Notícias / Educação

29/06/2016 - 08:37

Justiça diz que greve dos servidores da Educação em MT é legítima

Por Lislaine dos Anjos

Ilustração

 (Crédito: Ilustração)
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso indeferiu, nesta terça-feira (28), o pedido feito pelo governo do estado para encerrar a greve dos servidores públicos da Educação, iniciada em 31 de maio por conta do não pagamento integral da Revisão Geral Anual (RGA), fixada em 11,28%. A decisão, que tem caráter liminar, é assinada pelo desembargador Juvenal Pereira da Silva, que apontou que o movimento dos servidores estaduais da Educação é legítimo.

O governo do estado afirmou, por meio de assessoria, que irá se posicionar sobre a liminar somente após ser notificado. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Henrique Lopes, afirmou que a liminar fortalece a luta da categoria e dá respaldo ao movimento grevista, que irá completar um mês nesta semana.

No pedido feito à Justiça, o estado alegou que a greve dos servidores do Sintep é “abusiva, sobretudo em razão de sua deflagração precoce, ou seja, antes mesmo do esgotamento das negociações entre o ente sindical e o Poder Executivo Estadual”.

O governo ainda alegou que o serviço dos trabalhadores da Educação é considerado essencial e, por isso, pleiteava na liminar o retorno imediato dos servidores aos seus postos de trabalho, com fixação de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento e desconto na folha de pagamento dos dias em que permaneceram parados. No julgamento do mérito, o estado pedia para que a paralisação fosse considerada ilegal e os grevistas multados.

Na liminar, o desembargador afirma que o direito dos servidores da Educação à recomposição salarial está previsto na Constituição e discorda que as negociações entre o Executivo e os grevistas tenha sido mantida a todo o momento.

“Nesse ponto, tenho que a alegação não prospera, visto que a negociação foi paralisada pelo governo, quando este encaminhou o projeto de reajuste à Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, com sua posição unilateral”, afirmou o desembargador, referindo-se ao projeto do estado de parcelamento de 6% da RGA até 2017, bem como o pagamento dos 5,28% restantes condiciados à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O desembargador também rebateu a argumentação do estado de que se encontra com as finanças fragilizadas e sem espaço para inovações ou aditivos, uma vez que está com concursos públicos programados para serem lançados. “Ora, se o agente público não adotou comportamento político necessário o suficiente, de modo a impedir a extrapolação do limite legal, a responsabilidade é dos administradores, e não dos administrados, não devendo estes, serem penalizados em seus direitos”, diz trecho da decisão.

Na liminar, o magistrado ainda alegou que o governo de Mato Grosso não pode comparar a sua realidade à de “estados em tese mal administrados” e que os servidores não pedem por aumento de salário, mas sim por recomposição das perdas inflacionárias, não sendo lógico, então, declarar o movimento como abusivo ou inconstitucional.

“Creio que, se a reposição da perda do valor monetário implica em prejuízo ao Estado, segundo afirma o requerente, de igual modo, a não reposição aos servidores implicará em prejuízo e empobrecimento da cadeia social, como um todo. Tenho que tal argumento seria válido, caso na mesma medida em que é freada a reposição monetária, fosse freada a escalada de preços dos impostos públicos, especialmente sobre produtos de primeira necessidade, como remédios, comida (cesta básica), luz, IPVA, IPTU, etc”, afirmou o desembargador.

Liminares deferidas

Essa é a primeira decisão dada pelo Tribunal de Justiça a favor dos sindicalistas. Ao todo, cerca de 30 categorias do estado iniciaram a greve por tempo indeterminado pedindo o pagamento integral da RGA.

Até o momento, os desembargadores Pedro Sakamoto, Alberto Ferreira de Souza e Serly Alves mandaram os servidores do meio ambiente, da saúde, da segurança pública, do sistema penitenciário, do Departamento de Trânsito e do Instituto de Defesa Agropecuária a voltarem aos trabalhos. Desses, somente os servidores do meio ambiente retomaram as atividades.

Comentários

inserir comentário
7 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Oeste. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Oeste poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

  • por Iracylda Ferreira da Silva, em 01.07.2016 às 12:16

    Sou professora e me considero uma profissional dedicada e que ama a profissão. Infelizmente devido a sobrecarga de trabalho e o salário insuficiente para custear despesas básicas muitos professores são forçados a exercerem dupla jornada e O RESULTADO: profissionais doentes. Se é do sexo feminino ainda soma os trabalhos domésticos porque o salário não dá para pagar uma funcionária. Resumindo... Profissionais competentes estão saindo da educação e muitos que estão entrando "devido aos cursos relâmpagos que são oferecidos e com pouca qualidade " tem influenciado negativamente na qualidade do ensino. Temos que lutar por nossos direitos e pelos direitos dos nossos alunos. Alguém já viu político fazer greve? O triste é ver pessoas da sociedade nos xingando como se fôssemos preguiçosos.

  • por MOSSUETO, em 29.06.2016 às 19:53

    Eleitor! é um bom momento para mostrarmos a esses políticos mequetrefes, a força que temos, que tal uma troca de 100% na ASSEMBLEIA LEGISLATIVA E NAS CAMARAS MUNICIPAIS? Trocarmos todos pois só assim vão ter que aprender a respeitar os profissionais que os mantém no poder, podemos colocar e retirar a hora que quisermos, é só termos consciência da força do nosso voto.

  • por sinal de alerta, em 29.06.2016 às 19:14

    Nós funcionalismo municipal temos que ficar atentos, vamos nos unir e banir da Prefeitura o também ditador, pois senão no ano que é nós que iremos ficar na mesma situação, vote na renovação do executivo e todo legislativo.

  • por jose francisco, em 29.06.2016 às 16:06

    Vamos dar a resposta a esses safados na nas urnas, pensei que esse seria melhor do que os que passaram, mas infelizmente eu errei é apenas mais um.

  • por DE FELICCI, em 29.06.2016 às 15:42

    Os CIDADÃOS que porventura sejam CONTRA a luta dos servidores públicos devem ter em mente que: quando um governo começa a TIRAR DIREITOS ADQUIRIDOS de uma classe, logo, logo, irá fazê-lo com outras categorias (principalmente àqueles das empresas privadas)... Temos observado que os governos estão imbuídos em favorecer àqueles que financiaram suas campanhas, dando-lhes benefícios no pagamento de impostos ou tirando direitos dos trabalhadores (férias, reajuste salarial, FGTS, horas extras...) Quando alguém se manifesta CONTRA e a favor do governo obviamente está ou será beneficiado por este... E, na pior das hipóteses, tem a cabeça bisonha demais para entender a amplitude da safadeza que os políticos estão impondo ao povo...

  • por PESCADOR:, em 29.06.2016 às 12:49

    Teria que ter prioridade sem nesse cidade de entra na justiça são diritos adquirido, Bem feito o Governo Aprender a respeitar a Constituição. e Parabéns aos nossos mestres. que são responsável pela educação de nossos filhos.Teriam que ter não reposição da inflação mas um aumento acima dela de no minimo 20/% seria mas justo. com nossos guerreiro da educação.

  • por Nivaldo Teodoro de Mello, em 29.06.2016 às 12:14

    O mau assessorado, mimado e birrento vai ter que rever seus conceitos e sua postura, ao contrário não termina o mandato.

 
Sitevip Internet