27/08/2015 - 15:48
Estudantes da rede municipal de Cáceres viajam 240 quilômetros por dia para ir à escola por falta de ponte
Por Denise Soares
G1MT
Cerca de 40 crianças que vivem no Distrito de Caramujo, em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, percorrem diariamente 240 km para estudar.
Segundo a Organização Municipal do Desenvolvimento do Caramujo (Omdeca), duas pontes sobre o Rio Cabaçal, que ligam a comunidade à zona urbana de Cáceres, caíram faz mais de um ano. A Prefeitura de Cáceres informou que não tem estrutura e nem recurso para refazer as pontes.
Desde então, as crianças que moram nas comunidades rurais e fazendas passaram a estudar em Lambari D’Oeste, a 327 km de Cuiabá, cidade vizinha.
A comunidade ‘Eixo do Rio Cabaçal’ está localizada a 14 km de Cáceres. Há um ano e meio as únicas duas pontes de madeira que os moradores usavam caíram após fortes chuvas e alagamentos. Uma das pontes tinha 100 metros de extensão e a outra, 30 metros.
O ônibus que leva as crianças pertence à Prefeitura de Lambari D’Oeste.
Segundo o presidente da Omdeca, Luiz da Guia, as crianças saem de casa entre 7 e 8 horas da manhã para chegar a tempo de estudar por volta de meio-dia e uma da tarde. A saga dos estudantes continua no retorno para casa. Saem da escola por volta de 17h e só chegam em casa à noite, por volta de 21h.
“Esse grupo, que tem entre 30 e 40 crianças, fica 12 horas fora de casa. São quatro horas para ir e quatro horas para voltar. São 120 km para ir e mais 120 km para voltar. Essa comunidade tem 50 famílias que precisam dessa ponte”, explicou Luiz ao G1.
Algumas pessoas que moram na comunidade e que precisam ir para Cáceres pagam pedágio para passar em propriedades particulares. “A escola mais perto fica a 30 km. O trajeto demoraria no máximo até 40 minutos”, disse o presidente. Antes, eles frequentavam a Escola Municipal São Francisco.
Trajeto
Os pais das crianças reclamam da distância que elas percorrem para estudar e do tempo que passam fora de casa. Na propriedade do fazendeiro Roberto de Mello Cavaletti, nove crianças com idades entre seis e 15 anos – que são filhas de funcionários – passam por essa situação.
“As crianças estão indo estudar muito longe, saem cedo, entre 7 e 8 horas da manhã para estudar uma hora da tarde. Daí eles saem de lá [Lambari D’Oeste] para chegar aqui quase nove horas da noite. Eles chegam aqui arrebentados e cansados da viagem. Imagina isso? O aluno ter que viajar 120 km para poder estudar? É sofrido”, indagou o fazendeiro.
Outro lado
O G1 procurou a assessoria da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra-MT), que informou que a responsabilidade da reconstrução das pontes é do próprio município de Cáceres.
Já o secretário de Obras e Serviços Urbanos de Cáceres, Valter Zacarkim, explicou que a região é alagadiça e que as pontes caíram depois que o rio alagou. Zacarkim reconhece o problema, mas afirmou que a Prefeitura de Cáceres não tem estrutura e recursos para refazer as pontes.
Comentários
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por Alcides P. de Barros, em 29.08.2015 às 14:27
Isso é uma vergonha. Onde estão os batalhões de Engenharia, e de Fronteira. Estamos na fronteira, e em tempo de paz, essas forças devem contribuir, mutuamente, e assim fornecendo meios de infortúnios (meios de "fortuna", como se fala na caserna).
Podem colaborar, mutuamente, e instalar uma ponte, dessas de combate, do batalhão de engenharia de Cuiabá. É uma pena que crianças ainda tenham que pagar por isso (uma vergonha).
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por Hélio, em 27.08.2015 às 21:16
Pois eh, e vereadores querendo fazer ciclovias, fazerem concurso para ficarem mais de barriga para o ar, assim eles já que não fazem
Nada terá alguns para poder ajudar a coçarem mais ! Passou da hora de tomarem vergonha na cara, e ainda tem uns que vem com cara lavada, lambida, com óleo de peroba, abrir a boca para falar que estão fazendo alguma coisa ! O povo tem que reagir sobre tudo isso que está acontecendo não é certo a incompetência desse povo !