais)
Quem cresceu às margens do Rio Paraguai não esquece suas curvas, suas águas, as árvores que ladeiam sua extensão.

Essa poesia permanece viva em quem possui estas lembranças que, em casos como o do músico nascido em Cáceres, Milton Pereira de Pinho, se transformam em composição.

As águas do Rio Paraguai encontraram vazão em sua música. E se o nome de batismo é Milton, as pessoas o conhecem mesmo é pelo nome artístico: Guapo.

Entre suas lembranças está a da mãe lavando roupa na beira do rio. “Eu praticamente nasci às margens do Rio Paraguai, fui criado ali e minha mãe vivia lavando roupa na beira do rio. Dentro de mim palpita um monte de vozes e sons daquele rio”, conta.

 E estas vozes e sons deram origem à “Sinfonia Nativa do Rio Paraguai” que Guapo estreia juntamente com a Orquestra do Estado de Mato Grosso (OEMT) nos dias 19, 20 e 21 de agosto às 20h no Cine Teatro Cuiabá.
“É um trabalho que precisava fazer há muito tempo e que a música estava pronta. É um jeito de mostrar a tendência que existe em Mato Grosso de buscar outros países como fonte de trabalho, política, economia, e o rio Paraguai banha quatro países. Por isso, fiz a Sinfonia Nativa com uso de elementos nativos como a viola de cocho, a harpa paraguaia e o folguedo”, explica.

Filho de pai violeiro, tio cantor que se expressava até em guarani, com uma avó pianista, um avô cururueiro, Guapo teve uma educação musical já dentro de casa. E todos estes sons que o remetem ao lar são uma constante em seu trabalho de busca pelas raízes. Anteriormente, Guapo trouxe o berrante pantaneiro para dentro da Orquestra.

Mas a sua preocupação vai além da música, afinal, por crescer às margens do Rio Paraguai e em contato com o Pantanal, tem a consciência da real necessidade de se preservar a natureza, tomando como exemplo o caso do rompimento de barragem em Mariana, Minas Gerais.

“Temos um problema ecológico que é a construção do Porto de Morrinhos que todos estão contra e ainda não apresentaram nenhum projeto decente. E a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres pede o porto para continuar com os trabalhos de desenvolvimento. E com o que aconteceu em Mariana, tudo isso fez o terceiro movimento dessa música (Sinfonia Nativa) mostrar algo meio diferente, uma linha mais Pink Floyd, um rock sinfônico”, disse.

O CD de Sinfonia Nativa deve sair no fim do ano, mas Guapo prevê que deve ser uma das últimas parcerias com a Orquestra. Com um sorriso largo quase que escondido pela sombra do seu grande e já característico chapéu de palha Guapo dispara que não irá parar de compor e criar. “Músico não aposenta, ele morre”.

“O Pantanal existe por causa do Rio Paraguai e agora com essa ameaça do problema ecológico eu me propus a criar uma sinfonia para chamar atenção para o problema”.

E na gaveta ainda tem outros trabalhos, como uma composição pronta há 30 anos. “É uma opereta (ópera pequena), e vai custar caro porque é um projeto grandioso que envolve atores, e conta a história de um guerrilheiro nos anos 60 que volta para a América e busca suas raízes na mitologia guarani, é todo cantado e já está pronto”, concluiu.

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