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03/04/2016 - 08:07

Zé Ricardo fala sobre o livro 'O Plural do Diverso'

Por Jornal Oeste

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 (Crédito: Divulgação)
Em entrevista exclusiva ao Jornal Oeste, o escritor, cantor e professor do Curso de Bacharelado em Direito da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Cáceres, José Ricardo Menacho, falou conosco sobre seu livro O PLURAL DO DIVERSO, lançado este ano pela Editora Novo Século, suas cantorias e a moção de aplausos que receberá na Câmara Municipal de Vereadoresde Cáceres no próximo dia 4 de abril.

Jornal Oeste – Por que “O Plural do diverso”? O que você queria sugerir com essa expressão?

A expressão nasceu de um empréstimo, mais que autorizado, do título do prefácio do livro, escrito pela professora Drª. Vera Maquêa, atual Pró-Reitora de Ensino de Graduação da Universidade do Estado de Mato Grosso, que, registra-se, fez um verdadeiro banquete com as palavras naquele texto. Até então, não fazia muita ideia de como chamaria a obra. Queria algo sugestivo, que indicasse a multiplicidade dos temas abordados e simultaneamente convidasse os leitores a enxergar que de uma mesma categoria nós podemos vislumbrar diferentes perspectivas.

JO – A dignidade humana é assunto recorrente no mundo jurídico, de discussão quase que obrigatória. Em outros meios já nem tanto. Em seu livro, como você mesmo diz: “a dignidade humana é pano de fundo das 30 crônicas que o integram”. A partir das ideias desenvolvidas, qual é a importância de colocarmos a dignidade humana no olho do furacão, de colocá-la no centro dos debates em nossa sociedade?

A dignidade humana é assunto que transcende o jurídico. É categoria  que nos referencia enquanto seres humanos e, ao mesmo tempo, mostra-nos que os avanços e conquistas que porventura alcancemos, decorrem de lutas constantes, de construções históricas, de enfrentamentos protagonizados, ou, pelo menos assim deveria ser, por nós mesmos.
A dignidade humana nos ajuda a perceber que para além de sermos considerados, meramente num campo conceitual, como “seres humanos”, necessitamos existir como tais, necessitamos vivenciar, experimentar e concretizar o acesso aos bens materiais e imateriais que nos fazem ter uma vida digna.
Portanto, a dignidade humana não é um mero elogio, um termo a adjetivar substantivos ou uma expressão a ser banalmente utilizada a fim de granjear simpatias. Ao contrário, é característica humana a nos guiar mata adentro, em nossas aventuras, dificuldades e desafios, na busca pela plenitude de nossa existência.
 
JO – Dentre as 30 crônicas do livro, há muitasque falam sobre temas, digamos, polêmicos, nomeadamente: política, preservaçãodo patrimônio histórico, educaçãoemancipadora, empoderamentofeminino, suscetíveis a várias compreensões e julgamentos. Em algum momento você teve medo de represálias, sobretudo quando consideramos o contexto político polarizado em que vivemos atualmente no Brasil?

Não tenho medo de represálias. Quem está na chuva é para se molhar. Mesmo ainda sendo muito jovem no mundo das letras para dizer isso, penso que um escritor precisa ter cara, assumir posições, fazer escolhas, suplantar conveniências. Sei que na maioria das vezes essa postura acaba não agradando, ou, do ponto de vista comercial talvez, acaba não atraindo um grande público, contudo, há assuntos que merecem discussão, merecem ganhar as ruas, os espaços públicos e privados, independentemente de na sua reflexão se adotar leituras contramajoritárias. A falta de diálogo e de sensibilidade para com o diferente, bem como a prevalência do senso comum na interpretação da realidade social brasileira, demonstra-nos cabalmente que estamos a negligenciar a tarefa de casa: mulheres continuam a sofrer violências das mais abomináveis, minorias sexuais continuam a ser marginalizadas e oprimidas, grandes empresas seguem interferindo nos rumos da política nacional, afinal de contas, que país nós queremos?

JO – Para além de o Plural do Diverso, você, frequentemente, publica artigos nos Jornais do município de Cáceres, qual é a fonte de inspiração para tanta produção?

A inspiração é algo inexplicável. Visita-nos inesperadamente. Não é possível precisá-la. Talvez o que consigamos seja estimulá-la. Dentre os meus estímulos preferidos, destaco: a leitura dos poemas do poeta Manoel de Barros; as inúmeras crônicas do educador Rubem Alves e a dramaticidade do vasto repertório de canções italianas das décadas de 60 e 70.

JO – Quais são os seus próximos projetos literários e/ou musicais e como foi receber a notícia da moção de aplausos que ocorrerá na Câmara de Vereadores, no dia 4 de abril, em sua homenagem?

Projetos sempre temos milhares. Cabeça de sonhador não tem descanso. O desafio maior é concretizá-los. Tenho um livro jurídico engatilhado e outro mais literário em construção. Quanto à música, mesmo sendo um esporte para mim, uma vez que não comercializo minhas apresentações ou gravações, sigo em ritmo frenético de ensaio, provavelmente no próximo mês já teremos novas interpretações disponíveis no Soundcloud.
A homenagem vinda da Casa Legislativa me pegou de surpresa. Fiquei muito contente pelo reconhecimento. Espero continuar a contribuir de alguma forma com esta terra, posto que um de meus maiores orgulhos é ser pantaneiro da fronteira, é ser pantaneiro de Cáceres.

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  • por João Edson Fanaia, em 03.04.2016 às 16:21

    Parabéns José Ricardo. Entrevista de qualidade e respostas claras e precisas. Um abraço.

 
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