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30/06/2016 - 09:00

Procurador da Republica coloca em duvida benefícios da ZPE para Cáceres

Por Elzis Carvalho/Secom/AL

Fabricio Rodrigues/Secom/AL

 (Crédito: Fabricio Rodrigues/Secom/AL)
A Câmara Setorial Temática (CST) criada para debater a efetivação do Parque Industrial da Zona de Processamento e Exportação  de Cáceres (ZPE de Cáceres) iniciou hoje (29) a pauta de trabalho do semestre.
O objetivo da CST, de acordo com o relator e oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Daniel Almeida de Macedo, é produzir um documento sobre as condições sociais e econômicas da faixa de fronteira Brasil/Bolívia em Mato Grosso e, ainda, fazer uma reavaliação da segurança pública na região.

“Esse documento tem o propósito de subsidiar o Estado e a União, efetuando os ajustes necessários à região, tornando-a atraente para os investidores que desejam lançar suas bases industriais na ZPE”, disse Daniel Macedo.

De acordo com Daniel Macedo, a efetivação desse projeto é necessária para que se invistam nos setores sociais e econômicos da região. A CST tem a função de fazer esse diagnóstico sobre a realidade. Ao terminar a fase de elaboração do texto, Macedo disse que a Assembleia Legislativa fará uma audiência pública binacional, com autoridades bolivianas e brasileiras.  

“A região de Cáceres tem potencial para o desenvolvimento econômico, e o Parlamento, a função de aglutinar esforços entre o Estado e a União, que possuem objetivos comuns à região. É um grande consórcio de iniciativas que está sendo capitaneado pela Assembleia Legislativa”, disse Macedo.

Macedo disse ainda que os dados consolidados nas reuniões têm o objetivo de atrair investimentos e segurança jurídica para os investidores à região. “Esse documento tem esse viés. Ele será apresentado a grupos de investidores, aos fundos de investimentos e aos empresários que desejam expandir seus negócios. O documento será levado a investidores da região Sudeste do Brasil e à Câmara Nacional do Comércio”, disse Macedo.

A superintendente de Planejamento e Gestão do Gabinete de Articulação de Desenvolvimento Regional, Keile Pereira, afirmou que é o momento de tirar a ZPE do papel. Ela foi criada pelo Decreto Federal nº 99.043/1990. A região tem uma fronteira seca de 983 quilômetros e cerca de 479 mil habitantes. A Grande Cáceres é composta por 28 municípios.

“É um instrumento de transformação social para a população da região da faixa de fronteira. É um local fragilizado econômica e socialmente. É uma oportunidade para a geração de emprego e renda. É uma oportunidade de integração internacional com a Bolívia. É a promoção de uma rota de transporte entre a região até Santa Cruz, na Bolívia”, disse Keile Pereira.

O procurador da República em Cáceres, Filipe Antônio Abreu Mascarelli, há dois anos no município, disse que a instalação da ZPE, em função da situação atual social e econômica na região, é preocupante. Segundo ele, não há planejamento para a transformação da cidade em curto prazo.

“Cáceres é uma cidade histórica. Por isso não consigo conceber como transformar uma cidade de subsistência em cidade industrial. Na região não tem implantada uma mentalidade do trabalhador capitalista, que está em busca do lucro e sempre está em busca do aperfeiçoamento. Essa região tem a cultura de subsistência”, destacou Mascarelli.

Para Mascarelli, outra preocupação está relacionada à baixa qualificação da população da região. Ele questionou para quem as ZPE trarão melhorias de vida. Segundo ele, o trabalhador da região não está preparado para alcançar postos de trabalho que exijam alta competitividade.

“Que impacto isso trará para as grandes cidades? Cáceres é uma cidade histórica e, se houver um afluxo de população, tem que haver um plano de desenvolvimento urbano para que a população tenha qualidade de vida. Há, ainda, impactos ao meio ambiente, porque a cidade não tem rede de esgoto tratado. Essas preocupações devem estar em mente, porque o desenvolvimento econômico não é um milagre. Não é algo que sai da noite para o dia”, destacou Mascarelli.

Segundo Mascarelli, os empregos criados pelas ZPE atenderão pessoas de outras regiões mato-grossenses. “As vagas serão destinadas às pessoas mais qualificada. O estudante que sai da rede pública de ensino não está preparado. A qualidade de ensino em Cáceres é alarmante. Se há 30 anos existe o processo de implantação da ZPE, por que não foi feito isso antes?”, questionou o procurador Mascarelli.

A próxima reunião de trabalho está marcada para o dia 18 de agosto, às 9 horas, na sala das comissões, 202. Os outros dois encontros estão previstos para o dia 22 de setembro e, para o dia 20 de outubro. O Parlamento deve realizar, ainda em 2017, uma audiência pública binacional. 

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22 comentários

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  • por Pare de falar e faça alguma coisa a tempo, em 15.11.2016 às 20:17

    Em parte os argumentos do nobre procurador apresentam coerência. Agora procurador faça alguma coisa agora e como representante do MPF acompanhe e proponha as medidas necessárias em tempo útil. O que ocorre é tanto o MPF como o MPE adoram entrar com medidas judiciais no "último minuto do segundo tempo". Esperam as coisas acontecerem de forma equivocada e qdo a obra está para ser inaugurada (ou depois de finalizada) aí entram com ações judiciais de sexta-feira a tarde para tentar suspender alguma coisa. Tal atitude é tão prejudicial à população quanto a os erros cometidos pelos executores da obra. Vide exemplo disso as obras do VLT em Cuiabá, eu me pergunto porque o MPE e o MPF não acompanharam ou combateram os erros antes de ser desperdiçado quase R$ 5 bilhões de reais. Ficar cantando de galo depois que ovos se quebraram é moleza.

  • por bigode, em 25.10.2016 às 21:16

    nossa essa zpe de Cáceres ja era, sou pessimista nisso.eu disse que não sair do papel.o procurador disse qieue Cáceres é uma cidade histórico, ja era pra ter a zpe muito tempo.sou cacerense. então cáceres não precisa de zpe e aeroporto entenda isso. é politicagem e ta chegando a política di novo.

  • por Cacerense, em 15.09.2016 às 10:45

    Perfeita a colocação do Procurador Felipe. Não vi em nenhum momento como afirmação de preconceito, aliás, com certeza depois dessa fala muita gente está pensando em se qualificar. Ou não? Ele quis chamar atenção a você mesmo que se incomodou com a fala dele. Se incomodou e vai mudar, se preparar. Porque se pressionar e a ZPE realmente sair a maioria de nossa população vai limpar o chão e servir café (e olhe lá). Penso que ele quis dizer "Cacerrenses não aceitem ser a mão de obra braçal e sem benefícios desse projeto que enriquecerá muito patrão e ainda trará impactos negativos como qualquer outro grande projeto".

  • por Elias, em 24.08.2016 às 18:46

    O senhor doutor promotor perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado.

  • por José Cacerense, em 23.08.2016 às 08:54

    Se todos fossem pessimistas e sem conhecimento como esse senhor ainda estariamos nas cavernas e comendo raizes é o tipico servidor público que não conhece a iniciativa privada e pensa que é igual a ele.

  • por Davi, em 11.08.2016 às 19:13

    A fala do Procurador é inquinada de preconceito. O Procurador deixou de mencionar que a sede da Universidade Estadual de Mato Grosso está em Cáceres e da atuação do SENAI. É evidente que essas instituições em parcerias com as indústrias que serão implantadas garantam o acesso a população cacerense ao conhecimento técnico exigido. Além do mais é comum em regiões em ascensão econômica a migração de populações de outros municípios e estados, acrescentando desenvolvimento e fortalecendo os recursos humanos já existentes. Por outro lado, mesmo aqueles que não se adaptarem ao novo modelo poderão se beneficiar com o incremento do comércio no município. Em relação aos problemas de saneamento básico e logística o fortalecimento da base econômica permite esses avanços, muito mais do que a permanência numa base econômica única, em torno da pecuária, como na atualidade.

  • por Abel, em 02.08.2016 às 23:49

    Não vou ser pessimista, mas com esses políticos atuais jamais sairá essa ZPE. Tem que buscar esforços financeiros na CHINA e mudar em sua maioria os representantes no governo Federal (Deputados e Senadores e o próprio Governador ser dessa região), caso contrário CÁCERENSES continuarão sendo enganados mais uma vez. Também sou favorável a não reeleger o TRUMP cacerense (Francis). Vamos mudar já!!

  • por Fronteiriço, em 23.07.2016 às 03:44

    Falta de planejamento a curto prazo pode até ser. Mas, falta de qualificação não. Em Cáceres (FAPAN) e Pontes e Lacerda (IFMT), voltaram a atenção para a ZPE e abriram novos cursos para atender essa demanda por profissionais nas áreas de Administração e Comércio Exterior. Com relação à demora para sair do papel, já é sabido por todos que a burocracia quase pára o sistema, que já é moroso. burocracia .

  • por Jose Carlos Anglione, em 04.07.2016 às 14:46

    Essa tal de ZPE, será que um cabo velho, que serve na PE em Campo Grande MS. Ele é o verdaeiro ZPE.KKKKKKKK. Acorem deste sonho frustado povo de minha Cáceres.

  • por lobo, em 01.07.2016 às 11:25

    Cade o Dr. Leonardo que encheu a cidade de placas anunciando que a ZPE ja era realidade kkkkkkkkkkkkkkkk quis sair na frente pra falar que ele que era o pai da criança.que vergonha em!!! so bla bla bla

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